quarta-feira, 5 de setembro de 2012

TOPONÍMIA PORTUGUESA DE ORIGEM FENÍCIA



Fronteiras e limites de território

Mesmo em muitas populações animais o “território” é algo de fundamental para a vida dos grupos. Para o Homem deve ter sucedido o mesmo desde o tempo em que dependia da caça e recoleção, mas a importância do "território posse" de uma comunidade ampliou-se certamente após a  sedentarização e desenvolvimento da agricultura, dado o enorme esforço que é necessário para transformar um espaço natural numa paisagem humanizada (com os seus campos arroteados, plantações de árvores de fruto, silos, casas, estruturas defensivas para humanos e animais, poços, etc.). Por isso os limites dos territórios foram referência espacial de primeira importância, e criaram um conjunto de topónimos que ainda hoje se podem encontrar no país.

Em Portugal existem pelo menos dois conjuntos de topónimos que corresponderam a nomes dados a antigas fronteias: Os da família de "Miséria" (mas com variantes como "Macieira", "Maceira", "Meixeira", "Ameixeira", etc.), e os da família de "Cavalo" (com variantes como "Cavaleiro", "Carvalheiro", etc.). Vejamos um exemplo.


Os topónimos “Miséria” e “Misérias” ocorrem apenas onze vezes na Carta Militar de Portugal. Em acádio, “MISRU” significa o mesmo que “MESRU” em assírio: “fronteira, território”. Repare-se na imagem em baixo que dos dez topónimos registados nas cartas dos S. C. E. ainda hoje oito são pontos de fronteira de concelhos, e os restantes poderão ser limites de outras realidades administrativas ainda existentes (freguesias), ou ter sido de concelhos extintos, feudos desaparecidos, etc.


Outro radical que em "fenício" está relacionado com “limite de território” é “GBL”. Vejamos o significado nas línguas antigas do Próximo Oriente desta palavra e de palavras foneticamente próximas: a palavra “GB’” em ugarítico significa “colina, altura”; “GBØH” em hebraico antigo é “colina, outeiro, elevação”, o que é basicamente o mesmo. “GBL”, em ugarítico, significa “limite, fronteira; cimo, monte”, e em hebraico antigo é “montanha, fronteira, limite, fazer a divisão, marcar o limite ao redor de”, o que confirma a ideia anterior (dada por “GB’”) e a especifica. Por outro lado “QABAL”, em acádio, significa “ao meio de”, mas há também várias formas foneticamente próximas cujo sentido se relaciona com conflitos: “QABÂLU” em assírio é “afrontar-se com o inimigo, lutar”; “QABLU” em acádio significa “encontrar-se hostilmente, combate”, etc.

É possível que entre nós tenha sido usado principalmente para designar limites em áreas pouco ocupadas de serra ou campos pobres, mas que eventualmente tenham sido alvo de litígio na sua definição por parte das comunidades vizinhas. Mas isto para já é apenas uma possibilidade.

Este radical deu origem a topónimos com “Cavala” e “Cavalo” , “Cavaleiro” e “Cavaleira” e ainda “Carvalho”, “Carvalheiro” e Carvalheira”, e outras palavras próximas [1]. Verificou-se neste caso uma evolução do “G” original do "fenício", para um “C” do português atual, e num fenómeno comum de aproximação a palavras do português padrão, e a habitual “colagem” a palavras existentes no léxico das populações locais.

Embora muitas vezes os topónimos deste grupo correspondam a limites de unidades administrativas atuais, como freguesias, concelhos ou mesmo distritos, eles devem também ter sido usados para designar limites de propriedades comunitárias das aldeias, de pastagens de determinadas comunidades, etc.

O desenvolvimento destes estudos baseados na interpretação da toponímia com base na língua pré-latina  (a que de facto era falada pelo povo que criou os nomes dos sítios) permitirá conhecer muito mais do nosso passado: caminhos, povoações, necrópoles... Está tudo lá, é só preciso saber ler...




[1] - A “Carta Militar de Portugal” na escala de 1: 25 000 regista  mais de 200 locais cujo nome é da família de  “cavalo”, e da família de “carvalho” tem perto de mil.


terça-feira, 22 de maio de 2012

OBRIGADO (agradecido)

Há expressões que utilizamos regularmente mas que, quando pensamos no seu significado e na sua origem nos criam muitas interrogações. Uma dessas fórmulas é o termo que utilizamos para agradecer algo que nos é oferecido ou algum convite que nos é endereçado: "obrigado". Por que motivo dizemos "obrigado" quando agradecemos algo? Qual a origem da palavra e o seu significado original?
Costuma aceitar-se que a nossa palavra “obrigado” (ou “obrigada”) tenha origem no termo latino “obligãtu-”, que significa “ligar, empenhar, comprometer”, etc. No entanto o nosso “obrigado” é uma fórmula de agradecimento, e nada tem que ver com compromissos ou ligações.
Em hebraico antigo “øbr” significa “oferendar”, termo que em ugarítico significa “ser convidado”. O som “gado” do final da palavra “obrigado” deve provir de “ḥdh”,de “ĥadu”, de “gd” ou de “ĥdy”, termos que nas diversas línguas a que chamamos “fenício” (ugarítico, acádio, assírio e hebraico antigo), significam sempre sensivelmente o mesmo: “alegria, felicidade, fortuna, fazer feliz, alegrar-se, etc.”. Da combinação destas ideias e palavras antigas obtêm-se termos como “Øbrgd”, que significa “felicidade pela oferta” ou “alegria pelo convite”, etc.. É certamente a origem do nosso "obrigado".
Já agora, não parece ser certo que o nosso "obrigado" tenha dado origem ao "arigato" japonês. Pois é, é mais uma daquelas afirmações duvidosas que, à força de repetida mil vezes, passou a verdade indiscutível. Quem estuda estas coisas (particularmente os de língua inglesa) afirma não dúvidas que o "arigato" japonês é apenas uma simplificação da expressão japonesa "arigato gozaimasu". A evolução seria a "rigatō < arigatau < arigataku < arigatashi < ari + katashi". No entanto, e a despeito de tanta sapiência, parece-me difícil que as palavras "ari katashi" tenham originado uma fórmula de agradecimento, já a tradução do japonês para inglês destas palavras seria "Ari is a verb meaning "to be" and katashi is an adjective meaning "difficult", o que não me parece ter grande sentido. Esquecem-se estes autores que a língua é um organismo vivo, dinâmico e flexível. É provável que o nosso "obrigado", enquanto fórmula de agradecimento, tenha sido associado a palavras japonesas pré-existentes.
Não pareça estranha esta hipótese, porque o nosso "obrigado" também é a evolução convergente entre "obligãtu" latino (que veio a dar à palavra o sentido de "ser obrigatório") com o fenício "Øbrgd" que é uma fórmula de demonstrar felicidade pela oferta ou pelo convite.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

ADÃO

Tal foi a vontade de encontrar uma origem latina para todas as palavras do português, que mesmo a palavra “Adão” (que como todos sabemos é um nome hebraico referido pelo Antigo Testamento como sendo o nome do primeiro homem), que mesmo esse nome é dado como sendo de origem latina! “Adão” seria assim proveniente de “Adamus”. Diz nomeadamente J. P. Machado que “a hipótese mais plausível liga-o ao assírio “adamu”, “fazer, produzir”; desta maneira o Homem é uma criatura, um ser feito, produzido.” Claro está que a origem não será certamente esta, e assim se mostra também o profundo desconhecimento das línguas antigas do próximo oriente.

Refiro este termo mais por curiosidade e para que melhor se perceba o funcionamento do “fenício”, que pela importância para demonstrar a relação do fenício com o português. Por isso, em relação a este nome farei uma análise um pouco mais detalhada.

Vejamos então de onde poderá vir a palavra “Adão”:

“Adm” em ugarítico significa “homem, humanidade, gente”;

“Adm” em hebraico antigo significa “humanidade, ser homem”;

“Admh” em hebraico antigo é “Terra (planeta), terra (chão, território, etc.);

“Adn” em ugarítico é “senhor, pai”;

“Adôn” em hebraico antigo é “senhor, dono, patrão”;

“Adôni” em hebraico antigo é “meu senhor, Senhor (Deus);

“Ødn” (ãedn) em hebraico antigo é “viver em delícias”;

“Ødnh” (ãednâa) em hebraico antigo é “desejo, prazer”.

Se se atentar com alguma profundidade sobre os significados das palavras foneticamente próximas de “Adão” veremos que elas têm significados que correspondem às características principais do “Adão” bíblico: o “Homem”; a “Terra”; “Deus”; “viver em delícias” (o paraíso); “desejo, prazer”. Além disso, se pensarmos em formas compostas, como “ad+om” termos como significado “pai do povo”, “pai da população”, ou “pai da gente”. Torna-se clara a origem do “Adão” bíblico (o pai da humanidade, feito por Deus, a quem foi dada a Terra, que viveu no paraíso, e que teve uns episódios importantes na sua vida ligados ao desejo e prazer), que evidentemente nada tem de latino na sua origem.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Toponímia de Origem Fenícia - Fortificações

Boa parte dos antigos povoados tinha algum tipo de fortificação protetora dos moradores e seus bens. Essa característica por vezes ficou registada no nome pelo qual ainda hoje se conhece a povoação. No filme cujo endereço dou mais abaixo refiro alguns deles, como seja "Mós", "Castro", "Aljustrel", etc. No entanto há outros que não refiro nesse video.

http://www.youtube.com/watch?v=uLTRk8pM8Jk&feature=BFa&list=UUs-qL8gn0GLE2TJf02-r2kA&lf=plcp

Espero que gostem

terça-feira, 10 de abril de 2012

Quando ainda não havia a palavra

Desculpem-me a franqueza.
Não costumo ter acessos destes, mas hoje deu-me para aqui. Se tem noção de que sempre foi um bom aluno porque decorava páginas a eito, mas também sempre se mostrou incapaz de ir além do que afirmam os autores consagrados, e se os venera como a santos no altar, então vá por exemplo "empinar" a lista telefónica ou qualquer outra coisa igualmente criativa, e não perca tempo com as linhas que se seguem, que eu hoje escrevo só para pessoas inteligentes.
Provavelmente poucas pessoas serão capazes de entender efectivamente e em profundidade a origem da língua portuguesa, origem que radica numa língua possivelmente chegada a este limite do velho mundo no Neolítico (ou em tempo muito remoto, como o Calcolítico ou a Idade do Bronze), e que por se conseguir entender e traduzir a partir de línguas como o ugarítico, o hebraico antigo, o acádio, etc., vou chamando de fenício. Também é cedo para vos dizer que aquela história do indo-europeu, conforme nos tem sido contada, é fraude de Europa do norte, germanófila e com complexos de inferioridade histórica... um dia poderei explicar isso, que para já poucos serão capazes de abrir o espírito até aí.
Hoje, vou dar umas dicas sobre a origem da línguagem humana, e relacionar isso com a escrita do sudoeste, mas sei que ainda assim poucos serão capazes de compreender... Vou simplificar...
A língua dos homens começou certamente como começam as línguas dos outros primatas. Para ser entendível vou dar exemplos. Admita-se que o som "a" se refere a algo elevado (até pela posição do aparelho fonador) e o som "ô" se refere a algo baixo; que o som "g" corresponde naturalmente a um som que se produz quando existe medo ou repulsa por algo. Assim, "ga" será algo que se teme ou se repudia num local alto, enquanto que o som "gô" será referente qualquer coisa que se teme ou repudia num sítio baixo. Mas se o som "m" corresponder a água ou líquido no geral, então "ma" ou "am" será "água num sítio alto", e "môg" será possivelmente "água estragada ou perigosa num local baixo". É basicamente isto que se pode verificar dos estudos de etologia feitos com primatas, em especial com os "macaca nigra" de Sulawesi, foi certamente assim que se iniciaram as línguas humanas, e esta lógica ainda está presente nas línguas antigas a que me refiro como "fenício".
É claro que no caso do Homem a língua tornou-se cada vez mais complexa e abstrata, e essa complexidade e a aplicação de sons a sentimentos e outras realidades imateriais tornou-se comum. Quem pegue num dicionário de fenício, com ele estude (estudar no sentido de procurar compreender, não de empinar) as línguas que dele constam, e tenha menos preconceitos que o vulgo, rapidamente perceberá que as línguas nele tratadas ainda mostram estas características.
Se realmente perceber essa realidade, verá que a "palavra", enquanto entidade autónoma e independente do discurso, nem sempre existiu, e com um pouco mais de capacidade de usar a cabecinha, começará a perceber que a "escrita do sudoeste", que apresenta sequências de símbolos alfabeticos sem separação em palavras, se adequa exactamente a esta situação: a língua em que as pedras foram escritas ainda não tinha completamente bem definida essa entidade a que chamamos "palavra", e que nos parece hoje nuclear e insubstituível no discurso. Se fizer um esforço poderá mesmo perceber o que as inscrições dizem (usando para isso o valor fonético dos símbolos que apresento no "O Outro Lado da História" e o Dicionário de Fenício-Português de Moisés E. Santo).
Mas se calhar ler a lista telefónica é uma opção mais interessante e menos cansativa. Ainda bem que há gente para tudo...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

PALAVRAS PORTUGUESAS DE ORIGEM FENÍCIA INICIADAS PELA LETRA "D"

DECORAR
Dizem os dicionários que o verbo “decorar” provém de “de+cor+ar”, sendo este “cor” proveniente do termo latino “cor” que significa “coração”. É certamente mais um caso de uma etimologia errada, pois está bem de ver que a ideia de “coração” tem pouca relação com o “saber de memória”. Por isso, penso que será muito mais provável que a origem da nossa palavra “decorar” esteja em “qr’ ”, já que “qr’ ” significa em fenício “recitar”. É evidente que essa ideia de “recitar” pode facilmente estar na origem do nosso dizer de "cor”, portanto "dizer de cor" é "dizer recitando". Daí o nascimento do  nosso verbo "decorar".

DEGREDO
A palavra “degredo” possivelmente provém de “daku redu”, que significa à letra “seguir a direcção do desterro”. A origem que geralmente é apontada para a origem desta palavra, em “decreto”,  termo latino que significa “decisão, decreto”, parece assim não ter sentido.

DEFEITO
A palavra latina “defectu” tem sido dada como origem da nossa palavra portuguesa “defeito”. A evolução fonética entre as duas formas não oferece qualquer problema, no entanto este termo latino “defectu” significa “desaparição; eclipse; defecção”, o que não corresponde à nossa noção de “defeito”. Na verdade a origem da nossa palavra deve estar no termo fenício “dfiøwt” (defiãeôt) que significa precisamente “defeito" ou "mácula que transtorna”.

DELIDO
A palavra “delido”, que significa em português “desfeito, arruinado, roto, gasto” tanto pode provir do fenício “dlt”, que significa “debilidade, pobreza”, como ter origem no termo latino “diluere”, que significa “dissolver, diluir, enfraquecer”. O mais certo é que neste e em muitos outros casos tenha havido uma evolução convergente dos termos latino e fenício para originar a actual palavra do português.

DERRAMAR
O nosso verbo português “derramar”, quando significa “entornar, espalhar”, ao contrário daquilo que geralmente se afirma nos dicionários, não provém de “ramo”. A sua origem é certamente “drrmh", que significa em fenício  de” que significa “arremessar fluido”.

DERREAR
“Derrear”, é “fazer vergar as costas, torcer, curvar-se, etc.”. Evidentemente que o termo não tem origem em “renes”, que significa “rins” em latim, conforme pretendem alguns autores. A palavra é de origem fenícia e provém do radical “t’r” que significa “encurvar, dobrar” (este é um dos muitos casos em que o "t" fenício evoluiu para o "d" português.

DERROTAR
Aceita-se que a palavra “derrota”, e o verbo “derrotar” tenham origem no termo latino “rupta”, particípio passado feminino de “rumpere”, que significa “romper, separar”. No entanto ambos devem provir do fenício, de “t’ rdd” (com metátese passou a “ddrt’”), que significa precisamente “atacar e subjugar”, “atacar e submeter” ou “atacar e repelir”, e nada tem que ver com a ideia de “romper”. Pode no entanto o termo português provir apenas do termo fenício “rdd”, que após metátese pode ter passado a “drd” e “drt”, apenas com o significado de “repelir, subjugar ou submeter”.

DIQUE
A origem geralmente proposta para esta palavra é “dijk” (holandês). No entanto, em fenício, “diq” é “trincheira”, e parece mais provável que a palavra/conceito tenha surgido no próximo oriente, pois já haveria diques aí muitos milhares de anos antes dos primeiros diques holandeses terem sido construídos.

DIREITA (rua)
O “direito” no sentido de “recto” terá certamente origem no termo latino “directu”, que significa precisamente “em linha recta”. Já as várias “rua direita” que existem em outras tantas cidades portuguesas, e que são frequentemente tudo menos direitas, terá origem em “drk”, que significa “caminho”, ou mais provavelmente, em “drkt”, que significa “domínio, poder”. As “ruas direitas” são as ruas que conduzem ao centro de poder das cidades, e logo a sua origem nada terá que ver com o termo latino “directu” (em linha recta), mas antes com o fenício “drkt” (caminho do poder).

DÓ (ter)
Ter “dó” é “ter pena, ter compaixão, ter piedade”. Diz-se que provém do “dolo” que é “latim tardio” (isto do "latim tardio" é uma invenção dos latinistas para classificar de latinas a palavras que não o sendo efetivamente aparecem em textos medievais de base latina)  a  e significa “dor”, mas é provável que esse “dolo” seja a forma fenícia “dw” ou “dwh”, que significa “estar doente, doença”. Assim, provavelmente a nossa palavra “dó” tem realmente relação com “dolo”, mas este termo não é “latim tardio”, mas antes a latinização medieval do termo fenício, que aparece escrito em textos de base latina.

DOENÇA
Em fenício, “Dw” é “enfermo, doente”; “dwh” é “doente, menstruada”; “dwi”, é “indisposição, doença, doente”. Parece haver uma relação com episódio temporário (indisposição, menstruação). Por outro lado “anš” também significa “doença”, mas num sentido algo diferente: em ugarítico é “doente, débil, condenado”, e em hebraico antigo é “adoecer, incurável, calamitoso”; em acádio e em assírio-babilónio “enešu” é respectivamente “enfraquecer-se, ceder” e “enfraquecer, decair”, e “enšu” em acádio é “ser fraco”. Em qualquer dos casos deve ter sido da combinação dessas duas ideias base que surgiu a palavra “dwhanš”, e que veio a originar mais tarde a nossa palavra “doença”. A origem da palavra geralmente aceite é a forma latina “dolere”, que significa “sentir dor”.

DOIDO
Aceita-se habitualmente que a palavra “doido” tenha uma origem obscura. No entanto, em fenício “døhdw” significa “conhecimento doente" ou "sabedoria doente”, o que parece ser uma possibilidade de origem da palavra portuguesa.

DOMINGO
Aceita-se que a nossa palavra “domingo” resulte do termo latino “domínicus”, que significa “o que pertence ao senhor, ou a Deus” e que passou a ser aplicado ao dia de culto, que entre nós é o domingo. Contudo “dômi” ou “dômih” é em fenício “descanso”, “dômim”, é “sossego”, e “igiø” significa “trabalho, labor”. Assim, por exemplo, “dômimigiø” (ler "dômimiguio") será “descanso do trabalho”.
É nestas situações em que melhor se observa que num fenómeno de confluência das duas línguas. Parece que a língua é um organismo vivo e de consciência autónoma que procurou a solução que satisfizesse os falantes de ambas as línguas originais - o latim e o fenício. Para os falantes de latim (maioritariamente o clero da classe dominante) o novo termo “domingo” agradava, porque em seu entender se referia ao culto nas suas igrejas e ao seu Deus; para o povo falante da velha língua popular o novo termo fazia sentido, já que se referia ao dia de descanso. Assim deve ter nascido o “domingo” - ainda hoje dia de culto e de descanso.

DOR
A palavra “dor” deve resultar de mais um fenómeno de confluência entre o latim e o fenício. Em latim “dolore” é “dor” (física ou psicológica); em fenício “dw” é “estar doente”, “dwh” é “estar doente” mas também “estar menstruada”. Da fusão das duas palavras “dolore” e “dw”, nasceu a nossa “dor”, que foneticamente é um compromisso muito interessante entre as duas formas, e que do ponto de vista do significado conseguiu acumular os significados provenientes dois termos originais: do latino retirou a “dor” mais de carácter psicológico (dor moral, aflição, pena, etc.) e do fenício mantém o significado ancestral de “menstruação” ainda usado nos nossos campos. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

O nome "Beja" e as tontices que se dizem

Têm-se gasto tempo e tinta sem conta a escrever tontices sobre a origem e significado da palavra "Beja". Está bom de ver que o nome nada tem que ver com a "Pax Julia" dos romanos, muito embora estes lhe tenham chamado assim. Também nós chamámos "Nova Lisboa" a uma cidade de Angola que foi edificada num sítio chamado "Huambo", e assim que deixámos o local o velho nome regressou em pleno. Os nomes são tenazes e os povos conservadores no seu uso... Está bom de ver que a cidade alentejana se chamava "Beja" muito antes de as sandálias dos invasores terem pisado a planície do Baixo Alentejo. Partindo os romanos, o nome, que por certo nunca deixou de ser usado pelo povo autóctone, voltou a ser designação oficial e a constar dos escritos.
Tem a sua graça a origem do nome, porque na Tunísia há também uma "Bèja", e o nome tem evidentemente a mesma origem.
Vamos a isso: "Beja" tem origem na palavra fenícia "bej" ou "bex", que significa genericamente "lama, lodo", e que neste caso foi aplicado aos famosos "barros negros e férteis de Beja". Veja-se agora o que diz a página da Wikipedia sobre a "Bèja" tunisina:
Caractéristiques des sols de Béja, le vertisol, sol très fertile, est riche en argile contenant une couche d'oxyde d'aluminium enserrée par deux couches de tétraèdres de silice. Ces sols se forment dans les régions où les climats présentent de grandes différences saisonnières et sont alternativement saturés en eau en hiver puis desséchés en été. En gonflant et se rétractant en fonction de leur teneur en eau, les feuillets des argiles piègent un peu de matière organique si bien que ces sols argileux très caractéristiques sont noirs[8]. Hérodote attirait déjà l'attention sur ce type de sol[9]. Cette fertilité du sol de Béja est légendaire(...). »

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Trabalho

TRABALHO

É clássica a afirmação de que a palavra “trabalho” viria de “trabalhar”, e este verbo teria origem numa hipotética palavra latina “tripaliãre”, que significa “torturar com tripãliu”, este derivado de “tripãlis”, que é um objecto de tortura formado por três paus”.

A palavra “b’l” significa “fazer” em ugarítico, e a expressão correspondente em hebraico antigo é “pøl” (pãel), que significa “fazer, trabalhar, realizar”, ou “trabalho, obra, recompensa, salário”. É sabido de muitas outras situações que o “b” e o “p” são duas representações gráficas distintas de um mesmo som indistinguível, por isso trata-se apenas de duas representações gráficas diferentes de uma mesma palavra que devia significar trabalho mas no sentido de “atividade remunerada”. O início da palavra deve ser “eţeru”, que em acádio significa “pagar, economizar”, ou “itrh” que significa “economias” em hebraico antigo. Após a queda da vogal inicial teremos a forma “trh b’l”, que significa “trabalho pago”, ou algo de muito semelhante. Por isso ainda hoje há uma certa associação entre a remuneração da atividade e o facto de lhe chamar trabalho. Dizemos por exemplo que as domésticas não trabalham, porque não executam atividade remunerada, e não porque não façam nada…

quinta-feira, 15 de março de 2012

Rasgar novos caminhos no conhecimento da origem da língua portuguesa

O conhecimento passa por fases de rotura, em que se alteram alguns dos seus paradigmas, e por outras de continuidade, em que se desenvolvem de forma sistemática esses novos princípios.

O que vos vou propor é a rotura com o conhecimento geralmente aceite no domínio da origem da língua portuguesa, e essa rotura terá inevitavelmente reflexos em vastos domínios do conhecimento. Mas para sair do conhecimento universalmente aceite e enveredar por caminhos novos é preciso coragem. Às vezes o “rei vai nu” mas custa ser o primeiro a afirmá-lo.

Tem sido aceite de bom grado que é impossível determinar qual a língua falada pelos povos da península Ibérica antes da invasão romana, e desse modo atribuiu-se ao latim a origem de quase todas as palavras do vocabulário português. Quando não se encontravam objetivamente raízes latinas para a palavra, dizia-se que era “latim popular” ou que proviria de uma “forma hipotética”. Exemplifico para que melhor se compreenda a situação a que se chegou. Temos em português o verbo “abalar” usado no sentido de “executar uma deslocação”. Como não havia em latim uma raiz aceitável para essa palavra, inventou-se uma: diz-se que “abalar” deve ter tido origem numa forma hipotética latina “advallãre”. E pronto, dito e redito mil vezes passou a ser verdade inquestionável. Mas… “advallãre” efetivamente nunca existiu, e se tivesse existido significaria “lançar-se num vale, ao fundo”, o que, convenhamos, não tem jeito nenhum. Por outro lado existe em fenício a forma “abalu”, que significa “levar, trazer, carregar”, palavra que é obviamente muito melhor candidata a origem no nosso verbo “abalar”. Casos como este são às centenas...

Da reapreciação da etimologia do português, da análise da toponímia, da compreensão de muitas lendas populares e mesmo da decifração da escrita do sudoeste, pode concluir-se com segurança que a língua do povo que foi invadido pelos romanos era uma língua muito próxima do ugarítico, do acádio, do assírio ou do hebraico antigo. Entender a origem das palavras, o significado dos topónimos ou das lendas e decifrar a escrita do sudoeste é o trabalho de que dou conta, mas que está apenas no início.

Os mais capazes vão perceber esta mudança de princípio em pouco tempo; outros demorarão mais algum tempo, terão dificuldade em aceitar o novo pensamento por uma questão de princípio; mas os muitos que defendem o conhecimento oficial, seja ele qual for, e independentemente de critérios de razão, continuarão agarrados ao que sempre se disse como se de religião se tratasse.

terça-feira, 6 de março de 2012

Documentários a língua portuguesa

Vou iniciar a publicação de um conjunto de documentários simples sobre os assuntos que também abordo neste blog: língua portuguesa e sua origem; toponímia e o seu significado; lendas e sua compreensão; Escrita do SW e sua decifração. O primeiro, coisinha de apresentação sem grande graça, está em:

http://www.youtube.com/user/fernaalmeida?feature=mhee#p/u/0/7AlJKteibhM

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Andar de "rabo ao léu" e ser "chato como a potassa"

“Rabo ao léu” ?

L’ ou Lô’ significa em hebraico antigo “nada, sem, nenhum”.

“Rabo ao léu” ou “pernas ao léu”, etc., deve provir dessa ideia de “sem, nada, nenhum”, e deve corresponder ao facto de estarem “sem nada”, estarem a descoberto.

Chato como a potassa

Po / P’ / Pe / P / Pa, significa “falar, gritar, dizer” em muitas das línguas semitas antigas (ugarítico, hebraico antigo, acádio…)

Tesu – (acádio) é “perturbar

Tussu – (acádio e ass. Babilónico) é “insolência, calunia
 
potassa” é assim algo como “perturbar, ou ser insolente com palavras

 “Chato

S’t / Xeat   (cheat) - (hebraico antigo)  é “desprezo, desdém

Swt (chout) – (hebraico antigo) é “desprezar, desdenhar

chato  é alguém que se despreza?

Classificar de “chato como a potassa” alguém deve corresponder à situação de uma pessoa que se “despreza por perturbar com palavras

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Calabouço

Um “Calabouço” é uma “enxovia”, é uma “prisão subterrânea”. Em fenício “kl’ ” é “prisão”, e “b’š” “cheirar mal, feder, tornar-se odioso”. “klb’š” é, evidentemente “prisão mal cheirosa”, “prisão odiosa”. Penso que não é necessária qualquer explicação adicional. Diz-se que a palavra portuguesa “calabouço” tem origem no termo castelhano “calabozo”. Ainda que tal fosse verdade, ficaria por explicar a origem do termo castelhano. Evidentemente que a origem da palavra portuguesa e da palavra castelhana é a mesma, e uma não tem antecedência sobre a outra.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A "SOMBRA" FILHA DO FENÍCIO E DO LATIM

Como bem refere J. P. Machado, a nossa palavra “sombra” tem certamente relação com o castelhano “solombra”, com o mirandês “selombra” e com o português antigo “soombra”. Este parece ser um caso pouco comum na língua portuguesa, em que se juntaram duas palavras com o mesmo significado, uma proveniente do fenício e outra do latim. De facto “şl” em fenício é “sombra, protecção”, e “umbra”, em latim, também significa “sombra”. Assim, o “solombra” original resultou seguramente desta duplicação de termos “sl+umbra”.

Há no entanto detalhes que ajudam a melhor compreender este fenómeno raro. Este “şl” fenício, (no caso hebraico antigo), tem outras formas gráficas equivalentes, como “şalalu” que significa em assírio e acádio “proteger, cobrir, fazer tecto”, de “şilu” (ou “şillu” e “şululu”), que significa também nestas línguas “sombra, protecção”, ou de “şll” com o significado de “tornar sombrio”. Percebe-se que o “şl” fenício corresponde em boa medida ao “objecto que produz a sombra” e não apenas à sombra projectada por esse objecto. Por outro lado, o “umbra” latino refere-se mais à “sombra projectada” em si, e menos ao objecto que a produz. Deste modo acaba por existir uma certa complementaridade entre o significado dos dois termos na palavra “selombra”, o que contribuiu para o seu surgimento e que veio dar origem à nossa palavra "sombra".

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A PALAVRA "SILO" E A SUA ORIGEM

No desenrolar do trabalho que venho desenvolvendo sobre a origem da língua portuguesa, deixo-vos mais uma para reflexão.
A palavra "silo", como tantas outras, radica claramente no fenício: “šilu” significa “oco, cavidade”. Um "silo" era originalmente, como se sabe, uma cova redonda, geralmente em forma de pipa, escavada em rocha impermeável, para que nesse espaço se guardassem alimentos, em particular cereais. O fenício tem outros termos foneticamente próximos e com um sentido associável: “sillu”, “sellu”, ou “sl”, é “cesto”; “şl”, é “sombra, protecção”…
Evidentemente que não é necessário muito esforço para compreender a origem da palavra.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Saca-rabos e o escalabardo


SACA-RABOS

Evidentemente que, ao invés daquilo que se costuma afirmar, “saca-rabos”, um dos nomes populares por que é conhecido o Herpestes ichneumon, nada tem que ver com “sacar rabos”. O mesmo animal é conhecido no Baixo Alentejo e Algarve por “escalabardo” nome que provém de “skl brd”, que significa literalmente em fenício “insensato animal manchado”, ou “insensato animal malhado”. Quem conheça o comportamento da espécie saberá que é o mais descarado e desavergonhado dos pequenos predadores da nossa fauna, atacando a criação em pleno dia e sob o olhar dos próprios donos. O nome “saca-rabos” é por certo uma variante do “escalabardo”. O “skl” passou a “skr” (saca-ra) e “bwš” significa agir vergonhosamente. Assim “skl bwš” (algo como sacala buos) passou a “saca-rabos”. Por outro lado é de assinalar que tradicionalmente o nome “saca-rabos” é singular, dizendo-se portanto “um saca-rabos”. Este facto ajuda a perceber a origem não latina da palavra. Por último pode ver-se como há uma tendência recente para sujeitar o nome à norma geral do português, vendo-se já que surge escrito muitas vezes “um saca-rabo”, o que ajuda a perceber como evoluiu a língua popular quando pressionada pela gramática de raiz erudita.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O "RAPAZ" E A "RAPARIGA"

 

É pouco crível que o termo “rapaz” tenha origem na palavra latina “rapace”, que significa “ladrão”. De resto a palavra “rapariga” seria uma forma muito estranha de feminino de “rapaz”, e a ter evoluido de "rapaz" significaria então algo como "ladra", o que não parece ser aceitável.
De facto “ḥrph” significa em fenício “juventude” e “øz” (ãez) é ser forte. Assim, “rapãez” significa eventualmente “jovem forte”. Já a palavra “rapariga” conta com a mesma raiz “ḥrph” que significa “juventude”, mas complementa-se com a palavra fenícia “rk”, que significa “delicado, tenro, macio, ternura, delicadeza”. Assim, “rapãez”, que significa “jovem forte” deu certamente origem ao nosso “rapaz”; já “raparek”, que significa “jovem delicada” veio provavelmente a dar origem à nossa “rapariga”. Nesse caso ter-se-ia perdido o ḥet inicial da palavra, o que é aceitável por se tratar de um som gutural aspirado que é de todo inexistente no português.
Há também a possibilidade de tanto a palavra “rapaz”, como a palavra “rapariga” provirem do termo fenício “rbh” que significa “criar (filho)”. Nesse caso “rapaz” seria “criar filho forte”, enquanto “rapariga” seria “criar filho delicado”.
Em qualquer dos casos vamos esquecer os ladrões...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Grão a grão... É claro que rever a etimologia da língua portuguesa é um trabalho para anos (e já lá vão alguns) mas já vou na letra "R". Partilho o trabalho bem produtivo desta manhã de 26 de Janeiro.


RACHA
A nossa palavra “racha”, e evidentemente o verbo “rachar” e outras palavras da mesma família, devem ter origem em “ršš”, que significa em fenício “destruir, despedaçar”. Usualmente aceita-se que as palavras desta raiz tenham uma origem “obscura”.

RAFEIRO
Aceita-se que a palavra “rafeiro” tenha uma “etimologia obscura”. No entanto em fenício “rbØ hr” (algo como rafãeêer) significa “concebido de cruzar gado” Parece lógico que esta seja precisamente a origem da nossa palavra “rafeiro”.

RALÉ
A palavra “ralé” deve provir do fenício, de “roei” e de “l’h” (lidas as palavras em conjunto será algo como “rãealuaêe”), que significa “mau, sem valor, mesquinho” e “sem poder”. Evidentemente que a possibilidade de existir uma qualquer relação com o francês “ralée”, que corresponde ao acto de lançar uma ave de rapina sobre uma presa, não é aceitável.

RALHAR

Em fenício, “rØ”(rãe) significa “gritaria, berreiro”, e “alh” (alêe) “rogar uma praga, emitir uma maldição”. Assim, “rãealêe” é uma “gritaria em que se rogam pragas” ou “um berreiro em que se amaldiçoa alguém, etc. A nossa palavra tem equivalentes próximos no significado e fonética no francês, no castelhano, no provençal, e mesmo no italiano, o que levou a procurar uma forma latina que estivesse na origem das palavras actuais de todas estas línguas. Assim aceitou-se que teria havido imã hipotética palavra latina “ragulãre”… Não parece no entanto aceitável a origem latina para esta palavra, desde logo porque a tal palavra "ragulãre" nunca existiu.


... e por último ... "RAPAZ" e "RAPARIGA"

É pouco crível que o termo “rapaz” tenha origem na palavra latina “rapace”, que significa “ladrão”. De resto a palavra “rapariga” seria uma forma muito estranha para ter evoluído como feminino de “rapaz”. De facto “rb” (lembremos que na evolução do fenício para o português b=p) significa em fenício “ser muito” e “Øz” (ãez) é ser forte. Assim, “rapãez” significa “ser muito forte”. Já a palavra “rapariga”(que geralmente se afirma ser de "origem obscura") conta com a mesma raiz “rb” que significa “ser muito”, mas complementa-se com a palavra fenícia “rk”, que significa “delicado, tenro, macio, ternura, delicadeza”. Assim, “rapãez”, que significa “ser muito forte” deu o nosso “rapaz”; já “raparek”, que significa “ser muito delicado” veio a dar origem à nossa “rapariga”. Como seria de esperar não se trata de "ladrões" nem de origens "obscuras"...



Não é muito, mas

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TOPONÍMIA PORTUGUESA

Todos nos questionamos de quando em quando sobre a origem do nome de certos sítios. Normalmente parecem coisas absolutamente disparatadas, ou nós, armados da nossa melhor boa vontade e imaginação criativa, inventamos uma justificação mais ou menos esfarrapada para o nome. Diremos que "Malavado" é nome dado a um local onde em tempos morou um homem de higiene duvidosa, que "Roncão" se chama assim porque alguém ressonava, ou que "Ruivo" era terra de gente de cabelo ruivo... Claro que pensando bem...
"Malavado" (mas também "Mal Lavada", "Malvado", etc.) resultam da expressão fenícia "mal av ad", que significa "poço de águas que transbordam"; "Roncão" é "rwn kwn", e significa "permanente no alto", e deve ter-se referido a construções permanentes (de pedra ou taipa, e não choças de ramos); já "ruivo" deve referir-se a pastagens em áreas baixas e húmidas, porque "reiu bes" significa "pastagem em local baixo"...
Assim, (re)descobrir o significado da toponímia ganha um  valor antes insuspeitado, porque podemos agora redescobrir o local onde passavam as estradas (as "Sevilha", "Savelha" mesmo "Sé Velha", mas também "Cebola" (no fenício b=v, como de resto no Norte de Portugal), mas também os topónimos iniciados por "alc", como "Alcaide", "Alcalá", etc.
Todo um novo mundo se abre ao investigador depois de saber como funcionava a antiga língua popular.

PALAVRA PORTUGUESAS DE ORIGEM FENÍCIA

São centenas aspalavras portuguesas de de origem "fenícia". Darei apenas alguns exemplos:

ABALAR
Os dicionários afirmam habitualmente que o nosso verbo "abalar" terá tido origem numa hipotética palavra latina "advallãre" (palavra que efectivamentenunca existiu), eque significaria (imagine-se) "lançar-se no vale, ao fundo" (já é vontade de encontrar uma origem latina em todas as palavras do português); efectivamente a origem deste verbo "abalar" é o verbo fenício "abalu" ou "wabalu" (em acádio ou assírio, respectivamente), o que significa "trazer, levar, carregar".

ABROLHO
“Abrolho” é “espinho; espécie de pua; rebento, gomo; planta prostrada que produz frutos espinhosos e é espontânea em Portugal”. Dizem os dicionários que a palavra “abrolho” provém do latim “aperi oculos”, que significa “abre os olhos”, mas mesmo numa observação superficial se notará que é uma relação improvável e forçada. Efectivamente a origem da palavra é obviamente outra. Em fenício, “abaru” é “gancho”, e ølh” é “folhas, folhagem”. O nosso “abrolho” deve provir assim de “Abaruølh”, com o significado de “folhagem espinhosa”.

ACABAR
O verbo “acabar” é um caso muito interessante. Parte de uma palavra fenícia “øqb” (ãeqaba), que significa “chegar ao fim; parte final; até ao fim”, e dela constrói o verbo regular que conhecemos. A palavra “acabar” resulta assim do radical fenício “øqb” ao qual se juntou o sufixo latino “-ar” para o infinito de verbos que derivam de substantivos ou adjectivos. Será quase desnecessário dizer que se entende como sem fundamento nem razão de ser a etimologia geralmente aceite que assenta num hipotética palavra latina “accapare”, palavra essa que nunca existiu. O interesse desta e de outras situações semelhantes está sobretudo em perceber como se forma um verbo regular em português a partir da palavra fenícia, portanto como se aplica a estrutura gramatical do português à palavra fenícia.

ACHAQUE
A palavra “achaque” não deve provir do árabe “ax-xaqq” com o significado de “dúvida, suspeita”, mas antes de “asakku”, termo fenício com o significado de “doença”. De facto “achaque” é uma doença súbita, e não uma “dúvida” ou uma “suspeita”

ACHATAR
A palavra “chato” tem origem em “ØŠT” (ãechat), que significa “lâmina, chapa, ser liso”. Há portanto uma evolução que corresponde à perda do ayn (que evoluiu para o som “a” do português com frequência) inicial na palavra “chato”, mas à sua manutenção no verbo “achatar”, e em outras palavras derivadas como “achatado” que também originou. A origem da palavra “chato” geralmente aceite encontra-se no grego “platýs” (largo, amplo), pelo latim “plattu-” (plano), formas que efectivamente não devem ser consideradas para perceber a origem do nosso verbo “achatar” e das palavras com ele relacionadas.

Como digo, são muitas centenas palavras portuguesas com origem fenícia. Quem tiver curiosidade sobre algum termo poderá perguntar a origem da palavra em questão, que se for de origem fenícia darei a explicação que considere lógica.