DECORAR
Dizem os dicionários que o verbo
“decorar” provém de “de+cor+ar”, sendo este “cor” proveniente do termo latino
“cor” que significa “coração”. É certamente mais um caso de uma etimologia
errada, pois está bem de ver que a ideia de “coração” tem pouca relação com o
“saber de memória”. Por isso, penso que será muito mais provável que a origem
da nossa palavra “decorar” esteja em “qr’ ”, já que “qr’ ” significa em fenício
“recitar”. É evidente que essa ideia de “recitar” pode facilmente estar na
origem do nosso dizer de "cor”, portanto "dizer de cor" é "dizer recitando". Daí o nascimento do nosso verbo "decorar".
DEGREDO
A palavra “degredo” possivelmente
provém de “daku redu”, que significa à letra “seguir a direcção do desterro”. A
origem que geralmente é apontada para a origem desta palavra, em “decreto”, termo latino que significa “decisão, decreto”, parece
assim não ter sentido.
DEFEITO
A palavra latina “defectu” tem sido dada como origem da nossa palavra portuguesa “defeito”. A evolução fonética entre as duas formas não oferece qualquer problema, no entanto este termo latino “defectu” significa “desaparição; eclipse; defecção”, o que não corresponde à nossa noção de “defeito”. Na verdade a origem da nossa palavra deve estar no termo fenício “dfiøwt” (defiãeôt) que significa precisamente “defeito" ou "mácula que transtorna”.
DELIDO
A palavra
“delido”, que significa em português “desfeito, arruinado, roto, gasto” tanto
pode provir do fenício “dlt”, que significa “debilidade, pobreza”, como ter
origem no termo latino “diluere”, que significa “dissolver, diluir,
enfraquecer”. O mais certo é que neste e em muitos outros casos tenha havido
uma evolução convergente dos termos latino e fenício para originar a actual
palavra do português.
DERRAMAR
O nosso verbo português “derramar”,
quando significa “entornar, espalhar”, ao contrário daquilo que geralmente se afirma nos dicionários, não provém de “ramo”. A sua origem é
certamente “drrmh", que significa em fenício de” que significa “arremessar fluido”.
DERREAR
“Derrear”, é “fazer vergar as
costas, torcer, curvar-se, etc.”. Evidentemente que o termo não tem origem em
“renes”, que significa “rins” em latim, conforme pretendem alguns autores. A
palavra é de origem fenícia e provém do radical “t’r” que significa “encurvar,
dobrar” (este é um dos muitos casos em que o "t" fenício evoluiu para o "d" português.
DERROTAR
Aceita-se que a palavra
“derrota”, e o verbo “derrotar” tenham origem no termo latino “rupta”,
particípio passado feminino de “rumpere”, que significa “romper, separar”. No
entanto ambos devem provir do fenício, de “t’ rdd” (com metátese passou a
“ddrt’”), que significa precisamente “atacar e subjugar”, “atacar e submeter”
ou “atacar e repelir”, e nada tem que ver com a ideia de “romper”. Pode no
entanto o termo português provir apenas do termo fenício “rdd”, que após
metátese pode ter passado a “drd” e “drt”, apenas com o significado de
“repelir, subjugar ou submeter”.
DIQUE
A origem geralmente proposta para
esta palavra é “dijk” (holandês). No entanto, em fenício, “diq” é “trincheira”,
e parece mais provável que a palavra/conceito tenha surgido no próximo oriente,
pois já haveria diques aí muitos milhares de anos antes dos primeiros diques
holandeses terem sido construídos.
DIREITA (rua)
O “direito” no sentido de “recto”
terá certamente origem no termo latino “directu”, que significa precisamente
“em linha recta”. Já as várias “rua direita” que existem em outras tantas
cidades portuguesas, e que são frequentemente tudo menos direitas, terá origem
em “drk”, que significa “caminho”, ou mais provavelmente, em “drkt”, que
significa “domínio, poder”. As “ruas direitas” são as ruas que conduzem ao
centro de poder das cidades, e logo a sua origem nada terá que ver com o termo
latino “directu” (em linha recta), mas antes com o fenício “drkt” (caminho do
poder).
DÓ (ter)
Ter “dó” é “ter pena, ter
compaixão, ter piedade”. Diz-se que provém do “dolo” que é “latim tardio” (isto do "latim tardio" é uma invenção dos latinistas para classificar de latinas a palavras que não o sendo efetivamente aparecem em textos medievais de base latina) a e
significa “dor”, mas é provável que esse “dolo” seja a forma fenícia “dw” ou
“dwh”, que significa “estar doente, doença”. Assim, provavelmente a nossa
palavra “dó” tem realmente relação com “dolo”, mas este termo não é “latim
tardio”, mas antes a latinização medieval do termo fenício, que aparece escrito
em textos de base latina.
DOENÇA
Em fenício, “Dw” é “enfermo, doente”;
“dwh” é “doente, menstruada”; “dwi”, é “indisposição, doença, doente”. Parece haver uma relação com
episódio temporário (indisposição, menstruação). Por outro lado “anš” também significa “doença”, mas num sentido algo
diferente: em ugarítico é “doente,
débil, condenado”, e em hebraico antigo é “adoecer, incurável, calamitoso”; em acádio e em assírio-babilónio
“enešu” é respectivamente “enfraquecer-se, ceder” e “enfraquecer, decair”, e “enšu” em acádio é “ser fraco”. Em qualquer dos casos deve
ter sido da combinação dessas duas ideias base que surgiu a palavra “dwhanš”, e que veio a originar mais
tarde a nossa palavra “doença”. A origem da palavra geralmente aceite é a forma
latina “dolere”, que significa “sentir dor”.
DOIDO
Aceita-se habitualmente que a palavra “doido” tenha uma
origem obscura. No entanto, em fenício “døhdw” significa “conhecimento doente" ou
"sabedoria doente”, o que parece ser uma possibilidade de origem da palavra
portuguesa.
DOMINGO
Aceita-se que a nossa palavra “domingo” resulte do termo
latino “domínicus”, que significa “o que pertence ao senhor, ou a Deus” e que
passou a ser aplicado ao dia de culto, que entre nós é o domingo. Contudo “dômi”
ou “dômih” é em fenício “descanso”, “dômim”, é “sossego”, e “igiø” significa
“trabalho, labor”. Assim, por exemplo, “dômimigiø” (ler "dômimiguio") será “descanso do trabalho”.
É nestas situações em que melhor se observa que num fenómeno
de confluência das duas línguas. Parece que a língua é um organismo vivo e de consciência autónoma que procurou a solução que
satisfizesse os falantes de ambas as línguas originais - o latim e o fenício. Para os falantes de latim (maioritariamente o clero da classe
dominante) o novo termo “domingo” agradava, porque em seu entender se referia
ao culto nas suas igrejas e ao seu Deus; para o povo falante da velha língua
popular o novo termo fazia sentido, já que se referia ao dia de descanso. Assim
deve ter nascido o “domingo” - ainda hoje dia de culto e de descanso.
DOR
A palavra “dor” deve resultar de mais um fenómeno de
confluência entre o latim e o fenício. Em latim “dolore” é “dor” (física ou
psicológica); em fenício “dw” é “estar doente”, “dwh” é “estar doente” mas
também “estar menstruada”. Da fusão das duas palavras “dolore” e “dw”, nasceu a
nossa “dor”, que foneticamente é um compromisso muito interessante entre as
duas formas, e que do ponto de vista do significado conseguiu acumular os
significados provenientes dois termos originais: do latino retirou a “dor” mais
de carácter psicológico (dor moral, aflição, pena, etc.) e do fenício mantém o
significado ancestral de “menstruação” ainda usado nos nossos campos.
Gostaria aqui de discutir a "Direita".
ResponderEliminarNa minha mera opinião, meter aqui a palavra "Direita", e depois associar a Rua Direita a uma origem fenícia é literalmente forçar uma coisa que não é, a ser.
A Rua Direita vem de época moderna quando se começa a reorganizar as cidades portuguesas. Não tem nada haver com períodos mais remotos da nossa história. E se tiver, será certamente do período romano em que utilizavam "duas ruas direitas" nas suas cidades e acampamentos militares "cardus maximus e decumanus maximus".
Nós descendemos tanto de lusitanos,como de romanos,suevos, visigodos (que a propósito não são bárbaros, aliás, eram-no para os romanos) muçulmanos. Neste imbróglio de culturas, admiro a sua avidez de procurar a origem da nossa língua e não caio no erro de dizer que está no obscurantismo. Se não houver trabalho aí é que nunca se saberá nada. Por isso um bem haja ao seu trabalho e que continue. Mas, convém procurar a origem também em línguas germânicas. Ainda há pouco tempo atrás li um livrinho bastante interessante sobre a origem de nomes germanos, portugueses, mas que advinham de animais. Muito interessante de facto.
Voltanto ao tema central e terminando a minha opinião.
Além do mais, a rua central passava junto de um edifício de poder público, ou não... Por isso é totalmente descabido e forçado meter a rua direita numa origem fenícia. Se quisesse fazer isso teria de o fazer em povoações, ou na cultura castreja, onde se saiba que existia somente presença lusitana e procurar lá então uma rua direita e aí pode fazer a ligação aos fenícios.
Cumprimentos.