terça-feira, 10 de abril de 2012

Quando ainda não havia a palavra

Desculpem-me a franqueza.
Não costumo ter acessos destes, mas hoje deu-me para aqui. Se tem noção de que sempre foi um bom aluno porque decorava páginas a eito, mas também sempre se mostrou incapaz de ir além do que afirmam os autores consagrados, e se os venera como a santos no altar, então vá por exemplo "empinar" a lista telefónica ou qualquer outra coisa igualmente criativa, e não perca tempo com as linhas que se seguem, que eu hoje escrevo só para pessoas inteligentes.
Provavelmente poucas pessoas serão capazes de entender efectivamente e em profundidade a origem da língua portuguesa, origem que radica numa língua possivelmente chegada a este limite do velho mundo no Neolítico (ou em tempo muito remoto, como o Calcolítico ou a Idade do Bronze), e que por se conseguir entender e traduzir a partir de línguas como o ugarítico, o hebraico antigo, o acádio, etc., vou chamando de fenício. Também é cedo para vos dizer que aquela história do indo-europeu, conforme nos tem sido contada, é fraude de Europa do norte, germanófila e com complexos de inferioridade histórica... um dia poderei explicar isso, que para já poucos serão capazes de abrir o espírito até aí.
Hoje, vou dar umas dicas sobre a origem da línguagem humana, e relacionar isso com a escrita do sudoeste, mas sei que ainda assim poucos serão capazes de compreender... Vou simplificar...
A língua dos homens começou certamente como começam as línguas dos outros primatas. Para ser entendível vou dar exemplos. Admita-se que o som "a" se refere a algo elevado (até pela posição do aparelho fonador) e o som "ô" se refere a algo baixo; que o som "g" corresponde naturalmente a um som que se produz quando existe medo ou repulsa por algo. Assim, "ga" será algo que se teme ou se repudia num local alto, enquanto que o som "gô" será referente qualquer coisa que se teme ou repudia num sítio baixo. Mas se o som "m" corresponder a água ou líquido no geral, então "ma" ou "am" será "água num sítio alto", e "môg" será possivelmente "água estragada ou perigosa num local baixo". É basicamente isto que se pode verificar dos estudos de etologia feitos com primatas, em especial com os "macaca nigra" de Sulawesi, foi certamente assim que se iniciaram as línguas humanas, e esta lógica ainda está presente nas línguas antigas a que me refiro como "fenício".
É claro que no caso do Homem a língua tornou-se cada vez mais complexa e abstrata, e essa complexidade e a aplicação de sons a sentimentos e outras realidades imateriais tornou-se comum. Quem pegue num dicionário de fenício, com ele estude (estudar no sentido de procurar compreender, não de empinar) as línguas que dele constam, e tenha menos preconceitos que o vulgo, rapidamente perceberá que as línguas nele tratadas ainda mostram estas características.
Se realmente perceber essa realidade, verá que a "palavra", enquanto entidade autónoma e independente do discurso, nem sempre existiu, e com um pouco mais de capacidade de usar a cabecinha, começará a perceber que a "escrita do sudoeste", que apresenta sequências de símbolos alfabeticos sem separação em palavras, se adequa exactamente a esta situação: a língua em que as pedras foram escritas ainda não tinha completamente bem definida essa entidade a que chamamos "palavra", e que nos parece hoje nuclear e insubstituível no discurso. Se fizer um esforço poderá mesmo perceber o que as inscrições dizem (usando para isso o valor fonético dos símbolos que apresento no "O Outro Lado da História" e o Dicionário de Fenício-Português de Moisés E. Santo).
Mas se calhar ler a lista telefónica é uma opção mais interessante e menos cansativa. Ainda bem que há gente para tudo...

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