tag:blogger.com,1999:blog-36216292210733361012024-03-12T16:06:54.817-07:00A Origem da Língua PortuguesaAlguém acredita que depois da conquista pelos romanos, os povos da Ibéria esqueceram a sua língua e passaram a falar a língua dos seus inimigos? Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.comBlogger71125tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-53782065854490604152015-12-28T11:08:00.000-08:002015-12-28T04:49:00.674-08:00DECORAR E MARRAR<div class="MsoNormal">
Dizem os dicionários que o verbo “decorar” provém de “de+cor+ar”, sendo este “cor” proveniente do termo latino “cor” que significa “coração”. É certamente mais um caso de uma etimologia errada e tola, pois está bem de ver que a ideia de “coração” tem pouca relação com o “saber de memória”. Por isso, penso que será muito mais provável que a origem da nossa palavra “decorar” esteja em “qr’ ”, já que “qr’” [qorô] significa em fenício “recitar”, e recitar é precisamente dizer de memória. É evidente que essa ideia de “recitar” pode facilmente estar na origem do nosso “dizer de cor”, e consequentemente do verbo “decorar”. O mesmo "qr" (qoro) está presente em "encornar", que é igualmente "decorar"...</div>
<div class="MsoNormal">
Ao contrário daquilo que se afirma geralmente, a palavra “marrar” não terá certamente relação alguma com “marra”, que significa “sacho” em latim. Pode antes ter uma relação com “mrh” [marrâ] que significa em fenício “ser teimoso, obstinado” e que se ajusta bem a um certo sentido em que utilizamos o termo “marrar” no sentido de “estudar muito” (por exemplo, estudar obstinadamente. De resto, quando se diz por exemplo “ele marrou para ali”, no sentido de “teimar”, este “marrar” é “ser teimoso, ser obstinado”, e provém certamente do “mrh”. O mesmo acontece quando se utiliza a palavra “marrar” no sentido de “estudar”, que é um ato de teimosia.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Por isso, quer estejas a “marrar”, quês saibas a lição “de cor”, estás a fazê-lo em fenício e não latim.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikANVjWe7bvkRakmMALkyOSWcPOcdjuEbWUyPdYJFSDM0JwWxrEm2-tmS-_XgheVG-zeswjesoXBCecPtGH16e2q-y1GJkitNtyuvlxwSoQXaQRVamvaow3csHiDXRnWKbmztepPEHi6U/s1600/Sem+T%C3%ADtulo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikANVjWe7bvkRakmMALkyOSWcPOcdjuEbWUyPdYJFSDM0JwWxrEm2-tmS-_XgheVG-zeswjesoXBCecPtGH16e2q-y1GJkitNtyuvlxwSoQXaQRVamvaow3csHiDXRnWKbmztepPEHi6U/s1600/Sem+T%C3%ADtulo.png" width="320" /></a></div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-28356794223160666132015-12-28T09:10:00.000-08:002015-12-28T04:48:24.289-08:00Caparica é "capa rica" ou "ponta mole"?<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O topónimo “Caparica”, ao contrário daquilo que por vezes se
afirma, nada tem que ver com a ideia de “capa rica”. O nome resulta da existência
de um cabo (“Øqb” – “parte final”) de areia, lodo ou outro material macio (“rk”
– “ser mole, der macio”). Assim “aqaberik” deve ter evoluído para “qaberik” e
por fim para “qaperik”, com o significado de “ponta macia”, como referência ao
facto de a margem sul da foz do Tejo ser constituída por uma ponta de areias ou lodos, e não por rochas.</span><o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmI-B7gR3dcKsAGTRbfHdO5Qca2LA9DewDCpgTQHTVbbMz7MVMDj43ip8O6SmMIkHM-k2T9hzdTdT6LYkzEDCEyXHbLPf0PYGkusXf7bki0krCun3r0W6k4p6KuPkrjOqJhBpHWAULC78/s1600/441B.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmI-B7gR3dcKsAGTRbfHdO5Qca2LA9DewDCpgTQHTVbbMz7MVMDj43ip8O6SmMIkHM-k2T9hzdTdT6LYkzEDCEyXHbLPf0PYGkusXf7bki0krCun3r0W6k4p6KuPkrjOqJhBpHWAULC78/s1600/441B.gif" width="320" /></a></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Extrato da folha nº 441-B da Carta
Militar de Portugal<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">Este mesmo radical </span><span style="line-height: 17px;">“Øqb” ajudou à formação de um outro topónimo que ocorre na margem esquerda da foz dos rios: </span><span style="line-height: 115%;"> “cabedelo”, que deve provir precisamente de “Øqb” [acaba] e de “dll” [del]. O radical “Øqb” [acaba] é nosso
conhecido porque entre outras deu origem ao nosso verbo “acabar”, e em fenício
significa precisamente “chegar ao fim, acabar”, mas também na forma “cabo”
quando nos referimos ao fim de alguma coisa “dar cabo de”. </span><span style="line-height: 115%;">Evidentemente
que a própria forma latina “caput”, que significa “cabo”, nasceu desta mesma
raiz. A
raiz “dll” [del] (ou “dl”), significa geralmente “ser fraco, ser pequeno, ser
insignificante”. Portanto neste caso trata-se de da mesma ideia dita de um modo ligeiramente diferente: "cabo fraco" em vez de "cabo mole".</span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já agora convém referir que a raiz “Øqb” (acaba) foi
utilizada para designar locais onde a terra acabava em outros locais do velho
mundo. Veja-se por exemplo a “Aqaba” no extremo do golfo com o mesmo nome, no limite
norte do Mar Vermelho.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRY3mPWG1Vi-wHyRBUtCbd9ti7G24zossK_HBRhdFF6uSo4b6RiD7yBTLkpd1Oub0ANgcvck7fOSKV5IjTyPKDt8RZy3EgGWAC6sR4nelLQ3I2U7zYaC5rMDe2mj_1CdgohCgmB2J2kK4/s1600/Aqaba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="319" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRY3mPWG1Vi-wHyRBUtCbd9ti7G24zossK_HBRhdFF6uSo4b6RiD7yBTLkpd1Oub0ANgcvck7fOSKV5IjTyPKDt8RZy3EgGWAC6sR4nelLQ3I2U7zYaC5rMDe2mj_1CdgohCgmB2J2kK4/s1600/Aqaba.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="EN-US">In: </span><a href="http://www.worldatlas.com/aatlas/infopage/gulfaqba.gif"><span lang="EN-US">http://www.worldatlas.com/aatlas/infopage/gulfaqba.gif</span></a><o:p></o:p></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-84366939935621433492015-12-27T12:11:00.000-08:002015-12-26T12:16:44.891-08:00<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfMqe47XY7hdq7-8a3tqUtbx40reNROWhOIJHLIKoPZjYciTsJMoi3L6d9Hpl8OP6Gix4l1AIq76d11RBSvynKwAp5Ek149Pc-D0zFUQuI20CPyEWvtAUFNb0xyLGpQZiGqYzF7P1JO4/s1600/A+Origem+da+L%C3%ADngua+Portuguesa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfMqe47XY7hdq7-8a3tqUtbx40reNROWhOIJHLIKoPZjYciTsJMoi3L6d9Hpl8OP6Gix4l1AIq76d11RBSvynKwAp5Ek149Pc-D0zFUQuI20CPyEWvtAUFNb0xyLGpQZiGqYzF7P1JO4/s1600/A+Origem+da+L%C3%ADngua+Portuguesa.jpg" width="204" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-size: large;">O "basqueiro" e a confusão da sua origem</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<b>Esta palavra é pronunciada indiferentemente “basqueiro” ou “vasqueiro”,
o que remete para a essência da própria língua fenícia em que a distinção entre os dois sons
era inexistente. O seu significado é “barulheira, confusão, caos, balbúrdia,
desordem”, mas é mais usada no sentido de “barulho desagradável e caótico,
espalhafato”. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>É claro que a ideia muito difundida de que esta palavra
teria alguma relação com “ânsias”, entendidas como o “estertor da morte” não
faz o menor sentido, sendo por isso necessário encontrar uma explicação mais
lógica. De facto esta é mais uma palavra nascida da língua falada pelo povo que
foi conquistado e “colonializado” pelos romanos, não tendo por isso qualquer
relação com o latim.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>A origem do nosso “basqueiro” deve estar em “b’š qr’”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/BASQUEIRO.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
que significa “clamar odioso”, “gritar odioso”, “voz odiosa” ou “estrondo
odioso. Os “vascos” e “vascas” inventados para explicar o nascimento da palavra
não passam de delírios latinistas sem sentido.</b><o:p></o:p></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/BASQUEIRO.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> -
Radicais próximos de “qr’” são “qra”, que significa “clamar, gritar”, e “ql” é “voz,
estrondo”.<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com1Odemira, Portugal37.707892433336688 -8.6813164874911337.50569543333669 -9.00541298749113 37.910089433336687 -8.3572199874911313tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-59650171949722279282015-12-19T10:11:00.000-08:002015-12-19T10:12:17.957-08:00O "CHINELO" E A TONTICE<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alguns dicionários
afirmam que o nosso velho “chinelo” provém de “pianella”, que é em italiano um
diminutivo de “piano”, que significa “plano”. Tontices...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Gn7WzcJ9hdykjw1809rxjYVWhpgsaRd23FvCSOyAQTXOAOVjjZFdwqEe1Anp8xRdd_Ygre4thLo-mvyLcTh4GIBNwlKbQPSNGkRTRtE44giKLx87pDc2Dsnf2dRtZKdabzDnM0KqREk/s1600/chinelo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Gn7WzcJ9hdykjw1809rxjYVWhpgsaRd23FvCSOyAQTXOAOVjjZFdwqEe1Anp8xRdd_Ygre4thLo-mvyLcTh4GIBNwlKbQPSNGkRTRtE44giKLx87pDc2Dsnf2dRtZKdabzDnM0KqREk/s320/chinelo.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A origem da palavra na realidade
deve ser bem diferente. Tal como em “sandália” e em “chanato”, também a nossa
palavra “chinelo” deve ter relação com o termo acádio e assírio “šenu” [chenu],
que significa “calçar, sapato, sandália”. No caso do nosso “chinelo” (ou “chinela”),
a parte final da palavra, o “nelo” deve ter nascido do termo acádio e assírio “nalu”
que significa “deitar-se, repousar,
dormir”. Portanto o nosso “chinelo” em fenício significa à letra “calçado de
dormir”. É sem dúvida o nosso “chinelo”.<span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-66575587817795022172015-12-15T09:40:00.000-08:002015-12-28T04:46:19.858-08:00<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Para os interessados em adquirir o "A Origem da Língua Portuguesa" aos balcões de livrarias, segue-se uma listagem com algumas delas. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Les Enfants Terribles</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Cinema Nimas</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Av. 5 de Outubro, 42B</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">1050 Lisboa</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Nun’Álvares</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua 5 de Outubro, n.º 59</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">7300-133 Portalegre</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Papelaria 115</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Praça 8 de Maio, n.º 29</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">3000-300 Coimbra</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Branco</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua Dr. Roque Silveira, n.º 95</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">5000-630 Vila Real</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Caminho</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua Pedro Santarém, n.º 41</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">2000-223 Santarém</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Representações Online</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Praça do Comércio, n.º 108</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">4720-337 Ferreiros AMR</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria BrincoLivro</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua Alexandre Herculano, 301</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">3510 – 038 Viseu</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Universo</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua do Concelho, n.º 13</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">2900-331 Setúbal</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"> </span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria de José Alves</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua da Fábrica, n.º 74</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">4050-246 Porto</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Esperança</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua dos Ferreiros, 119</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">9000-082 Funchal</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Nazareth e Filho</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Praça do Giraldo, 46</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">7000-406 Évora</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Graça</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua da Junqueira, n.º 46</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">4490-519 Póvoa do Varzim</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Aliete S Clara Brito</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Avenida 25 de Abril, lote 24 R/C</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">8500-511 Portimão</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Caravana </span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Morada Sede: Av. 25 de Abril, Edf. Vila Flôr 6º </span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"> 8100-596 Loulé </span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Livraria Papelaria Meneses </span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Rua da Sobreira, n.º 206 Paços de Brandão</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">4535- 297 Aveiro </span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Está disponível online no nosso site e na</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"><a href="http://fnac.pt/" style="color: #1155cc;" target="_blank">FNAC.PT</a>, Wook, na bertrand Online e no Sítio do Livro.</span><span style="font-family: 'Comic Sans MS'; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">É possível, também, encomendá-lo em qualquer balcão Fnac, Book.it e Bertrand.</span></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-20509320296805629822015-12-05T10:59:00.000-08:002015-12-05T11:06:53.765-08:00OS GADOS NA TOPONÍMIA<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os topónimos do mundo rural
resultaram tanto da realidade física do território como das atividades humanas
que nele se desenvolveram. Existem muitos topónimos que nasceram dos nomes que
em tempos remotos foram dados a fontes, serras, rios, planícies, etc., mas temos
muitos outros que resultaram da existência de povoados, campos agrícolas, poços,
acampamentos de pastores… Muitos dessas antigas evidências da atividade do
Homem desapareceram sem deixar marca, e delas muitas vezes nada resta além de
um nome que teimosamente resiste à passagem do tempo. Deste modo o estudo da
toponímia assemelha-se à abertura de uma nova janela para o passado, janela
essa que nos permite obter imagens que de outro modo nos estariam vedadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma das atividades que
marcou fortemente a ocupação do território ao longo de milénios, e
consequentemente marcou a toponímia, foi a pecuária, em especial os locais de
pastagem e os locais de recolha dos gados. Neste breve apontamento analiso
alguns topónimos relacionados com esta atividade, explicando o seu significado
com base nos conhecimentos que já existem sobre a língua de origem fenícia que
está na raiz do português e tentando perscrutar a época em que os topónimos foram
criados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Carapeto<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vale a pena começar
esta análise pelo topónimo “Carapeto” (e pelos muitos outros que lhe são
foneticamente próximos) porque constitui uma situação particularmente
interessante. Não existe nas publicações mais divulgadas uma explicação para a etimologia
das palavras desta família, e geralmente aceita-se desconhecer a sua origem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Efetivamente as palavras
deste grupo podem ter vários significados, todos eles de origem fenícia. Quanto
a “carapeteiro”, termo que significa “mentiroso”, pode dizer-se que a palavra
resulta da justaposição de dois radicais fenícios – “qr’” [qarâ] e “pth”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> [petêe]
– que de resto deram origem a outras palavras do português ainda em uso. O
termo fenício “qr’” significa nessa antiga língua “cara, face”, e veio
precisamente a dar origem à nossa palavra “cara”. O termo fenício “pth”
significa “deixar-se enganar”, e deu origem à nossa palavra “peta” (mentira,
engano, aldrabice). Portanto o “qr’pth” [qarâpetêe] fenício está na origem do
nosso “carapeteiro” com o significado de “mentiroso”. Está bom de ver que este
conceito, por muito interessante que possa ser na vida social de uma
comunidade, não reúne as condições para que se possa transformar em topónimo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Contudo há palavras da mesma família potencialmente
relacionadas com toponímia, entre as quais está o termo “carapeto” quando
significa “espinheiro bravo”, “pereira brava”, e “espinho” ou “plana
espinhosa”. Há na toponímia um grande número de sítios com nomes que devem ter
a mesma origem, como sejam “Carrapeto”, “Carapeto”, “Carapeteiro”,
“Catapereiro”, “Carrapatosa”, “Carrapato”, “Carrapateira”, etc. A origem destes
termos é uma outra, bem distinta da anterior e a deve-se à evolução de “krrpt”,
termo fenício que significa genericamente “estábulo de cordeiros”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Repare-se:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">kr [kar]– <i>cordeiro, borrego<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></b></span><!--[endif]--></span></a></i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">rpt [rèpèt] - <i>curral,
estábulo</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Portanto, Carapeto,
Carapeteira, Carrapateira, Carapito, etc. terão sido locais onde havia currais,
ou melhor, comunidades de pastores, e a palavra deve ter nascido do fenício
precisamente de “Krrpt” [karrèpèt], que significa à letra “estábulo de
cordeiros”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Pode
contudo haver alguns topónimos (por certo raros) em que o nome provenha da
existência de pereira bravas ou de espinheiro bravos (ambos conhecidos por
carapeteiro). De resto, o próprio nome “carapeto” usado tanto para espinho como
para arbusto espinhoso deve ter uma origem interessante que vale a pena referir.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os abrigos para animais
mais antigos que o Homem construiu terão sido certamente feitos criando de
cercas de arbustos espinhosos, como de resto ainda acontece em algumas regiões
de África<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>. É
claro que cercas feitas para proteger os gados de predadores e de roubos,
construídas de arbustos espinhosos, não deixam vestígio arqueológico, sendo por
isso impossível demonstrar a relação entre o topónimo e a antiga atividade, mas
a analogia com práticas que sobreviveram até aos nossos dias dão crédito à
ideia. Ora, se os recintos assim construídos eram conhecidos por “krrpt”, é
fácil admitir que os arbustos espinhosos que os constituíam tenham ganho o
mesmo nome – “carapeto”. Assim terá o nome das cercas sido aplicado aos
arbustos espinhosos com que eram construídas, e daí a origem dos nossos
“carapeteiros” como arbustos espinhosos<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O nome deve ser de uso
muito antigo, desde logo porque está quase ausente da toponímia das ilhas
atlânticas. Outro indício da grande antiguidade do topónimo é o fato de ele ser
usado como nome sem significado, ou seja, quando se refere um local de nome
“carapeto” já não se tem a menor ideia de ele ter sido um curral. Em relação à
determinação da antiguidade deste topónimo deve ainda ter-se em consideração
que a evolução divergente que a palavra sofreu ao longo do tempo é também por
si só um elemento a ter em conta. Enquanto os topónimos recentes não apresentam
variação de pronúncia ao longo da sua distribuição geográfica (por exemplo o
topónimo “estação” é “estação” em todo o lado, e não divergiu para formas como
“istaçam”, “estoção” ou “extensão”), os topónimos muito antigos sofreram essa
divergência fonética regional ao ponto de quase parecerem topónimos de origem
diferente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outro elemento que
permite distinguir os topónimos de origem muito antiga dos mais recentes está
no tipo de elemento da paisagem que o topónimo identifica. Ora, sem querer
desenvolver este tema direi apenas que os topónimos criados recentemente não se
referem a espaços vastos e mal delimitados do real, como seja uma região ou uma
serra, mas antes a elemento concretos da realidade. Pelo contrário os topónimos
antigos correspondem com frequência ao nome genérico de uma região, a diversos elementos
dentro de uma mesma região, ou apresentam formas compostas como seja “Relva do
Carrapateiro”, etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um último elemento
confirma a antiguidade deste topónimo: existe um número muito significativo de
sítios arqueológicos do Neolítico e do Calcolítico que ainda hoje têm nomes
desta família, precisamente porque corresponderam a assentamentos humanos que
deixaram vestígio arqueológico<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em resumo, apesar de
não ter sobrado qualquer vestígio arqueológico da atividade, temos a forte
convicção que a maioria dos locais que hoje têm nomes da família de “Carapeto”
foram em tempos locais de acampamento de pastores nos quais os gados
pernoitavam em cercas construídas com arbustos espinhosos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Curral<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O topónimo “curral” é
muito comum entre nós, existindo tanto no continente como nos arquipélagos
atlânticos. A origem da palavra, ainda em uso na atualidade, deve estar em
termos fenícios:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Kr</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
[kar] (ugarítico e hebraico antigo) – <i>cordeiro</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">HL</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
[âal] (hebraico antigo) ovelhas desgarradas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Curral é o local onde
se guardam os animais que têm crias novas. Ainda hoje se faz isso. Quando as
ovelhas parem, separam-se das restantes, deixando-as ficar no curral ao abrigo
dos elementos e dos predadores. Claro que a etimologia proposta geralmente para
a palavra “curral”, como sendo proveniente de “curru”, que em latim significa
“carro”, não faz o menor sentido porque os currais nunca foram nem são locais
para guardar carros, mas antes gado. O termo “curral” está ainda em uso na
nossa linguagem comum e o topónimo é comum tanto nos Açores como na Madeira,
como no Brasil e nos PALOP. Por outro lado tem uma distribuição relativamente
regular no continente, sendo por isso de supor um uso relativamente prolongado
desta palavra e a sua fixação na toponímia igualmente prolongada no tempo. Por
exemplo, no Brasil do século XVII, nas capitanias do Ceará, Maranhão e ao norte
e ao sul das margens do rio São Francisco surgiram fazendas de gado chamadas de
currais<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>. De
facto ainda hoje se pode criar um novo topónimo “Curral”, já que a palavra se
encontra em pleno uso entre nós.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No entanto também se
verifica que há um número significativo de locais com esse nome e com vestígios
arqueológicos muito antigos (desde o Neolítico), o que deixa dúvidas sobre a
antiguidade do uso do topónimo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Este topónimo “Curral”
contudo, pode ter tido também origem em “kôr”, que significa “forno ou forja” e
estar relacionado com atividades do quotidiano tão simples como fabricar pão ou
fundir minerais para produzir metais. Moisés Espírito Santo, no seu “Ensaio
Sobre Toponímia Antiga”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>
refere esta possibilidade a meu ver com todo o sentido. É provável mesmo que os
topónimos de origem mais antiga tenham essa origem, enquanto os nascidos há
menos tempo estejam relacionados com gado. <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-language: PT; mso-no-proof: yes;"><v:shape id="Imagem_x0020_2" o:spid="_x0000_i1030" style="height: 237.75pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 167.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:\Users\FERNAN~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image002.png">
</v:imagedata></v:shape></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bardo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há um grande conjunto
de topónimos da família de “Bardo”: “Burdo”, “Bordo”, “Bordeira”,<span style="color: red;"> </span>“Albarda”, “Bardais” (e “Pardais”)… A etimologia do
topónimo <i>bardo</i> é usualmente considerada de “origem duvidosa”. É provável
no entanto que este termo provenha de <i>brd termo Ugarítico com o sentido de “separar, apartar”, relacionado com o
Hebraico “parad” e com</i> o
Árabe “<i>farada”</i>. Se é verdade que é nos currais que se juntam os
rebanhos, não é menos verdade que é nos currais (ou bardos) que se separam
aqueles que se pretendem isolar. No <i>Dicionário de Falares do Alentejo</i><a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[9]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>
referem-se significados regionais de palavras próximas de <i>bardo</i>:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Barda</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
– Divisória de terrenos (Alandroal).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bardo</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
– (…) Tapume de madeira num curral. Aprisco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bordoada</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
– Margem de uma linha de água.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-language: PT; mso-no-proof: yes;"><v:shape id="Imagem_x0020_4" o:spid="_x0000_i1029" style="height: 4in; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 203.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="bardo" src="file:///C:\Users\FERNAN~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image003.jpg">
</v:imagedata></v:shape></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">De resto, mesmo no
português corrente</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> borda</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> significa “limite, extremidade” (ao contrário
daquilo que sugerem alguns dicionários não é necessário recorrer ao francês
“bord”). Parece-me muito plausível a relação entre o “</span><b style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"><i>Brd”</i></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> [bared]
fenício e o bardo da toponímia, quer no sentido de separação de animais (curral,
aprisco), quer no sentido de limite, fronteira, extremidade, etc. Palavras com a
sequência consonântica “brd” e com o significado de “limite, fronteira” existem
em outras línguas europeias e o mais certo é que o radical “brd” seja
muito antigo e assim seja comum a muitas línguas, mantendo em todas elas um
significado genérico semelhante.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O termo “bardo” ainda é
usado atualmente e deve ter tido um uso muito prolongado no tempo. Existe nas
ilhas atlânticas. Nos Açores usa-se o termo para vedações feitas com arbustos
ou árvores para proteger do vento as hortas, mas também pomares e pastagens.
Existe ainda a forma “bardo do concelho” (ou “bardo do rei”, na ilha do Corvo)
que se refere à separação entre as terras mansas e o baldio. O mesmo nome
existe na ilha da Madeira para essa ideia de fronteira<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo é possível que
a própria palavra seja por vezes uma simplificação e “albarda”, termo frequente
na toponímia do continente e ausente nas ilhas atlânticas. Esta possibilidade
deve ser considerada seriamente porque existe um número significativo de sítios
com este nome e com vestígios arqueológicos do Neolítico e Calcolítico. De
resto este topónimo “Albarda” (e outros da mesma família) deve provir de “</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ø</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">lbrd”
com o significado de “alto da divisão”, e ser um topónimo de fixação muito
antiga relacionado com limites das comunidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Travasso<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outra família de
topónimos provavelmente relacionada com os gados e os locais onde eram
recolhidos é a que evoluiu a partir de “TRBŞ” (ugarítico) ou “TARBAŞU”
(acádio). Há muitos “Travessos”, “Travasso”, “Travessa”, “Travassô”,
“Travassós”, “Trave”, etc., que devem ter mesma origem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Repare-se, mais uma
vez:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">TRBŞ</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
(ugarítico) – curral, cortiço, reserva <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">TaRBaŞu</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
(acádio) – estábulo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É claro que pode haver
em alguns casos “travessos” e outros topónimos deste grupo que tenham origem no
“transversus” latino (oblíquo, transversal…) como referência toponímica a
atalhos entre caminhos principais. De resto a designação urbana de “travessa”
terá certamente essa origem. O que se disse a respeito da antiguidade dos
topónimos do grupo “Carapeto” aplica-se para este grupo de topónimos: já se
desconhece o significado original; a divergência fonética conduziu a uma
significativa diversidade de topónimos com a mesma raiz; há um número
significativo de sítios arqueológicos antigos (Neolítico e Calcolítico) que
ainda hoje têm nomes desta família. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por vezes o próprio
topónimo “trave” pode ter sido uma forma simplificada de TRBŞ, como será o caso
representado no mapa junto em que é duplicado por “Curral Velho”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Craveira</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Topónimos como
“Craveira”, “Corveira”, “Corveiro”, e possivelmente mesmo “Carvoeiro”, ao
contrário daquilo que pode parecer à primeira vista, não têm qualquer relação
com cravos, corvos ou carvão. Muito embora nos dicionários comuns não constem
palavras desta família com significado relacionado com gado, ainda hoje nos
campos do Baixo Alentejo Litoral o termo “corveiro” (sem grafia conhecida e com
pronúncia difícil de reproduzir por escrito - pronuncia-se talvez “cârveiro” ou
“crâveiro”) é utilizado, significando “abrigo para chibos jovens”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os termos “Corveiro”,
“Craveira”, etc. são como os anteriores de origem fenícia, e como alguns deles
contêm o radical “kr”, que significa “cordeiro”. A parte final destas palavras,
o “veiro” deve ter nascido de “vr’”, palavra fenícia que significa “criar,
engordar”. Assim, o “Corveiro” será traduzido a letra do fenício, “engorda de
borregos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há cerca de quatro
dezenas de sítios arqueológicos registados na “Base de Dados Endovélico” nas
proximidades de locais com nomes deste grupo. No entanto são quase sempre
posteriores à Idade do Bronze e mais frequentemente posteriores ao Período
Romano. <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-language: PT; mso-no-proof: yes;"><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_i1027" style="height: 313.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 221.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="Craveira" src="file:///C:\Users\FERNAN~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image006.jpg">
</v:imagedata></v:shape></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Roupeiro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Na Beira Baixa, no
Alentejo, e mesmo no Algarve usa-se o termo “roupeiro” para designar homem que
fazia queijos e que frequentemente era também pastor. Compreende-se que devido
à tradicional transumância dos gados, em que se ligavam os campos do sul às
serras do centro e do norte, e em que os pastores percorriam a pé com os
rebanhos centenas de quilómetros, que o pastor fosse não só o guarda dos
rebanhos, mas também o produtor dos queijos<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Daí a associação do nome a esta dupla função. Mas este nome deve ter nascido da
atividade de pastor e ter contaminado mais tarde a produção de queijos.
Observe-se que em fenício “rê’uparru” significa literalmente “pastor de
ovelhas”. Portanto, e ao contrário daquilo que possa parecer, este “roupeiro”
não tem qualquer relação com roupa ou com locais destinados a guardá-la. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">É um topónimo pouco
frequente e possivelmente relativamente recente, dado que não ocorre em
associação com estações arqueológicas. Também aponta para a sua pouca
antiguidade o facto de não surgirem formas corrompidas do termo original. Em
qualquer dos casos convém perceber que, por exemplo o “João Roupeiro” do
concelho de Aljezur, não é mais que a evolução (recente) de “šwh rê’uparru”,
que significa “planície de pastagem” ou “planície do pastor”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">RAPOSA</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">A origem do topónimo
“Raposa”, e dos que com ele partilham a mesma raiz, como “Raposeira”,
“Raposinha”, etc., tem certamente relação com pastores e em especial com
pastagens (podendo por vezes ter relação com a existência do carnívoro do mesmo
nome). É portanto um topónimo muito enganador, já que sugere a possibilidade de
se referir à existência do pequeno predador, quando efetivamente corresponde a
uma outra e bem diversa realidade. Anote-se que em vastas regiões do país o
carnívoro a que muitos chamam de “raposa” é conhecido por “zorra” e apesar
disso existem topónimos “Raposa”. A origem deste topónimo está certamente em “r</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Ø</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">h”, com o significado de “pastar,
apascentar” ou em “r</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Ø</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">i”, que significa “pastagem”, e em “aps” que significa “extremo, topo,
remate”. Assim, “r</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Ø</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">haps” deve ter dado origem a muitos dos topónimos deste grupo com o
significado de “limite da pastagem” ou “limite do pastor”. Claro que a
pronúncia original foi evoluindo com o passar do tempo até que acabou por se
confundir com a palavra “raposa” ou com outras como “raposeira”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Este termo antigo “r</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">Ø</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">hps” deixou marca nos falar de algumas
regiões do país. Por exemplo a palavra “rapujar”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></a>
é ainda hoje na ilha do Pico (Açores) como sinónimo de “pastar na relva”. Por
outro lado “raposinha”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></a>
é um termo que em Vila Real designa “erva rasteira”, pasto que é o mais
apropriado para as ovelhas.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; text-align: center;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para que se possa
compreender por que motivo penso que este é um topónimo bastante antigo,
impõe-se uma explicação prévia. As comunidades rurais tradicionalmente possuíam
terrenos livres, ditos de “baldios” (em tempos também designados por
“charnecas”). Embora não tivessem sido alvo de apropriação individual, os
baldios estavam ligados a comunidades das suas regiões, ou seja, eram
“propriedade coletiva” de uma aldeia ou eram mesmo terrenos de acesso livre a
pastores de fora da região. As serras e outros terrenos menos produtivos do
país foram baldios e o direito ao seu uso era geralmente dividido pelas
comunidades limítrofes em função de normas cujas origens se perdem no tempo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ora esses limites das comunidades
eram limites dos baldios, mas tornaram-se também limites de freguesia, de
concelho (porque os concelhos resultaram da coalescência de unidades menores) e
de distrito (porque o distrito resultou da coalescência de concelhos). Assim
ainda hoje se encontram muitos topónimos “Raposa”, “Raposeira”, etc. junto a
estes limites. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outra característica
curiosa que se associa a este topónimo é o facto de haver muitos vestígios
arqueológicos antigos em locais com este nome.
Acrescente-se que muitos deles são antas, mamoas e necrópoles de épocas
mais recentes. Este facto, evidentemente, não tem uma relação significativa com
pastagens, mas é consequência de se tratar de um limite. Nota-se que muitos dos
limites/fronteiras estabelecidos em tempos muito remotos eram assinalados com
monumentos vários, mas em particular por sepulturas. Funcionaria mesmo como uma
“certidão” de propriedade da comunidade: a prova de que a terra pertence a
alguém está no facto de já os seus ancestrais aí estarem sepultados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ruivo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com frequência os
topónimos “ruivo” ocorrem junto a ribeiras, em vales de pastagens naturais
densas e abundantes. Por isso parece provável que “ruivo” seja na origem o nome
dado a locais de pastagem fortes existentes nos vales de rios e ribeiras, e
seja proveniente de “røievu”, que em fenício significa “pastagem espessa”. Na
“Base de Dados Endovélico” pode perceber-se que existe um significativo número
de sítios arqueológicos classificados como “via” e identificados com topónimos
deste grupo. Este facto não deve ser tomado como consequência de “Ruivo” ter
alguma vez significado “via”, “estrada”. Essa realidade resulta apenas de as
estradas antigas (e muitas das atuais) apresentarem traçados que percorrem
vales, como melhor forma de vencer os declives. Ora a estrada, ao passar em
vales está também a passar em planícies férteis de pastagens densas. Desse modo
passa em locais de nome “Ruivo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tenho a noção de que
haverá outros locais cujos nomes sejam relacionáveis com a criação de gado e
pastoreio. Não penso por isso ter esgotado o recenseamento dos topónimos deste
grupo, mas julgo dar deste modo um contributo para o conhecimento dos
principais topónimos deste grupo e sobretudo para criar uma nova forma de olhar
e interpretar a toponímia. Se assim foi, já atingi o meu primordial objetivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> - <span style="font-size: 8.0pt;">Os termos fenícios usados neste trabalho foram
recolhidos no “Dicionário de Fenício-Português” de Moisés Espírito Santo. A
escrita original das línguas nele tratadas era geralmente consonântica pelo que
os sons vocálicos têm que ser acrescentados pelo leitor. A fonética provável de
cada expressão é explicitada entre parêntesis retos.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - este “kr” está evidentemente na origem de palavras
como “carneiro” e “cordeiro”. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - A origem pode também estar em “kh rpt” em que o “k”
surge como um prefixo de localização. De resto este “kh” surge como prefixo em
outros topónimos comuns em Portugal, como seja “Castro” (khstr – aqui proteção)
ou “Cabana” (kh bn – aqui casa).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - É o caso bem conhecido das “boma” Maassai da
Tanzânia.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - A este respeito ver também “Do Carapeto ao
carrapito” sobre a evolução fonética e semântica do “krrpt fenício, disponível
em: https://www.academia.edu/18386989/Do_Carapeto_ao_carrapito<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - Este facto pode ser confirmado com uma simples
consulta à “base de dados Endovélico” da Direção Geral do Património Cultural.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US" style="font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"> - In:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Curral<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - Moisés Espírito Santo, <i>Origens Orientais da Cultura Popular Portuguesa</i> seguido de <i>Ensaio Sobre Toponímia Antiga, </i>Assírio
& Alvim, 1988<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 9.0pt;"> Barros, B. F. e Guerreiro, L. M. <i>Dicionário de
Falares do Alentejo</i>, Porto, Campo das Letras, 2005.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - J. M. Soares de Barcelos, <i>Falares dos Açores</i>, Edições Almedina, 2008<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span style="font-size: 8.0pt;">-“Roupeiro” no Dic. do Falar de Trás-os-Montes é
“vendedor de queijos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: 8.0pt;">“Roupeiro” no Dic. do
Falar Algarvio é “homem que faz queijos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: 8.0pt;">“Roupeiro” no Dic. de
Falares do Alentejo é também “homem que faz queijos”</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - Dicionário de Falares dos Açores<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/G/OS%20GADOS%20NA%20TOPON%C3%8DMIA.docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-5331801077120497722015-11-15T10:41:00.001-08:002015-11-15T10:41:58.694-08:00Do Carapeto ao carrapito<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="text-align: justify;">Por vezes é difícil encontrar a
origem das palavras, porque a relação entre as coisas que elas representam e o
nome que usamos para as designar é tudo menos evidente. Assim, mesmo procurando
cuidadosamente nas línguas que originaram o português atual, muitas vezes não
se consegue perceber a origem de algumas palavas, a menos que seja possível
encontrar a relação que criou o nome. Estão neste caso as palavras como “carapeto”
e “carrapito”, de que falaremos em seguida. Vale a pena começar pela palavra “Carapeto”
enquanto topónimo, já que foi por esse estudo que encontramos a ponta do “fio
da meada”, mas antes vejamos os diversos significados da palavra “carapeto”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As palavras deste grupo podem ter
vários significados, todos eles explicáveis a partir de uma origem fenícia. No
que respeita à palavra “carapeteiro”, quando o termo que significa “mentiroso”,
pode dizer-se que a palavra resulta da justaposição de dois radicais fenícios –
“qr’” e “pth” – que de resto deram origem a outras palavras do português ainda
em uso. O termo fenício “qr’” significa “cara”, e veio precisamente a dar origem
à nossa palavra “cara”; o termo também fenício “pth” significa “deixar-se
enganar”, e deu origem à nossa palavra “peta” (mentira, engano, aldrabice). Portanto
percebe-se facilmente que o “qr’pth” fenício esteja na origem do nosso
“carapeteiro” com o significado de “mentiroso”. No entanto está bom de ver que
este conceito, por muito importante que possa ser na vida social de uma
comunidade, não reúne as condições para que se possa transformar em topónimo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há palavras da mesma família potencialmente
relacionadas com toponímia, entre as quais está o termo “carapeto” quando
significa “espinheiro bravo”, “pereira brava”, e “espinho” ou “plana
espinhosa”. Há na toponímia um grande número de sítios com nomes que devem ter
a mesma origem, como sejam “Carrapeto”, “Carapeto”, “Carapeteiro”,
“Carrapatosa”, “Carrapato”, “Carrapateira”, etc., termos que tiveram com toda a
certeza a mesma origem, mas evoluções fonéticas ligeiramente divergentes. A
origem dos termos que ocorrem na toponímia é bem distinta da anterior, e
deve-se à evolução de “Krpt”, termo fenício que significa genericamente “curral
de cordeiros” (“Kr” é um termo ugarítico e hebraico antigo que significa “cordeiro,
borrego” e “Rpt” significa em hebraico antigo “curral, estábulo”).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Portanto, Carapeto, Carapeteira,
Carrapateira, Carapito, etc. terão sido locais onde havia currais, ou melhor,
comunidades de pastores, e a palavra, como se viu, deve ter nascido do fenício
precisamente de “Krrpt”, que significa à letra “curral de cordeiros”. A relação
entre o “curral” e a pereira brava, o espinheiro ou mesmo o espinho, não é
imediata e tem que ser deduzida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os abrigos para animais mais
antigos que o Homem construiu terão sido certamente feitos criando de cercas de
arbustos espinhosos, como de resto ainda acontece em algumas regiões de África.
É claro que cercas feitas para proteger os gados de predadores e de roubos,
construídas com arbustos espinhosos, não deixam vestígio arqueológico, sendo
por isso impossível demonstrar a relação entre o topónimo e a antiga atividade,
mas julgamos que a analogia com práticas que sobreviveram até aos nossos dias
dão crédito à ideia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, se os recintos assim construídos
eram conhecidos por “carapeto”, e se hoje em dia chamamos “carapeto” aos
arbustos espinhosos como a pereira brava e o espinheiro bravo (ou pilriteiro),
é fácil admitir que o nome dado ao recinto tenha contaminado os arbustos
espinhosos com os quais eram construídos os próprios recintos. Mas o nome que contaminou
os arbustos espinhosos acabou por ser aplicado também aos próprios espinhos, e
por isso se usa hoje a palavra “carapeto” como sinónimo de “espinho".</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas curiosamente esta relação
carapeto/espinho não ficou por aqui. Um espinho, agora chamado de “carapeto”,
era usado para prender o cabelo quando se enrolava em forma daquilo que hoje
chamamos “carrapito”. A relação é óbvia. Agora o espinho chamado de “carapeto” dava
o nome a um penteado. Com o tempo ao cabelo enrolado daquele modo passou a
chamar-se carrapito, fosse ou não o cabelo preso com um espinho. Hoje o
carrapito pode ser preso com ganchos, com fitas, com elásticos… e raramente com
algo em forma de espinho. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O nome “carrapito” é afinal
resultado de uma longa evolução que começa no cercado de plantas espinhosas onde
se guardava o gado, passa a designar os arbustos espinhosos e os seus espinhos,
e finalmente vai ser aplicado ao espinho que prendia o cabelo e finalmente ao
próprio cabelo enrolado. <o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A língua tem destas coisas…<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foto de Boma Massai, in: <a href="http://www.awf.org/sites/default/files/pictures/2008/09/boma.jpg">http://www.awf.org/sites/default/files/pictures/2008/09/boma.jpg</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foto Espinheiro com bagas, in: <a href="http://omeujardim.com/files/styles/600x340/public/plantas/fruto-1_crataegus_monogyna.jpg?itok=aMmbtAZJ">http://omeujardim.com/files/styles/600x340/public/plantas/fruto-1_crataegus_monogyna.jpg?itok=aMmbtAZJ</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foto de espinhos, in: <a href="http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/wp-content/uploads/sites/19/2014/04/coroa.jpg">http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/wp-content/uploads/sites/19/2014/04/coroa.jpg</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foto do “carrapito”, in: <a href="http://www.frannyslonghairstyles.com/Updos/Infinity_Bun_Updo.jpg">http://www.frannyslonghairstyles.com/Updos/Infinity_Bun_Updo.jpg</a><o:p></o:p></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-72992678200641877022015-05-28T07:23:00.001-07:002015-05-28T07:23:51.774-07:00<div class="MsoNormal">
A “BOLA” E O “BAAL”</div>
<div class="MsoNormal">
Quando uma das detidas do Estabelecimento Prisional de
Odemira sai em liberdade, as demais gritam "bola! bola! bola!
bola!!", num frenesim ensurdecedor.
No entanto, parece que já ninguém sabe por que motivo o fazem. É
interessante perceber que a explicação para este fenómeno curioso se prende com
o uso da nossa antiga língua de origem fenícia, que num ambiente fechado como é
uma prisão sobreviveu até hoje.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
De facto este "bola" que as prisioneiras gritam
incessantemente quando uma delas é liberta deve provir do termo fenício
"baal", que se referia por certo ao "senhor" (juiz, ou
qualquer outro tipo de figura que decidia sobre a liberdade dos prisioneiros).
Havia libertação de alguém quando o "senhor" (o baal) ia à prisão,
portanto os detidos gritavam "baal! baal! baal! baal!", pedindo ao
senhor que olhasse pela sua situação e tentando assim não ficar esquecido a
apodrecer na prisão. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Claro que o procedimento senhorial do velho "baal"
foi sendo substituído progressivamente por instituições mais modernas, e hoje já
não adianta gritar por ele para conseguir a libertação. No entanto o hábito
ficou e, muito embora já ninguém saiba porquê, todas gritam "bola! bola!
bola! bola!" quando uma de entre elas sai em liberdade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Outras palavras de origem fenícia relacionadas com prisões sobreviveram até nós. É o caso, entre outras, de "calabouço" (prisão infecta), "chui" (polícia), "chibo" (delator), etc. </div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-1164869171297739482015-03-31T08:56:00.000-07:002015-03-30T16:10:03.291-07:00Palavras portuguesas de origem fenícia<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Baskerville Old Face","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri;">O texto
que se segue corresponde a uma revisão ampliada de uma fração do livro “A
Origem da Língua Portuguesa”. Será por certo o bastante para demonstrar a
ligação óbvia entre a língua portuguesa e as línguas antigas do próximo
oriente. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O artigo definido feminino singular do
português “a” provém certamente do “h” [â] fenício, que é precisamente o artigo
definido tanto em ugarítico como em hebraico antigo. É habitual afirmar que os
nossos artigos tiveram origem no “illa” latino, mas não parece que essa
possibilidade seja razoável. De resto, como é sabido, o latim não tem
“artigos”, e também por isso é natural que os nossos artigos tenham uma outra
origem. Do “ille”, que é um pronome latino que significa “ele”, “ela” virá o
nosso “ele” e “ela”, mas certamente não o artigo “a”. Contudo, este “h”, que em
hebraico antigo e ugarítico era o artigo definido para os dois géneros e
números, acabou por se desdobrar nas quatro formas de artigo que usamos hoje em
português, seguindo as normas gerais das terminações para os diferentes números
e géneros.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se vulgarmente que a nossa palavra “aba”
provém de “alapa”, termo latino que significa “bofetada leve dada para libertar
um escravo (fazia parte do ritual da cerimónia da libertação dos escravos dar o
senhor uma pequena bofetada, sinal de liberdade)”. Machado, J. P. pensa que
terá uma “origem obscura”, mas não descarta de todo a hipótese “alapa”, com o
significado de “palma da mão”, ou eventualmente ter origem em “asa”, mas
sujeita a várias e complexas alterações fonéticas. De facto a nossa palavra
“aba”, enquanto prolongamento de um telhado, proteção, parte do chapéu, etc.,
deve provir, não do latim, mas antes do fenício, já que o termo fenício øb
[aba], significa “palio, alpendre”, ou seja “cobertura”, seja ela de pano ou de
materiais rígidos, (e daí também em português se aplicar ainda hoje tanto a
tecidos, “aba do casaco”, por exemplo, como a estruturas rígidas, “aba do
telhado”)<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Existem formas, fonética e semanticamente próximas: øwb [aôbe] significa
“obscurecer”, e “øwp” [aôpe] é “cobrir com trevas, desaparecer”, o que é
basicamente o mesmo. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABACELAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ainda hoje “abacelar” uma planta, seja ela
qual for, é cobrir com terra para que se não seque e se possa vir a dispor mais
tarde. Já assim o entendia D. Raphael Bluteau em 1712<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>,
dizendo: “<i>ABACELLAR uma planta. He
cobrirlhe com terra as raízes, para se dispor a seu tempo</i>”. A palavra é
claramente popular e rural, e quando assim acontece quase sempre a sua origem
está na língua popular fenícia e não na língua urbana e erudita de origem
latina. Os radicais fenícios “Øb”, “Øwb” e Øwp” estão na origem de muitas
palavras do português correspondem à ideia geral de “cobrir, obscurecer” e
evoluíram geralmente para o som “ab” (veja-se por exemplo “aba”). Também em
fenício a sequência “ṣel” corresponde a “sombra, proteção”. Assim, “abacelar”
deve ter nascido de “Øwbṣel” [abassel] com o significado de “cobrir para
proteção”. Parece assim de abandonar a ideia de que a palavra “abacelar” teria
nascido de “bacelo”, e esta do termo latino “bácullu”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABADA (levar uma)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Levar uma abada” é, por exemplo, perder por
uma grande diferença num jogo, e de algum modo ser humilhado pela situação. A
origem da palavra ada tem que ver com membros da igreja (abade). Deriva antes
do conceito genérico de “perecer, desanimar, ruína”, que é em hebraico antigo e
ugarítico “abd” [abade]. Esta ideia geral teve em ugarítico a grafia “hbț” com
o significado de “humilhar, abater”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABADE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">É facto que o termo latino “abba” significa
“abade, ou chefe de una comunidade religiosa”. No entanto o termo fenício “apd”
[abade] significa precisamente “veste sacerdotal” ou “veste cultual”. Este
“apd” fenício, que por certo é muito mais antigo que o termo latino, deve ter
convergido com o ermo latino paradar origem ao nosso “abade”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABADEJO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A “vaca loura” também é conhecida por
“abadejo”. É um inseto negro que quando incomodade expele uma gota de um
líquido amarelo (ver “vaca loura”). O nome “abadejo” deve provir de “Øôpadš”
que significa em fenício “inseto das debulhas”. De facto é pelo tempo do final
da primavera e princípio do verão que este inseto se torna partivularmente visível,
e daí o nome. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABAFAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “abafar” pode ter significados
diferentes, muito embora relacionados. Pode significar “cobrir com roupa”, com
“abafos”; pode significar “impedir a respiração” (cobrir a boca); pode querer
dizer “furtar”, “fazer desaparecer” (de algum modo “ocultar”, portanto “fazer
desaparecer”). Usualmente afirma-se que a palavra “abafar” tem origem em
“bafo”, e que esta palavra é de origem onomatopaica. As palavras “øb” [aba],
“øwb” [aôba], ou “øwp” [aôba] têm em fenício relação direta com a ideia de
“cobrir” e “fazer desaparecer” (ver “aba”). Por outro lado “azh” [azâ] é
“aquecer” e “øz” [âza] é proteção. Parece portanto possível que quando se usa a
palavra “abafo” no sentido de “roupa quente” a origem possa ser “øbazh”
[abazâ], com o significado de “cobrir para proteger”, ou “cobrir para aquecer”.
No entanto, a ser assim, teria que se admitir que o “z” fenício passaria a “f”
português, o que não parece ser comum. Quanto aos restantes sentidos em que se
usa a palavra “abafar” (roubar, e asfixiar) podem resultar da ideia original de
“fazer desaparecer” e “cobrir”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABAFAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Usado no séc. XVIII no sentido de “cobrir de
nuvens, escurecer”. Em Raphael Bluteau encontra-se a frase “(…)Vaise o ceo
abafando” usada precisamente nesse sentido de “obscurecendo com nuvens. A
palavra deve er origem em “Øwb”, termo fenício que significa precisamente
“obscurecer, cobrir de nuvens”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABAIXO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “baixo”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABALAR (ir, vir)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso verbo “abalar” provém de abalu [abale]
ou de wabâlu [âabâle], que significa em assírio “trazer, levar, carregar”.
Também em acádio existe um termo próximo, “abalu” [abale], que significa
“trazer, levar”, enquanto em hebraico antigo o termo equivalente é “ibl”
[abale] quer dizer “trazer ou ser trazido”. Usualmente afirma-se que o verbo
“abalar” teria tido origem numa hipotética palavra latina “advallare”.
Evidentemente que essa hipotética palavra “advallare”, que significaria num
latim hipotético “lançar-se no vale, ao fundo”, não tem o menor sentido. Parece
claro que o nosso verbo “abalar” tem origem nas formas fenícias “wabalu”,
“abalu” ou “ibl”, que lhe correspondem perfeitamente tanto na fonética como no
significado. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABALAR (estar comovido, sensibilizado)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra, quando usada no sentido de “estar
enfraquecido, estar impressionado, estar comovido”, deve ter origem em “abl”
[abala] que significa em fenício “lamentar, estar de luto, ritual fúnebre”. A
raiz desta palavra deve ser comum a “abulia” (ver), termo que chega a nós por
via erudita a partir do grego (de “abaulikós” – “o que tem falta de vontade”),
mas que partilha com as línguas semitas antigas do grupo Noroeste a mesma raiz.
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABANAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Dizem os dicionários que o nosso verbo
“abanar” tem origem numa hipotética palavra latina “vannare”, através de uma
outra palavra latina hipotética “evannare”, ou “advannare”, que significaria
“cirandar, passar pelo crivo”. Repare-se que na origem das palavras
tradicionalmente aceite se sucedem as palavras hipotéticas, o que não dá
crédito às possibilidades de etimologias sugeridas. No entanto existe uma
possível relação entre o nosso “abanar” com “vannere” e “evannere”, palavras
latinas que significam “joeirar” (joeirar implica “abanar”). Existe em fenício
a palavra “øwp” [aôba] que significa “vibrar”, e “nwø” [nôâ] é “oscilar, mexer,
estremecer”. Portanto “abanar” tem por certo origem em “øwpnwø” [aôbanôâ] é
“mexer vibrando”, ou “estremecer o que vibra”, etc. Repare-se que há certamente
uma raiz comum entre o “øwpnwø” [aôbanôâ] fenício e o “evannere” latino. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABANCAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “banco”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABANDONAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso verbo “abandonar” deve provir do
radical fenício “abd”, que genericamente corresponde à nossa ideia de “estar
perdido”: em ugarítico “abd” significa “perder-se, sentir-se perdido”, e em
hebraico antigo é “perder-se, vagar, errar, desanimar, etc. No caso desta
palavra ocorreu uma nasalação em que o “abado” das línguas do oriente passou a
“abando” no ocidente: em castelhano “abandonar”; em francês “abandonner”; em
inglês “abandon”; em provençal “abandouna”, etc.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABANO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “abanar”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABARROTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A evolução de alguns termos de origem remota é
por vezes difícil de determinar porque a sua fonética se modificou com a
passagem dos milénios, ou porque o significado inicial das palavras evoluiu.
Este último é por certo o caso da nossa palavra “abarrotar”. Raphael Bluteau,
no seu “Vocabulário Portuguez e Latino”, é explícito quanto ao significado que
a palavra tinha no final do séc. XVII e princípio do séc. XVIII. Diz ele:
“ABARROTADO, navio.Aquelle que està carregado atè as escutilhas, e tão cheio que
não pode leva mais carga”. É portanto de admitir que o conceito tenha nascido
da ideia de “ser muito pesado”, e que possa ter relação com a coisa mais pesada
que se conhecia, e que era o chumbo. A palavra chumbo em acádio diz-se “abaru”,
mas em hebraico antigo é “Øprt” [ôpèrèt]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>, e
pode ser esta ideia base que está na origem da palavra. Inicialmente o navio
abarrotado terá sido o que carregava algo pesado (como chumbo), mais tarde
simplesmente o que ia com a carga completa, e ainda depois o conceito passou a
aplicar-se a tudo o que esteja muito cheio. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABASTADO <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Possivelmente relacionado com a raiz “bušu”
(acádio e assíro) que significa “tesouro, posses, haveres, bens”, e com “êdu”
que é “particular, notável, conhecido”. Pode contudo ter relação com “baštu”
que significa “vigor; força vital”, e que deu origem à nossa noção de “basto”
no sentido de “denso, abundante”. Pode por isso este “basto” ter dado origem a
várias palavras próximas como seja “bastar” (“ser suficiente”, ou melhor, “ser
suficientemente abundante”), “abastecer” (ver), etc. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABASTECER<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Tal como em “abastado” (ver) pode haver uma
relação com o termo fenício “baštu” que significa “vigor; força vital”, e que
deu origem à nossa noção de “basto” no sentido de “denso, abundante”. A
possibilidade geralmente aceite de a nossa palavra “abastecer” ter nascido de
uma hipotética palavra latina “baštu”, que se alguma vez tivesse existido
poderia ter significado “tapado, cheio”, não parece ser de aceitar. Raphael
Bluteau refere a existência da palavra “bastecer” com o significado atual de
“abastecer”, pelo que a hipótese de a origem da palavra (e de outras palavras
próximas) se encontrar no fenício “baštu” parece consistente.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABATER<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O verbo “abater” é um caso curioso de uma
palavra de origem fenícia que passa com facilidade por ter uma origem latina. De
resto deve ter existido, neste e em muitos outros casos, um fenómeno a que
poderemos chamar “convergência” entre palavras de origem fenícia e latina na
formação do português. Por um lado existe o termo latino “battuere”, que
significa “bater, ferir” (e que evidentemente está na origem do nosso verbo
“bater”), mas existe em fenício o termo “hbţ” [âbate], que significa “humilhar,
abater”, e que evidentemente é a origem direta do nosso “abater”. A potencial
confluência semântica e fonética é evidente, já que se pode facilmente
encontrar uma relação entre o ato de bater (ou de ser batido) e o estado de
abatimento, e que do ponto de vista fonético a semelhança entre os dois
radicais é evidente. No entanto, mesmo no sentido físico, o nosso “abater” deve
ter relação com as línguas antigas do Médio Oriente, já que “abatu” em acádio e
assírio também significa “destruir, devastar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABÉBIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “abébia”, que significa “ter
uma facilidade”, “conseguir algo gratuitamente”, etc. deve ser de origem
fenícia como quase sempre acontece com as palavras usadas na linguagem popular
e mais informal. O radical hebraico antigo “abh” [abe] significa “aceitar,
estar disposto a, concordar em”. Por outro lado o termo “øbr” [âber] significa
na mesma língua “oferendar, perdoar”, e em ugarítico “perdoar, convidar”. Deste
modo, “abhøbr” [abeâbear] será algo como “estar disposto a convidar”,
“concordar em perdoar”, “aceitar convidar”, etc. A única dificuldade que surge
nesta interpretação corresponde à perda do “r” final, o que, embora não seja
improvável, parece não ser muito usual.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABELAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">(Ver “avelar”)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABESPINHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “abespinhar” deve ser de
origem fenícia e provir de “apøzpn” [abêzepene], que significa “semblante de
face violenta” ou de “apzøppn” [abezêppene], que quer dizer “semblante de face
furiosa”. Evidentemente que a hipótese habitualmente aceite de o verbo
“abespinhar” ter alguma relação com “vespa” não parece ter sentido. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABÓBADA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Os dicionários usualmente referem que a
palavra “abóbada” teve origem numa hipotética forma latina “volvita”, part.
pass. fem. pop. de “volvere”, que significa em latim “voltar; revirar”.
Evidentemente que esta possibilidade é pouco verosímil, e em fenício pode ser
encontrada uma possível raiz bem mais aceitável. A forma “øwb” significa em
fenício “obscurecer, cobrir com nuvens”; a forma “øwp” é “estar escuro, cobrir
com trevas”; “øb” é “alpendre, baldaquino”. Por outro lado “bt” (ou “bitu”) é
“casa, palácio, templo, sala”. Assim, “øwbbt” [âobabete] será “cobertura da
casa”, “cobertura do palácio”, etc. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABOBADILHA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A raiz da palavra é evidentemente “abóbada”,
mas o seu final deve corresponder a “dl”, que significa “fraco”. Assim
“abobadilha” é uma “abóbada fraca”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABRIGO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “abrigo” parece ser um caso muito
interessante de evolução convergente entre um termo latino e um outro fenício.
Em latim “apricari” que significa “aquecer-se ao sol”; em fenício “briḥ”
[brigâ] é “ferrolho, tranca, muralha”. Assim se dizemos que um local é
“abrigado” porque “é soalheiro, não ventoso, etc.”, a origem da palavra será
latina, mas se dizemos, por exemplo, que “alguém procurou abrigo numa esquadra
de polícia”, a origem desta palavra é fenícia com certeza. No entanto há uma
clara convergência na ideia geral de “proteção” (do frio, num caso, em busca de
segurança nos outros).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABROLHO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Abrolho” é “espinho; espécie de pua; rebento,
gomo; planta prostrada que produz frutos espinhosos e é espontânea em
Portugal”. Dizem os dicionários comuns, seguindo entre outros Machado, J. P.,
que a palavra “abrolho” provém do latim “aperi oculos”, que significa “abre os
olhos”, mas mesmo numa observação superficial se notará que é uma relação
improvável e forçada. A origem da palavra é obviamente outra. Em fenício,
“abaru” [abare] é “gancho”, e “ølh” [ôlê] é “folhas, folhagem”. O nosso
“abrolho” deve provir assim de “abaruølh” [abareôle] com o significado de
“folhagem espinhosa”. A questão contudo é um pouco mais complexa, porque este
“abaru” que efetivamente significa “gancho”, está muito próximo de vários outros
termos que significam “seara, ceifa” (“aburu”, “eberu”, “eburu”), podendo haver
uma qualquer relação não compreendida entre as searas e os “abrolhos”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;"> ABULIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se “abulia”, que provém do grego
“aboulia”, que significa “irreflexão”, mas terá relação com outro termo grego
“abaulikós” que significa “o que tem falta de vontade”. É possível que seja
essa a verdadeira origem da palavra no português, visto que a “abulia” é uma
palavra erudita que não se usa entre as populações rurais. Deve contudo
observar-se que é pouco provável qualquer influência direta do grego sobre o
português. Por outro lado “abl” é, em fenício “observar ritos fúnebres, luto,
enlutado”, o que corresponde à atitude abúlica, ou seja, à ausência de vontade
e ação. Como em muitos outros casos deve haver um radical antigo e comum a
muitas línguas antigas do Mediterrâneo, sendo por isso difícil dizer por que
via chega até nós. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ABUTRE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “abutre” é geralmente dada como
sendo proveniente de “vulture”, que em latim significa precisamente “abutre”.
Esta hipótese até seria aceitável, se não existisse em fenício uma outra mais
credível: “øbt’r” [âbetôr] é literalmente “ave que descreve círculos”, ou “ave
que dá voltas”. Note-se como também a forma latina “vultur”, ou “voltur” é
próxima da forma latina “voluto”, que genericamente significa “rolar” “dar
voltas”. Ser “a ave que dá voltas”, foi certamente essa característica dos
abutres que lhes deu o nome nas duas línguas. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACABAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O verbo “acabar” é um caso muito interessante.
Tem origem na palavra fenícia “øqb”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[âqaba], que significa “chegar ao fim; parte final; até ao fim”, e a partir
dela se constrói o verbo regular que conhecemos, o verbo “acabar”. Será quase
desnecessário dizer que se entende como sem fundamento nem razão de ser a
etimologia geralmente aceite que assenta num hipotética palavra latina
“accapare”, palavra essa que nunca existiu. O interesse desta e de outras
situações semelhantes está sobretudo em perceber como se forma um verbo regular
em português a partir da palavra fenícia, portanto como se aplica a estrutura
gramatical do português à palavra fenícia. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACADAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “acadar” (que significa
“agarrar, alcançar”) provém de um hipotético termo latino “accapitare” que
significaria “receber, segurar”. Contudo este termo, que hoje praticamente não
se usa, provém certamente de “øqd” [âqada], que em fenício significa “amarrar”,
e é por certo esta a origem da palavra “acadar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇAFÕES<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “safões”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇAFATE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “açafate” pode provir de “aspath”
[asefatê], que significa em fenício “trazer a colheita”, e resulta da junção de
dois radicais: “asp” [asefe], que significa colher, colheita, reunir, recolher,
etc., e “ath” [atê] que é “vir, trazer”. A etimologia proposta habitualmente
para esta palavra relaciona-a com a palavra árabe “as-safat” é potencialmente
convergente com a fenícia.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACABRUNHADO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Tal como “acanhado” (repare-se que acabrunhado
é “aca+bru+nhado) a palavra contém os radicais “aku” [ake] significa em fenício
“infeliz, indigente, fraco” (“órfão” em assírio e acádio é “eku”), e “ndh”
[nadê] é “excluir, afugentar”. Além destes radicais tem ainda a sílaba “bru”
que deve provir de “Øbrh”, que significa “emoção, arrogância”. Assim estar
“acabrunhado é estar “excluído e de emoção infeliz”. É evidente que a palavra
latina hipotética “caproneare” não faz qualquer sentido. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACAGULADO <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ou “acugulado”. Ver “cagulo”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇAIME<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “açaime” (também escrita como
“açamo” e “açaimo”) é um aparelho geralmente de couro que serve para impedir os
cães de abrir a boca. Alguns dicionários aceitam tratar-se de uma palavra de
“origem obscura, enquanto outros tentam encontrar a origem da palavra no “árabe
vulgar”. De facto a palavra tem certamente a mesma origem que a maioria das
outras palavras do português, ou seja, radica na língua pré-romana do povo a
que vimos chamando de “fenício”. De facto em fenício “ḥsm” significa “atar,
fechar”, e “Øṣm” significa igualmente “fechar”. Não parece haver dúvidas que é
neste “atar” ou “fechar” que está a origem do nosso “açaime”, e não em qualquer
outra palavra desconhecida ou inventada.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACANHADO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “aku” [ake] significa em fenício
“infeliz, indigente, fraco” (órfão em assírio, “eku” é também “órfão” em
acádio), e “ndh” [nadê] é “excluir, afugentar”. Portanto, “acanhado” provém de
“akundh” [akenadê] e refere-se ao “fraco excluído”, ou a um “órfão excluído”.
Claro que a explicação apresentada habitualmente para a origem da palavra
“acanhar” – “a + canho + ar” não faz sentido, para além de cometer o erro
habitual de admitir que o infinito do verbo - “acanhar” - precede o adjetivo
“acanhado”, o que evidentemente não é verdade. Como em tantos outros casos a
formação do verbo regular do português, bem como de outras palavras derivadas,
resulta de um termo fenício após ser sujeito à aplicação de normas gramaticais
gerais do português. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACATAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Acatar” é “obedecer”, é “cumprir ordens ou
recomendações de alguém”… A palavra implica uma relação de autoridade, em que
quem “acata” se submete ao poder de outrem. Tal como em “acanhado”, a raiz
fenícia “acu” significa “ser fraco, ser indigente, ser infeliz” (também
“órfão”). Entre nós parece claro que pelo menos em certa época serviu para
referir pessoas de baixo estatuto social, ou melhor, o seu aspeto e postura na
sociedade (“acatar”, “acabrunhado”, “acanhado”). A nossa palavra “acatar” deve
deste modo provir de “akuaț”, em que “aku” se aplica como se viu a quem está
numa posição inferior e em que o radical “aț” significa “brandura, mansidão,
afabilidade”. Assim, pode dizer-se que o que acata está na condição se “ser
fraco e brando”, “ser fraco e afável”, etc. Evidentemente que a origem
geralmente proposta para esta palavra, uma hipotética palavra “accaptare”, que
significaria “procurar, obter”, não faz qualquer sentido.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACEIFA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “ceifa”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACAREAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “acarear” significa genericamente
“promover o encontro, juntar”, quer se trate de “acarear” coisas para levar
para casa, quer se trate de “pôr em presença testemunhas para que ajustem os
seus depoimentos”. Por exemplo, um dicionário propõe um “a+cara+ear”, o que,
sem que os seus autores saibam, quase está de acordo com o que parece ser mais
aceitável: “a+qrh+ar”. “Qrh” [carê] é uma palavra que existe no fenício e que
significa “encontrar” (“qhrh” [cârâ] ou “qrh” é também “encontrar”, “deixar-se
ver” e “cara”); “qri” significa “encontro”, e “qry” é “encontrar-se com”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACEIRO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A origem da nossa palavra “aceiro”, usada no
sentido de “terreno limpo em volta de uma propriedade para a proteger dos
incêndios”, não tem qualquer relação com “aço”, nem com a eventual raiz latina
desta palavra. Deve pelo contrário provir do termo fenício “ḥṣr” que significa
“área cercada”. É interessante aqui verificar que o som aspirado que existia no
início da palavra nas línguas do oriente simplesmente desapareceu dndo origem
ao nosso som “a”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACEPIPE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “acepipe” provém do árabe
“az-zabib”, que significa “passa de uva”. No entanto há igualmente a
possibilidade de a origem da palavra ser “asp” [asepe] que significa “colheita”,
e de “iph” [ipê], que significa “bonita, tornar-se bela”. Portanto “aspiph”
[asepeipê] é “bela colheita”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Admite-se geralmente que a palavra “acha”
provenha do termo latino “astula” ou “assula”, que teria evoluído para “astla”
ou “ascla” de onde finalmente se teria convertido na nossa “acha”. No entanto
em fenício “øṣ” [ache] ou “øṣh” [âchê] significa “cepa, madeira, haste”. Por
outro lado “azh” [azê], que é “acender, atear (fogo), aquecer”, ou “aš” [ache],
significa “fogo, pouco, insignificância”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[5]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. Há
certamente uma relação entre todos estes termos que ainda se encontra na
palavra “acha” do português – tal como hoje, a palavra devia referir-se a
“madeira”, mas apenas a “madeira para queimar”, e não a madeira destinada a
outros fins. Em qualquer dos casos parece mais verosímil a hipótese da origem
fenícia para esta palavra, que da origem latina.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHADA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Uma “achada” é um retalho de terra aplanada
numa região de declives fortes. Dizem os dicionários usados habitualmente que o
termo provém de uma forma hipotética do latim “aplanata-”, por “applanata-”,
particípio passado feminino de “applanare”, “aplanar”. Face a uma tão complexa
construção teórica, o leitor fica esmagado com a pretensa sabedoria que ela
implica, e não pode senão admitir como correta esta análise. No entanto… quem
pegue num dicionário de fenício verá sem dificuldade que “ašd” [achade] é
“encosta, vertente, declive de montanha”… É bom de ver que a tal “aplanata”,
que nunca existiu, não passa de uma construção imaginada por quem também pensa
que a nossa palavra “chão” provém de “planu-”, quando efetivamente provém do
termo fenício “šwh” [chââ]. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Dizem alguns dicionários que a palavra “achar”
provém da palavra latina “afflare”, por “adflare”, que significa, ao que dizem,
“farejar, encontrar”. Em fenício “ašr” [achare] significa “rasto, pegada, atrás
de”, e é uma hipótese interessante para a origem da nossa palavra “achar”,
tomada nesse mesmo sentido. Já quando usamos a palavra “achar” no sentido de
“exprimir a opinião”, a origem será também fenícia, mas residirá no termo “øs”
[ache], que quer dizer “exprimir”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHAQUE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “achaque” não deve provir do árabe
“ax-xaqq” com o significado de “dúvida, suspeita”, mas antes de “asakku”
[achake], termo fenício (no caso assírio) com o significado de “doença”. De
facto “achaque” é uma doença súbita, e não uma “dúvida” ou uma “suspeita”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHATAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “achatar” tem origem em “øšt”
[âchate], que significa “lâmina, chapa, ser liso”. Aceita-se tradicionalmente
que a origem da palavra “chato” esteja no termo grego “platýs” (largo, amplo),
pelo latim “plattu-” (plano), formas que efetivamente não devem ser
consideradas para perceber a origem do nosso verbo “achatar” e das palavras com
ele relacionadas. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHEGA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Não é fácil aceitar que “achegar” provenha do
“applicare” latino, termo que deu origem ao nosso verbo “aplicar”. No entanto a
verdadeira origem da palavra será por certo “ašsg’” [acheseg], que significa
“crescer um pouco”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACHINCALHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “achincalhar” e as da mesma família
devem provir de “øšq all” [âcheqalle], que significa “oprimir o
insignificante”. Ao contrário que geralmente se propõe nos dicionários, não
deve provir de um jogo popular, o “chinquilho”, que nada tem que ver com a
ideia de “achincalhar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACICATAR <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “acicatar” provém do
árabe “as-siqqat”, que significa (pontapé, ponta de ferro), no entanto em
fenício “sikkatu” [sikate] também é “ponta, cavilha, flecha, faca”, e
“azsikkatu” [azsikate] (“az” significa “constranger, apressar-se, ter pressa”)
será “apressar ou constranger com a ponta”, ou como se dirá também hoje,
“picar”. No fundo, tanto do ponto de vista fonético como do ponto de vista
semântico é possível encontrar a origem da nossa palavra “acicatar” tanto no
árabe como no fenício.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACIMA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “acima” corresponde a anexação
do atrigo fenício “a” à palavra “cima”, que por sua vez provém do termo “kima”,
que significa precisamente “cimo” (ver “cimo”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Possivelmente o termo tem origem em “øz”
[âze], que em fenício significa “forte, duro”, e não em “aceiro”, que seria
palavra resultante do “aciariu-” do “latim tardio”, conforme se pretende em
alguns dicionários. Poderá no entanto provir de um outro termo latino, “acies”
que, esse sim tem relação direta com objetos cortantes e aguçados. Raphael
Bluteau refere expressões em uso nos séculos XVII e XVIII que reforçam a
hipótese de a palavra “aço” ser de origem fenícia e significar “forte, duro”:
“dar aço ao ferro”; “dar aço a lamina huma espada”. Estamos neste caso (como em
muitos outros) confrontados com a possibilidade da convergência entre termos
das duas línguas, termos esses que podem ter originado a palavra portuguesa
atual. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇODAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Açodar” significa “apressar”, e entende-se
facilmente que provenha de “az dhr” [azedâre], porque esta expressão significa
em fenício “apressar-se a correr”. A origem onomatopeica proposta em alguns
dicionários é até difícil de compreender. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇOITE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">É possível que haja uma convergência entre os
termos fenício e árabe para a formação da palavra “açoite”. Em fenício “øz”
[âze] é “ser forte, violento, duro” e “šôt”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[6]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[chôte] significa “açoite, chicote”, portanto “øzšôt” [âzechôte] será “chicote
violento”, ou algo equivalente. No entanto, em árabe existe a palavra “as-sót”,
que também significa “chicote”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇOR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “øṣr” [âssere] é “ave, pássaro” em
fenício. A etimologia habitualmente aceite relaciona a palavra “açor” com a
palavra latina “acceptore”. No entanto é claramente mais provável a origem em
“øṣr” [âssere], já que a pronúncia é mais próxima da palavra portuguesa. No que
se refere ao arquipélago dos Açores, como é sabido, não há nem nunca houve nele
açores, no sentido moderno do termo. O que houve foram aves de rapina a que o
povo chama “milhafres” ou “queimados”, e que é uma variedade de <i>Buteo buteo</i>. É bastante provável que a
confusão de nomes tenha tido origem no facto de os marinheiros usarem ainda o
termo “açor” no sentido antigo e fenício, ou seja “aves”. Eram portanto as
“ilhas das aves”. O nome ficou, e com o tempo prevaleceu o significado urbano e
moderno do termo, ou seja “açor” como <i>Accipiter
gentilis</i>, que é espécie que efetivamente nunca existiu naquelas ilhas.
Situações como esta levam a crer que no século XV o povo ainda falava uma
língua com forte componente fenícia, muito embora os escritos feitos pelos
letrados urbanos e latinizados possam fazer crer o contrário.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AÇORADO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “açorado” significa “muito desejoso,
sôfrego, ávido”. Diz-se que tem origem no comportamento do açor, pois esta ave
persegue a presa com muito ímpeto. Como acontece com frequência, as deduções
que fazemos são fruto do conhecimento que temos, e esta dedução parece lógica
até se saber que “asr ød” [aserâde] é “tempo de abstinência”, ou melhor
“durante o tempo de abstinência”. Portanto o termo refere-se ao desejo intenso
que existe durante a abstinência, e não deve ter relação com os açores (exceto,
claro está, que os açores também são deixados com fome antes da caça…).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACORDAR
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “acordar”, usada no sentido de
“despertar”, não provém certamente da ideia de “estar de acordo”. Sendo assim,
a origem da palavra deverá ser distinta da que tem sido aceite. De facto, em
fenício, “ik øwr ødd” [ekôôrôde] significa “assim que / acordar / levantar-se”.
Portanto “ikøwrødd” evoluiu certamente para “akourd”, e daí para o nosso verbo
“acordar”. Habitualmente aceita-se que o nosso termo “acordar” no sentido de
“despertar” tenha a mesma origem de “acordar” no sentido de “estar de acordo”,
o que parece não ter sentido.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACOSSAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Acossar é “perseguir, dar caça”. O verbo
“acossar” deve ter nascido da palavra “acossado”, e esta das raízes fenícias
“aku”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[7]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
e “ṣadu”, que significam precisamente “caçar o que é fraco”. Parece claro que
as hipotéticas palavras latinas criadas para justificar a origem latina do
nosso “acossar” não são aceitáveis.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACOSTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “costa”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ACUAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Acuar” é um term em desus. Significa
“empurrar para um canto”, “parar e não querer andar”, “desistir”, “esmorecer”,
“fazer parar”… Costuma dizer-se que a palavra provém de uma hipotética palavra
latina “acullare”, e esta, se alguma vez tivesse realmente existido, teria
nascido de “culu”, que significa “anus”. Parece contudo mais provável e lógica
a relação com o termo fenício “ḥk”, que significa “aguardar, esperar; vacilar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">-ADA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O sufixo “ada”, ou “ado” é dado como sendo de
origem latina. Ele exprime fundamentalmente as ideias de “conjunto, quantidade
elevada, duração e ação”. Existem em fenício termos que se adequam
perfeitamente a estas significações, e que correspondem foneticamente ao sufixo
português “ada” ou “ado”. Por exemplo, “ødh” [âdâ] ou “ød” [âde] é “reunião,
junto a, em torno de”, e cada vez que dizemos palavras como “macacada”,
“feijoada”, “armada”, “vacada”, “papelada”, “latada”, etc., estamos certamente
a utilizar este termo fenício como sufixo. Também quando corresponde à ideia de
“duração, tempo durante o qual”, deve provir de “ød” [âde], com o significado
de “quando, enquanto, tempo”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ADAGA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Dizem alguns dicionários que a palavra “adaga”
provém de um hipotético termo latino “daca”, que significaria “punhal”. Mas,
trata-se mais uma vez de uma palavra hipotética cuja existência nunca foi
verificada. Raphael Bluteau refere uma possível origem germânica (daguen), com
contaminação para o francês (daque) e para o italiano (daga). Curiosamente a
origem da palavra será foneticamente semelhante a esta proposta, só que o
significado e a língua de origem são outros. A nossa palavra “adaga” deve
provir de “ødi” [âdi], que quer dizer “ornamento, enfeite”, e “daku” [dake], que
significa “matar, destruir, submeter”, ou de “dk” [dake], que é “nobre”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[8]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Assim, “adaga” provirá da expressão “ødi dk” [âdidake] que será “ornamento de
nobre”, ou de “addake” que será “ornamento de matar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ADÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Tal foi a vontade de encontrar uma origem latina
para todas as palavras do português, que mesmo a palavra “Adão” (que como todos
sabemos é um nome hebraico referido pelo Antigo Testamento como sendo o nome do
primeiro homem), que mesmo esse nome é dado como sendo de origem latina! “Adão”
seria assim proveniente de “Adamus”. Diz nomeadamente J. P. Machado que “a
hipótese mais plausível liga-o ao assírio “adamu”, “fazer, produzir”; desta
maneira o Homem é uma criatura, um ser “feito, produzido”. Claro está que a
origem da palavra “Adão” não é esta, mas por este exemplo se vê o profundo
desconhecimento das línguas antigas do Próximo Oriente. Em relação a este nome
farei uma análise um pouco mais detalhada que o habitual. Vejamos então de onde
poderá vir a palavra “Adão”:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Adm” em ugarítico significa “homem,
humanidade, gente”;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Adm” em hebraico antigo significa
“humanidade, ser homem”;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Admh” em hebraico antigo é “Terra (planeta),
terra (chão, território, etc.);<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Adn” em ugarítico é “senhor, pai”;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“edenu” em acádio e assírio é “pessoa só”;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Adôn” em hebraico antigo é “senhor, dono,
patrão”;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Adôni” em hebraico antigo é “meu senhor,
Senhor (Deus);<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“ødn” (âdan) em hebraico antigo é “viver em
delícias”;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“ødnh” (âdanâ) em hebraico antigo é “desejo,
prazer”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Se se atentar com alguma profundidade sobre os
significados das palavras foneticamente próximas de “Adão” veremos que elas têm
significados que correspondem às características principais do “Adão” bíblico:
o “Homem”; a “Terra”; “Deus”; “viver em delícias” (o éden, o paraíso); “pessoa
só”; “desejo, prazer” (a tentação da carne e a saída do paraíso). Além disso,
se pensarmos em formas compostas, como “ad om” termos como significado “pai do
povo”, “pai da população”, ou “pai da gente”. Torna-se clara a origem do “Adão”
bíblico (o pai da humanidade, feito por Deus, a quem foi dada a Terra, que
viveu no paraíso, e que teve uns episódios importantes na sua vida ligados ao
desejo e prazer), e que nada tem de latino na sua origem.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ADIAFA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Uma “adiafa” é uma refeição que se organiza
para os trabalhadores no final de uma tarefa agrícola como as ceifas ou a
tiragem de cortiça. O termo pode provir da expressão fenícia “ød aph” [âdeafê],
que significa “reunião de assar” ou “reunião de cozer”, ou do árabe “ad-diafâ”,
que significa “banquete”. No fundo é o mesmo, e é provável que já existissem
“adiafas” antes do século VIII e que tenham continuado a existir até hoje.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ADRO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O “adro” das nossas igrejas tem certamente
origem em “adr” [ader] que é “cerca, cercado, árvore gigante, cedro” (muito
provavelmente o seu significado antigo já seria “cerca da árvore grande”), e
não em “atriu”, que significa em latim “sala de entrada”. Assim, devemos
separar o que tem andado junto por confusão: “adro”, que é um cercado com
árvores grandes, é fenício e provém de “adr”; “átrio”, que é uma câmara de
entrada de um edifício, é latim e tem origem em “atriu”. Os adros das nossas
igrejas são evidentemente cercados com árvores grandes (muitas vezes cedros ou
árvores da mesma família), e não qualquer tipo de átrio. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ADUBAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “adubar”, para além do sentido atual
de “fertilizar a terra”, também pode significar “adornar, temperar e curtir”.
Pelo menos no sentido de “adornar” a palavra deve provir da raiz “ødh” [âdê] ou
“ødi” [âdi], que significa em fenício “enfeitar”, e de “br” [bare], que
significa “metal brilhante, eletro”. Assim, “ødhbr” [âdêbare]) será “enfeitar
de metal precioso”. A palavra “adubar”, no sentido de “fertilizar a terra” pode
ter uma origem algo diferente. Eventualmente poderá corresponder à ideia geral
de “enriquecer, acrescentar algo”, e ter sido usada em outras situações, como
seja “temperar” e “preparar”. Em abono desta hipótese está o facto de “ødb”
[âdebe] significar em fenício “preparar, fazer, pôr, deixar”, e de “ødbt” (forma
feminina de ødb), significar “distribuição, preparação; mobiliário,
manufaturas”. No “Elucidario” de Viterbo pode ler-se: “ADUBAR – Reparar,
compor, fortalecer, aproveitar, guarnecer terras, vinhas, casa, e quaesquer
outras propriedades ou edifícios. ‘<i>Ficando
pera outras quadrelas o fazer e reparar outros lugres do castello, e adubar a
barbacã’</i>”.<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[9]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
O que certamente não aconteceu foi a nossa palavra “adubar” ter nascido de uma
hipotética palavra latina (addubare), originada de uma outra hipotética palavra
do “frâncico” (dubban), palavra essa que hipoteticamente significaria “bater”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[10]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AFÃ<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “afã” é de origem difícil
de determinar, mas que eventualmente poderá ter relação com o termo “afan” do
antigo provençal, com o significado de “pena, tormento, trabalho”. É curioso
observar que de facto o antigo provençal tem muitas palavras de raiz comum
àquelas portuguesas que derivam do fenício, pelo que é de supor que possa haver
uma influência fenícia nessa língua. No que toca à origem da palavra “afã” ela
deve ser “iøp” [iâfa] que significa “cansar, fatigar, estar exausto”, que é
exatamente o que significam as palavras equivalentes do português e do
provençal. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AFASTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se geralmente que “afastar” é uma palavra
de “origem obscura”. No entanto o radical “aps” [afase] significa em fenício
“extremo, fim, extremidade”, e “tøh”[tââ] é “desviar”. Assim, “apstøh”
[afastââ], deu o nosso “afasta”, e é, traduzido à letra, “desviar para o
extremo”, “desviar para o fim”, etc.. É “afastar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AFOITO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “afoito” deve provir do fenício
“øpløit” [âflôite], que significa “ser atrevido a assaltar” ou “assaltar
atrevido”. Nos dicionários habitualmente diz-se que a palavra “afoito” provém
do termo latino “fautu-”, que é “favorecido”, particípio passado de “favere”
(favorecer, apoiar), o que não parece fácil de aceitar. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AGARRAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Aparentemente a palavra “agarrar” tem a ver
com “garra”. Habitualmente diz-se que o verbo “agarrar” vem de “garra” e esta
palavra viria de um hipotético termo celta “garra”, que significaria “parte da
perna”. É efetivamente possível que a origem do verbo “agarrar” seja o nome
“garra”, mas também este é por certo de origem fenícia (ver “garra”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AGASALHO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Nos dicionários diz-se geralmente que
“agasalho” é uma derivação regressiva de “agasalhar”, e que esta palavra terá
origem numa forma “hipotética” “ad-gasaliare”, proveniente do gótico “gasalja”,
que significa “companheiro”. O facto é que “h ksl” [âkasale], em fenício,
significa “o vestido”, e “h ksh øl” [âkasââl) é “o que cobre por cima”. Ainda
hoje se usa a palavra “agasalho” exatamente nesse sentido de algo que cobre,
que se usa sobre outra roupa. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AGASTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “agastar” significa por um lado
“estar aborrecido, estar enfurecido, estar irritado”, mas por outro lado “estar
preocupado, estar apoquentado”. Dizem geralmente os dicionários que a palavra
vem do termo latino “vastare”, que significa “gastar”, mas essa parece não ser
uma explicação muito lógica. Em fenício “aggu” [agge] é “estar zangado, estar
furioso”, e “ašuštu” [assuste] é “depressão, dor”, portanto “agguašuštu”
[aggassuste] será “estar zangado e deprimido” ou “estar furioso e dorido”, etc.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AGONIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “agonia” provém do grego
“agonia”, que significa “luta nos jogos, inquietação, ansiedade, angústia”,
pelo latim “tardio” e “eclesiástico”, “agonia” com o significado de “grande
medo, aflição”, mas também “vítima sagrada”. Faz sentido a relação estabelecida
entre estes termos latino, grego e português. No entanto, em fenício, “hgh”
[âgâ] é “gemido”, ou “gemer”, e “øni” [ôni] é “opressão, aflição”. “hghøni”
[âgâôni] será então “gemer aflito”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AGUDA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">As “agudas” ou “agúdias” são as formigas de
asa que saem de um formigueiro e dispersam para dar origem a novas colónias. A
palavra tem origem certamente em aḥd (agade), que significa em fenício “um, só,
solitário, o primeiro”. Já a palavra “agudo”, no sentido de “pontiagudo” deve
ter origem no termo latino “acutu”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALA! (interj)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa interjeição “ala!” corresponde a
ideias como “embora! ide embora! anda!”. Em fenício existe uma interjeição
semelhante, “hl’h” [âlââ], que significa exatamente “para lá, adiante, daí em
diante”. Por outro lado, a forma “al” [ale] significa “para, em direção a”.
Portanto qualquer delas deve estar ligada ao nosso “ala”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALANCAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “alacar”, ou “alancar”, significa
“vergar com o peso da carga, derrear”. Em relação com a primeira forma,
“alacar”, diz-se usualmente que tem origem em “a+lacão+ar”, sendo que “lacão” é
“pernil de porco, presunto” (?)<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[11]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>;
em relação à forma “alancar” diz-se ser de “origem obscura”. Em fenício “anaĥu”
(com evolução habitual para “anagu” ou “anacu”) é “cansar-se, estar exausto”, e
“alh” [alê] significa precisamente “ser incapaz de, não conseguir”. Portanto a
forma completa, algo como “alhanacu” [alânaca], seria “ser incapaz por estar
exausto”, ou “não conseguir por cansaço”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALAS (estar em)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “alas” usa-se como regionalismo no
Alentejo, mas na forma “estar em alas”, o que significa “estar ansioso”. A
origem da palavra deve estar em “øls” [âlase] que significa “regozijar-se,
alegrar-se, desfrutar” ou mesmo de “øliz” [âlize] que quer dizer “alegre,
exultante”. No Algarve “ala” é “excitação; movimentação”, o que corresponde à
explicação apresentada para a origem desta palavra.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALBERGUE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um albergue é um abrigo, geralmente no campo,
onde se pode comer, beber e dormir. Há uma clara conotação da ideia de
“albergue” com proteção, e por isso no Brasil a palavra está associada a abrigo
de mendigos, enquanto por cá tem ligação a jovens e velhos, mas sobretudo a
localizações campestres e de montanha. Diz-se habitualmente que a palavra
“albergue” pode vir de um entre vários hipotéticos termos góticos, como
“haribairgo”, “hariberg”, “hariberga” ou “heriberga”, e que terá uma passagem
pelo antigo provençal, com o termo “alberc” ou “alberque”. Efetivamente a
palavra “albergue” do português, tal como o equivalente termo provençal, deve
ter origem fenícia em “al brḥ” [aleberga], que significa “para quem passa” ou
“para quem percorre”. O termo “brḥ” é muito próximo de “briḥ” [brig], termo que
significa “ferrolho, tranca, muralha”, que deu origem ao nome de várias
povoações que foram amuralhadas, e que consequentemente cumpriam a função de
proteção.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALBÓI<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um “albói” é uma cúpula envidraçada para
iluminação, uma clarabóia, ou uma abertura para a entrada de luz e ar na
coberta de um navio. Um dicionário interroga-se se a origem do nome terá
relação com o “olho-de-boi”. É curioso que efetivamente a expressão
“olho-de-boi” (enquanto clarabóia) tem a mesma origem de “albói”, e que é “øl
bøh” [âlbôê], e significa em fenício “entrada superior” (ver “claraboia” e
“olho-de-boi”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALCANÇAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “alcançar” deve provir de “alaku mṣ’h”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[12]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[alakemesê], que significa traduzido à letra “alcançar no caminho”. Os
dicionários geralmente propõem a palavra latina hipotética “incalciare”
(palavra que nunca existiu) para explicar a origem do nosso verbo “alcançar”.
Este é mais um caso interessante em que uma expressão fenícia é transformada
num verbo regular do português.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALCANCHAL<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “alcanchal” é um regionalismo
alentejano que significa “caminho péssimo”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[13]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. Ora,
sabemos que “hlk” [âlake] significa em fenício “andar, caminhar”, e que “mslh”
[mesalê] quer dizer “estrada”. Portanto “hlkmslh” [âlakemechalê] será “caminhar
na estrada”, o que tem relação com o “caminho”, mas não com o facto de esse
caminho ser mau. No entanto “msh” [mechê] significa “provação, desespero” e
“øl” [âle] significa “subir, escalar”. Assim “hlkmshøl” [âlekemechêâle] será
“caminhar numa subida desesperante”. Parece provável que a origem do nosso
“alcanchal” esteja nesta última expressão.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 22.55pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALÇA/ALÇAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Alça é o que se levanta ou o que faz levantar,
provém certamente de “ølh øšh” [âlââssâ], que significa literalmente “fazer
subir”. Fala-se de uma forma hipotética latina “altiare” que derivaria de
“altare” que evidentemente terão relação com palavras da família de “alto”. O
verbo “alçar” tem evidentemente origem em “ølh øšh”, que já de si correspondia
a uma ação, mas que ao passar ao português atual se transforma num verbo
regular. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALÇAPÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Alçapão provém com certeza da expressão
fenícia “ølh øšh” [âlâssâ] que significa “fazer subir” (ver “alçar”), à qual
foi acrescentada a palavra “pøm” [pôm], que significa “estrado”. Assim,
“alçapão” provém certamente de “ølh øšh pøm” [âlâssâpôm], e significa
simplesmente “estrado de fazer subir”. A explicação habitualmente aceite para a
origem da palavra “alçapão” é “alça+pom” (em que pom = põe), o que é uma
explicação mais que duvidosa.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALÉM<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “além” deve provir de “hl’h”
[âlaê] que significa em hebraico antigo “para lá, adiante, daí em diante”, ou
do equivalente acádio “alla” [ala] que quer dizer nessa língua precisamente
“além”. Evidentemente que a possibilidade de a nossa palavra “além” provir do
italiano “illinc”, que significa “aí”, não faz o menor sentido. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALEVIM<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “alevim” talvez provenha de
“alp im” [alevim], que significa “produzir aos milhares no mar”. A forma latina
hipotética “allevamen” proposta em alguns dicionários não faz sentido, antes do
mais por se tratar de uma palavra que efetivamente nunca ninguém pronunciou ou
escreveu, e além disso porque a evolução fonética seria difícil. Em francês a
palavra equivalente é “alevin”, e existe a hipótese de haver uma relação entre a
palavra “alevim” e o “élève” (estudante – o que aprende) francês. Parece no
entanto mais provável que a raiz “alp” [alef], ou [alev] se tenha juntado a
“im” que é “mar”, para criar a palavra que se refere ao que o mar produz em
grande quantidade, o “alevim” (ver “alfobre”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALFERCE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O “alferce” ou “alferça” é um instrumento
agrícola hoje pouco usado, mas que no passado tinha muito uso nas arroteias de
matos, bem como na atividade dos carvoeiros, sobretudo para desenraizar as
torgas das urzes. Também é conhecido por “alvião”. O nome deve provir de “allu”
ou “al” [ale] que significa “picareta, sachola, machado” e “brṣl” ou “przl”
[fersel], que significa “ferro”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[14]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Do termo inicial “albrṣl” [alfersel] evoluiu-se para “albrṣ” [alferse], com o
significado de “”picareta, machado, sachola, de ferro”. Pode no entanto haver
mais simplesmente relação com o termo fenício “prs” [ferese], que significa
“partir, fender”. Seria assim “picareta, machado de fender”. Note-se como
particularmente interessante que o termo “alvião” tem origem no mesmo “ale”
(picareta, machado, sachola), seguido de “abn” [alavene] (machado de pedra). É
portanto um nome mais antigo, e evidentemente anterior à idade dos metais.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALFOBRE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Certamente que a palavra “alfobre” provém de
“alp apr” [alefabre] ou “alp øpr” [alfobre]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[15]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>,
termos que em fenício significam o mesmo: “produzir a milhares em terra fina”
(ver “alevim”). A ideia de que pode provir do árabe “al-hufar” com o
significado de “buraco” ou “fossa” não parece fazer sentido. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALGAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um “algar” é um “poço ou abismo natural, mais
ou menos profundo, originado por vezes, de cima para baixo, pela ação das
águas…” Esta palavra “algar” deve provir de “lalgar” [lalgar]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[16]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>,
que significa em fenício “abismo, água subterrânea”. A origem árabe geralmente
aceite, “al-gar”, também é possível, muito embora o significado do termo árabe
seja “caverna”, o que não corresponde exatamente à nossa noção de “algar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALGARA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Uma “algara” era na Idade Média uma incursão
militar para saque em território inimigo. Era uma correria para saque dos
povos, muito mais que um ataque esperando resistência organizada dos
opositores. Diz-se que a palavra vem do árabe, de “al-gára”. É possível, mas em
fenício “hlk” é “marchar, correr”, e “gwr” é “hostilizar, atacar”. Portanto
“hlkgwr” [alkgôre] será “corrida para atacar” ou algo próximo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALGEROZ<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ao contrário daquilo que se propõe em alguns
dicionários, a palavra “algeroz” não deve provir do termo árabe “az-zurub”, o
que, mesmo J. P. Machado considera “evidentemente inaceitável”. Em fenício
“ĥalu” [ale]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[17]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
é “escorrer, gotejar”, “šr’” [jere] é “fluxo”, e “aôz” [aôz] é “constranger,
ser muito apertado”. Logo, “ĥalušraôz” [alejereaôz] será “escorrer fluxo
constrangido”, o que está conforme com a função de caleira ou tubo de água.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALGOZ<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “algoz” provém provavelmente
de “øolh” [âolê] que significa “holocausto”, e de “gz” [gaz], que é
“guerreiro”. A palavra “øolhgz” [âolêgaz] será portanto o “guerreiro do
holocausto”. Não é impossível que o nome se aplicasse em turco a uma tribo onde
se iam buscar os carrascos, e de resto a origem da palavra árabe medieval pode
ser a própria expressão semita antiga.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALI <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Costuma-se dizer que o nosso advérbio “ali”
tem origem na palavra “ad illic” latina, que significa “para aquele lugar”.
Contudo em hebraico antigo “hl’h” significa “para lá, adiante, daí em diante”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;"> ALICERCE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Em fenício “ølilh” [âlilê], significa “obra”,
e “šrš” [seresse] é “raiz”, “lançar raízes” (ver “cerce”). É claro que a
explicação tradicional que diz que a palavra “alicerce” provém de, “al-isãs”
palavra árabe, que significa “fundação”, faz sentido. No entanto “ølilhšrš”
[âlilêseresse], em fenício, significa “lançar raízes da obra”, o que também é
uma possibilidade interessante. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALMA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “alma” deve resultar de uma fusão
entre o termo fenício “ølm” [alma], que significa “eternidade” tanto em
ugarítico, como em hebraico antigo, como mesmo em aramaico, com os termos
latinos “anima” e “animus”, que também podem ser taduzidos por “alma”. De resto
a palavra “alma” acumula hoje entre nós os significados provenientes de ambas
as línguas: por um lado a “anima” latina, que é sobretudo o princípio vital,
ligado à respiração, a própria respiração e a própria vida; o “animus” é
“vontade”, mas também “espírito”, o que é de algum modo oposto ao corpo. Do
fenício herdamos a fonética em si (a palavra é pronunciada da mesma maneira em
português e em hebraico), e a ideia geral de “eternidade”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALMOÇO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Parece pouco provável que a nossa palavra
“almoço” possa provir de “admordere”, que significa em latim “morder
levemente”. É possível que a origem da palavra “almoço” seja fenícia, já que
existe a forma “lam” que significa “primeiro”, e “mṣh” é “folhado de farinha e
água”, ou seja, “pão”. Pode assim a forma “lammṣh”, que à letra significa
“primeiro folhado de farinha e água”, ter passado a designar genericamente
“primeira refeição”. Há também a possibilidade de o “al” do início da palavra
“almoço” provir de “ḥl”, que significa “pão (de forma circular)”, e ter-se
dado, como em outros casos a elisão do “ḥ” inicial (ver “algeroz”). Assim seria
“ḥlmṣh” [alemassê], significando “pão de farinha e água”. Há contudo a
possibilidade de a nossa palavra “almoço” ser uma evolução de uma forma mais
antiga “aurmoço”. Esta forma pode ser ainda encontrada no noroeste de Portugal,
onde a palavra “almoço” por vezes se pronuncia “aurmoço”. Essa forma cria a
possibilidade de a origem ser “awr”, que significa precisamente “nascer do dia”
(esta partícula é comum à palavra “aurora”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALMOCREVE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a nossa palavra “almocreve” tem
origem no termo árabe “al-mukari”, que significa “jornaleiro”, o que não
corresponde nem ao significado do termo português, que é “comerciante,
mercador”, nem à fonética da nossa palavra. De facto o termo “almocreve” deve
provir de “ølm” [âlm], que significa “homem jovem” e de “mkr” [makare], que é
“negociante, mercador”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[18]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Portanto “ølmmkr” [âlmmakere] significa “homem jovem mercador”. As formas mais
antigas (segundo J. P. Machado) são “almoqueri” e “almokeri”, o que deixa
admitir que a forma original seria essa, e portanto proveniente diretamente de
“ølmmkr” [âlmmakere]. Contudo, pouco tempo depois é encontrada a forma
“almoquever”, que chegou aos nossos dias. Esta forma pode ser resultado da
anterior “ølmmkr” [âlmmakere], à qual se anexou a palavra “ab”, que significa
“iniciador de profissão”. Assim a forma atual “ølmmkrab” [âlmmakareav] pode
significar simplesmente “homem jovem mercador de profissão”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALOILADO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “aloilado”, que significa “maluco,
tolo”, deve ter relação com o termo “lillu” [lile], que em fenício significa
“louco, fraco, débil, estúpido”. De resto deve ser a mesma origem de “loiro”
(no sentido de “pouco inteligente, incapaz”) que nada tem que ver com a cor, já
que também se aplica, por exemplo a animais como o papagaio, animal que “fala
sem saber o que diz”. Não se estranhe a evolução de “lillu” para “loiro”,
porque na passagem do fenício para o português atual a sequência “ll” deu
frequentemente lugar à sequência “lr”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ALVIÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um “alvião” é uma ferramenta usada para as
arroteias de matos, arrancar as torgas para carvoaria, e em geral para
trabalhos duros de transformação de terras bravas em terrenos agrícolas. É de
um lado uma picareta achatada, ou um sacho espesso e estreito, e do outro lado
uma machada grosseira. Diz-se geralmente que a palavra é de “etimologia
obscura”. Contudo esta palavra deve provir de “allu” ou “al” que significa
“picareta, sachola, machado”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[19]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
e “abn” que é “pedra, machado de pedra”. Portanto “alabn” [aleavene] será
“picareta machado de pedra”. Parece assim que o nosso termo “alvião” tenha uma
origem remota no neolítico, e o instrumento, hoje de ferro, tenha ainda o nome
que era dado aos machados de pedra desse período.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “ama” tem origem no grego
“amma”, pelo “latim hispânico” “amma”. Claro está que “latim hispânico” pura e
simplesmente é uma forma de chamar “latim” a palavras que foram usadas na
Península Ibérica, mas que nunca foram latim. O mais certo é a nossa palavra
“ama” provir de “am” [ama] que em fenício significa “mãe, madrasta, avó”,
portanto figura feminina responsável por uma criança.<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[20]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMACHUCAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “amašu” [amache] significa em acádio
“esmagar”; “mṣh” [massê] é “espremer” em hebraico antigo; “mazu” [maze] também
em acádio, é “prensar”, que é praticamente o mesmo. Junta-se a isto que o som “ṣq”
ou “ṣuq” [suq] significa “agarrar”. Assim “amachucar” deve provir de “amašuṣq”
[amachesuq], que significa “agarrar e esmagar”, de “mṣhṣuq” [massêsuq], que
significa “agarrar e espremer”, ou mesmo de “mazuṣuq” [mazesuq] que é “agarrar
e prensar”. No fundo é quase o mesmo, e as variações devem provir das
diferentes grafias usadas ao longo do tempo, de diferentes tipos de escrita e
de diferentes culturas. Tradicionalmente diz-se que a palavra “amachucar” tem
origem no termo castelhano “machucar”, mas sendo assim ficaria por explicar a
origem do termo castelhano, ou seja, é uma explicação que nada explica. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ÂMAGO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “âmago” tem certamente origem
em “ømq” [âmaq] que significa em fenício “fundo, profundo, misterioso”.
Habitualmente diz-se que esta é uma palavra com “origem obscura”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMALHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso verbo “amalhar” significa
“aquietar-se, encontrar local para repousar ou passar a noite”. Tem relação
evidente com “mlôn” [malôn], que significa “acampamento, pousada, cabana”, e
que veio a dar entre outros os nossos topónimos “malhão” e “malhada”. Parece
claro que esta ideia nada tem que ver com a “macula” latina, que é a origem
geralmente proposta para esta palavra.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMANHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Os termos “amn” [omon] ou “amôn” [amon], que
significam em qualquer dos casos “artesão” devem estar na origem da nossa ideia
de “amanho”, e o verbo “amanhar” não é mais que a adaptação ao português da
ideia/palavra fenícia de “amn” ou “amôn”. A etimologia geralmente apresentada nos
dicionários é “manwjan” gótico, com o significado de “preparar”, ou de um
hipotético termo latino “admaniare”, que significaria “preparar com as mãos”. É
evidente que esta origem tradicionalmente aceite resulta apenas de se
desconhecer a origem fenícia do português, pois procurando no fenício
encontra-se imediatamente a origem da palavra. Como em muitos outros casos, a
partir da ideia de artesão e do seu nome em fenício “amn”, criou-se o verbo
“amanhar” do português.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMARELO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “amarelo” provém do
“latim hispânico”, que evidentemente não é senão um conjunto de termos não
latinos usados na Península Ibérica durante e após o domínio do império romano.
Portanto a palavra “amarelo” deve ter outra origem, e ela é possivelmente
fenícia. Repare-se que em fenício “aml” [amale] é “murchar, perder o vigor,
desmaiar” (diremos nós, atualmente, “amarelar”) e por outro lado “leru” é em
acádio “massa amarela”. Portanto é possível que tenha existido a forma
“amallero” [amaleru] que evolui facilmente para “amarelo” como referência à
vegetação que toma a cor amarela quando murcha. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMARGO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Refiro a palavra “amargo” como um bom exemplo
de como muitas vezes existe quase uma impossibilidade total de optar por uma
língua na busca da origem de palavras do português. A palavra “amargo”, seja no
que se refere ao paladar, quer seja no que se refere aos sentimentos, pode
efetivamente provir tanto do fenício como do latim, e é mesmo muito provável
que ela resulte da convergência fonética e semântica de palavras de ambas as
línguas. No latim “amarus” é “amargo ao gosto”, desagradável ao cheiro e ao
ouvido, mas também “triste, rancoroso”, etc. Contudo em fenício, entre outras
formas temos “mr”, que é “amargo”, “mrh” [marê] que é “amargura, tristeza”, mas
temos também “igh” [igâ] que é igualmente “amargura, tristeza”. Portanto a
forma fenícia composta para o equivalente à nossa palavra “amargo” seria
“mrigh” ou “mrhigh” [marêigê]. A palavra portuguesa resulta assim possivelmente
da reunião das duas palavras. Para além da sequência “mr”, que é comum às duas
línguas, recolheu o “a” inicial do latim, e recolheu também o “igh” final do
fenício. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMARRAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Em fenício, “ømr” [âmare] é “reunir, enfeixar”
(e também “agir violentamente”), e é certamente a origem da nossa palavra “amarra”,
palavra essa que foi transformada no verbo “amarrar” do português atual. É
habitual atribuir a origem da palavra “amarrar” ao francês “amarrer”, que por
sua vez será proveniente do neerlandês “aanmarren”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMARROTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “ømr” [âmare] é, em fenício, “agir
violentamente”, e “øwt” [ôôte] é “torcer, transtornar”. Assim, “ømrøwt”
[âmareôôte] é “torcer violentamente”. Claro que a palavra hipotética “manroto”
(palavra hipotética que significaria “rasgado com as mãos”) não passa de um
termo inventado para justificar uma etimologia que efetivamente se desconhecia.
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMASSAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O verbo “amassar” deve ter origem em “massa”,
ou melhor, no seu étimo fenício “maṣh” [massâ], que é um “folhado de farinha e
água”. Como é sabido foram os povos do “crescente fértil” que inventaram a
cultura de cereais e que com eles fizeram alimentos vários à base de farinha.
Foi assim certamente que a farinha amassada do próximo oriente, a “maṣh”
[massâ], foi difundida ao mesmo tempo que se difundia o seu nome, e os gregos
aprenderam a amassar a farinha e herdaram além das sementes e da técnica, o
nome, chamando-lhe “máza”, e os romanos também usavam a palavra, mas grafada
como “massa”. Nós, portugueses, também termos a palavra “massa” e até usamos o
verbo “amassar”, e podemos encontrar a sua origem tanto no falar popular
fenício, como na língua do poder, o latim. Acrescente-se que a palavra “amašu”
em acádio é “esmagar” (ver “maça” e “massa”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMEIJOA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ao contrário daquilo que alguém sugere, a raiz
da palavra “ameijoa” não deve ser o termo grego “mytílos”, que significa
“amêijoa, mexilhão”, até porque a sua evolução fonética seria muito difícil. A
nossa palavra “amêijoa” pode ser uma forma distorcida de um étimo antigo que se
conservou mais próximo do original na palavra equivalente castelhana “almeja”.
Nesse caso a nossa “amêijoa” teria origem na palavra fenícia “ølm” [âlme], que
é “fechar, encobrir, ocultar-se” e “az”, que significa “constranger, ser muito
apertado”. Portanto “ølmaz” (ãelmaz) seria qualquer coisa como “fechar fortemente”,
ou “apertar muito para ocultar-se”, etc. No entanto parece mais lógico que haja
uma raiz comum a “amêijoa”, “mexilhão”, “lamejinha”, já que em comum existe o
som “mx” ou “mj”, e se trata de moluscos bivalves. É assim possível que estes
nomes tenham relação com o termo fenício “amṣ” [amache], que significa “ser
forte”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMÉM<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Palavra proveniente do hebraico antigo, de
“amn” [amene] ou “amnm” [amenem], termos que significam sensivelmente o mesmo:
“certamente, verdade, verdadeiramente, realmente”. Da forma hebraica passou-se
a uma forma grega (amén) e ao latim (amen), com o significado de concordância.<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[21]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMOJAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se por vezes que “amojar” provém de
“apojar”, e que este termo se relaciona com uma hipotética palavra latina
“appodiare”, que seria proveniente de “podium”, que significa “pedestal”.
Assim, o nosso “amojar”, que é “encher de leite as tetas” teria a seguinte
relação com “pedestal”: de “subir ao pedestal” viria a ideia de “crescer”, e
daí a ideia de “encher, entumecer”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[22]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. A
construção lógica é interessante e imaginativa. Contudo a palavra “amojar” deve
simplesmente vir do fenício de “mšh” [machê], que é “tirar, puxar para fora”,
de “mṣṣ” [masse], “chupar, mamar, sorver”, ou de “mṣy” [massi], que significa
“sorver, absorver”. Portanto “amojar” deve ter apenas relação com “mamar” ou
“ordenhar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AMPARAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “amparar” vem possivelmente de
“amnøbrh” [amnâparê] que significa em fenício “mostrar-se forte, estável na
travessia de um rio”. “Amn” significa exatamente “mostrar-se firme, estável,
digno de confiança, ter estabilidade”, e “øbr” [âpare] ou “øbrhu” [âparêe] é
“passar, atravessar, passagem, a outra margem, agitação, vau”, mas igualmente
“agitação, emoção”, etc. Portanto o “amparo” é o apoio sólido em situações
difíceis. Resta dizer que habitualmente se afirma que a palavra “amparar”
provém de um hipotético termo latino “anteparar”, que significaria “fazer
preparativos para se defender”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ANCA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Aceita-se tradicionalmente que a palavra
“anca” provenha de uma hipotética palavra germânica ou do frâncico “hanka” por
uma outra hipotética palavra latina “hanca”. Também se fala de várias outras
palavras hipotéticas de várias línguas. No entanto a palavra “anca” deve provir
de “nwḥ” [nâca] ou “nĥ” [naca], que significam “descansar, sentar-se”, “nôḥ”
[nôca] é “lugar de repouso, ou mesmo de “naĥu” [nôca], que significa “repousar,
estar tranquilo, banha, toucinho”, termos relacionados de perto com “anaĥu”
[anaca], que também significa “cansar-se, estar exausto”. Assim parece que o
termo “anca” se referia inicialmente à atitude de estar sentado em repouso, e
mais tarde passou a servir para nomear a parte do corpo que se apoia quando o
indivíduo se senta ou está em repouso. Há ainda uma clara relação (e não é
casual) com o tecido gordo que domina nessa parte do corpo (ver “banco”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ÂNCORA <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “âncora” é um bom exemplo da
precedência de uma palavra fenícia em relação a uma palavra latina. Como é
sabido as navegações fenícias precederam em milhares de anos a cidade de Roma.
Como também se sabe, as mais antigas âncoras conhecidas são de chumbo. A
palavra fenícia para “amarrar a prumo de chumbo” é “ankkrh” [ankarâ], e foi
certamente dado esse nome ao que nós hoje chamamos “âncora”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[23]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. Com
o tempo a âncora, enquanto técnica e objeto, difundiu-se pelos povos do Mediterrâneo,
e com eles se difundiu também o nome. Os romanos usaram também o objeto e a
palavra, e por isso podemos dizer que é através do latim que a palavra “âncora”
chega ao português. Mas se aceitarmos que o povo que foi conquistado pelos
romanos falava a velha língua do Neolítico, pode admitir-se que a nossa palavra
“âncora” já por cá existia e por isso terá origem anterior aos romanos. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ANDAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “ømd” [âmde] é, em fenício, “estar
de pé”, “ndd” [nade], é “marchar, vaguear, mover”, “nd’” [nadê] é “afastar” e
“nwd” [nôde] é “vaguear”. A palavra “anda” é deste modo possivelmente
resultante desta ideia fenícia, expressa com diversas variantes fonéticas e
gráficas, mas que é basicamente o mesmo: “nd” corresponde a “mover, afastar,
vaguear” mas, como em outros casos, o “m” ou “n” de início da palavra foram
nasalados e passaram a “am” ou “an”. Deste modo o “nd” [nadê] do oriente passou
a “and” [ande] no falar do ocidente. Assim, deve ter nascido o nosso verbo
“andar”. Geralmente aceita-se que o nosso verbo “andar” tenha tido uma origem
latina em “ambitare”, frequentativo de “ambire”, que significa “ir em volta”, o
que não parece aceitável.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ANDOR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “andor” deve corresponder à
conjunção da ideia de “andar”, que vem de “nd” [nade] e de “estar por cima”,
que é genericamente “øl” [ôl] (ver “andar”). Assim, o que “anda elevado”, ou o
que “anda acima de” é “ndøl”. Conforme o “nd” fenício evoluiu para “anda” em
português, também o “ndøl” passou a “andoul”, e mais tarde a “andor”. É claro
que a hipótese de a nossa palavra “andor” ser proveniente do “sânscrito”
“hindola” ou do Malaiala “andola” não faz sentido.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ANDRAJO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Atribui-se geralmente uma origem “obscura” à
palavra “andrajo”. Contudo ela deve provir de “md” [made] significa
“vestimenta, vestuário, veste”, e “rwš” [râj] significa “ser pobre”. Assim,
“mdrwš” evoluiu para “amdrwš” [amderâj]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[24]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a> dando
origem à nossa palavra atual, com o seu significado de “vestuário do pobre”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ANGRA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “angra” provém do “ancra”
latino, que significa “intervalo entre árvores”. Como se sabe uma “angra” é uma
pequena baía, um local usado como ancoradouro natural. O nome evidentemente, e
ao contrário daquilo que se costuma afirmar, não pode provir da ideia de
“intervalo entre árvores”, porque simplesmente não há relação lógica entre as
duas coisas. A sua origem pode estar precisamente na palavra “âncora” e na
ideia de ancorar os navios, ou estar ligada a “ani ĥarru”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[25]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[anigare], que significa “canal largo de navios”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ÂNSIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Em fenício “mš’” [masê] significa “sofrimento,
anseio”. Mas a palavra “mš’” [masê] ou “nš’” [nasê] significa também
“empréstimo, emprestar, fazer alguém ser devedor”, etc. Aproveito este exemplo
para explicar que o “m” e o “n” em alguns casos no fenício (particularmente no
início das palavras) serviam certamente para indicar uma nasalação (ou pelo
menos evoluíram nesse sentido para o português), devendo por isso ser lidos
“am” ou “an”, o que é, pruridos ortográficos atuais à parte, a mesma coisa. No
que se refere a esta palavra em particular, pode dizer-se que em latim existe a
palavra “anxia” que também corresponde à ideia de “angústia”, pelo que neste
caso é impossível determinar uma origem única para a nossa palavra “ânsia”.
Como defendo, este é mais um dos casos em que se percebe que a velha língua do
Neolítico deve ter sido origem de quase todas as línguas da região do
Mediterrâneo. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">APAGAR <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso verbo “apagar” certamente não provém
de “ad+pacare”, que em latim significa “pacificar”, mas antes do termo fenício
“hpgh” [âpagâ], que significa “cessação”. Portanto, quando dizemos “apaga o
lume”, ou “apaga a luz”, etc., estamos efetivamente a utilizar a ideia de
“cessar”, “parar”, e não de “pacificar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">APENAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “apenas”, pelo menos quando
significa “logo que, assim que” deve ser proveniente de “apn” [apene], que
significa “então, ato seguido, na continuação”. Mesmo no sentido de “só,
somente, unicamente” a sua origem, embora mais tortuosa e menos clara, pode ser
igualmente fenícia. Deve observar-se que em fenício “ap” [ape] é “nada, o que
não tem valor, e, também, mas também, então também, pois, logo” e “n’ṣ” [nês] é
“desprezar, rejeitar”. Assim, “apn’ṣ” [apenês] pode ter sido na origem o “que
se rejeita por não ter valor” e ter sido usado mais tarde no sentido de “uma
parte”. Diz-se habitualmente que a palavra “apenas” resulta de “a+penas”, sendo
estas “penas” entendidas como “castigos”. Não é fácil encontrar algum sentido
lógico nesta proposta tradicional.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">APOJAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “apojar” provém de uma
hipotética palavra latina “appodiare”, que seria proveniente de “podium”, que
significa “pedestal”. Assim, o nosso “apojar”, que é “encher de leite as tetas”
teria a seguinte relação com “pedestal”: de “subir ao pedestal” viria a ideia
de “crescer”, e daí a ideia de “encher, entumecer”. Embora imaginativa, esta é
certamente uma relação demasiadamente forçada para poder ser levada a sério. Há
a possibilidade de “apojar” ser uma variante de “amojar”, e esta palavra deve
simplesmente vir do fenício de “mšh”, que é “tirar, puxar para fora”, de “mṣṣ”,
“chupar, mamar, sorver”, ou de “mṣy”, que significa “sorver, absorver”. Assim
“amojar” ou “apojar” seria proveniente da ideia de ter as tetas cheias e
capazes de ser ordenhadas ou mamadas. A passagem de “m” a “p” entre as palavras
“amojar” e “apojar” não parece difícil, se tivermos em conta que o som “b” e
“p” foram em tempos indistinguíveis, e que ainda hoje se troca o “b” pelo “m”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn26" name="_ftnref26" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[26]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">APRE!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “apre!” é uma palavra que exprime
irritação, raiva, desespero. Alguns pensam que a sua origem é “expressiva”, mas
outros assumem que não conhecem a sua origem, classificando a palavra como de
“origem obscura”. De facto a palavra “apre” provém certamente de “øprh” [âprê]
e significa precisamente “ira, raiva”. Como hoje, em desespero se diz “que
raiva!”, também se disse “apre!” com o mesmo significado. A palavra ficou.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">APRISCO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um “aprisco” é uma cabana rústica feita de
ramagens para ovelhas, um redil. Diz-se que a palavra vem de um hipotético
termo latino “appressicare”, que significaria “apertar ou comprimir”.
Evidentemente que a origem é outra. Em fenício “ap” [ape] é “câmara fechada,
câmara, pátio” e “riksu” [rikeso] ou “rks” [rekeso] é “atar, amarrar, cingir,
laço, ligação”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn27" name="_ftnref27" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[27]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
O “apriksu” passou após metátese a “aprisku” e o significado era “câmara
fechada ou pátio amarrado, ou atado”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARAME<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a nossa palavra “arame” provém do
“latim tardio”, de “aramen”, que significa “bronze, objeto de bronze”, através
de termos latinos hipotéticos como “aramen” e “aramine”. De facto a palavra
“arame” deve provir da ideia de “corda de cobre” ou “corda de bronze”, ideia
que em fenício corresponde a “erumen”. A palavra “eru” em acádio é “cobre,
bronze”, e “mn” [men], em hebraico, significa “corda”. Portanto “erumen” é
literalmente “corda de cobre” ou “corda de bronze”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn28" name="_ftnref28" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[28]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARCHOTE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“Archote” é uma palavra para a qual os
dicionários por vezes apontam uma “origem obscura” ou no termo latino “assula”.
No entanto a palavra “archote” tem uma origem fenícia clara e deriva claramente
de “ar ṣwt” [arsôte], que significa “acender luz” (“ar” é “luz, brilhar,
iluminar”, e “ṣwt” é “acender”). Uma análise mais cuidada teria evidenciado que
a nossa palavra “tocha” resulta de uma metátese de “chote”, e que “tocha” e
“archote” são uma mesma coisa, logo a sua origem deve ser procurada tendo este
facto em consideração.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARENGA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Uma “arenga” é um “discurso longo e
fastidioso”, um palavrório que nunca mais acaba, mas também “palavrório”,
“discussão”, “altercação”. Diz-se que vem de um hipotético termo gótico
“harihrings”, que significaria “reunião do exército” e que a ideia de discurso
longo teria ficado dos discursos feitos nessas situações<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn29" name="_ftnref29" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[29]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Possivelmente o termo tem origem na ideia de “ser longo”, dado que “araku”,
“ark” ou “arkh” [arekê] significa “ser longo, longo, longa duração, tornar
longo”. Pode no entanto, quando o termo “arenga se relaciona com “confusão”,
ter origem em “rnh ga” [renêga], em que “rn” significa “berro, grito de júbilo,
clamor, gemido”, e “ga” é simplesmente “voz”. Portanto, numa tradução livre,
“confusão de vozes”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARGAMASSA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “argamassa” é uma palavra que
resulta da composição de duas palavras fenícias: “ørk” [âreka], que significa
“montar em camadas, empilhar, preparar, enfileirar” e “mšš” [massa], que é
“pegar em, agarrar”. Assim a “argamassa” é aquilo que “agarra o que se
empilha”, ou o que faz “pegar as camadas”, etc. Habitualmente diz-se que esta é
uma palavra de origem obscura. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARISTO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Refiro aqui a palavra “aristo”, tanto com o
significado de “excelente, o melhor, o mais valente, o mais nobre”, como
enquanto elemento que exprime a ideia de “nobreza”, que tem relação direta e
óbvia com o termo grego “áristos”, apenas para que melhor se compreenda que há
radicais comuns em muitas línguas antigas do Mediterrâneo que dificultam a
determinação da origem do português atual. Assim, se em grego “áristos” é “o
melhor, o mais valente, o mais nobre”, em fenício, “h reštu” [êrestu] significa
“o de melhor qualidade, o primeiro, o melhor”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AROEIRA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Dizem os dicionários que “aroeira” tem origem
em “darú”, que em árabe significa “lentisco”. No entanto, “ørôør” [aroèr]
significa em fenício “aroeira”. Não parece haver dúvidas sobre qual a
verdadeira origem da palavra<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn30" name="_ftnref30" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[30]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARPÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “arpão” deve ter origem em “ḥrb”,
[arpe] que em ugarítico significa “cutelo, espada, atacar”, e em hebraico
antigo “faca, punhal, espada, formão”. Parece possível que, como em outros
casos, o ḥet do início da palavra tenha simplesmente desparecido, e “arpe” daí
resultante tenha recebido o sufixo aumentativo “ão” (ver “farpa”). J. P.
Machado apresenta teorias em que se relaciona o nosso “arpão” com o “harpon”
francês (o que é certo e não se discute), e este com o termo do antigo
escandinavo “harpa”, que significa “ação de torcer” e “cãibra”. É claro que não
é com facilidade que se encontra relação lógica entre “arpão” e “torcer” ou
“cãibra”. Por isso mesmo parece mais sensata a hipótese de “ḥrb”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRABAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “arrabar” significa “fugir por causa
das moscas”. A sua origem é certamente “ørb” [ârabe], que em fenício significa
“mosca, bicharia, insetos”. Geralmente os dicionários admitem desconhecer a
origem desta palavra.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRAIAL<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Muitas páginas se gastaram a escrever sobre a
origem desta palavra, desde uma possível filiação árabe, em “rahl”, com o
significado de “albarda, sela de camelo”, até uma origem latina em “regale”. No
entanto a palavra “arraial” tem certamente origem em “haraiøu” [âaraiôu], que
significa em fenício “gritar, berrar, clamar, emitir brado de guerra, convocar
às armas, aclamar”. Em fenício esta palavra também se usou na forma “rwø”
[raiôu], daí que em português antigo as palavras “arraial” e “real” apareçam
associadas. A famosa frase “Arraial, Arraial, por El-Rei de Portugal D. João
IV” que terá sido gritada no dia 1º de Dezembro de 1640 da janela do palácio da
ribeira, onde foi morto Miguel de Vasconcellos, tem ainda esse significado
antigo: “emitir brado de guerra, convocar às armas, aclamar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRANJAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a nossa palavra “arranjar” tem
relação com um hipotético termo frâncico “hring” com o significado (também
hipotético) de “círculo, anel”, o que parece ser bastante forçado, tanto pela
disparidade dos significados, como pelo facto de se tratar de um termo
hipotético, como mesmo por não ser fácil a evolução fonética entre “hring” e
“arranjar”. O verbo “arranjar” pode ser de origem fenícia e resultar da palavra
“ḥrš” [araje] que significa “artesão, preparar, artífice”, etc. Neste caso o
som aspirado do início da palavra que existia na antiga língua do oriente, que
frequentemente corresponde no ocidente a “c” ou “g”, terá desaparecido, ou
melhor, terá evoluído para o nosso “a”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRASTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Dizem os dicionários que o nosso verbo
“arrastar” tem origem na palavra “rasto”, e esta no termo latino “rastro”, que
significa “ancinho”. No entanto em fenício “arṣ tøh” [arastôâ] significa “andar
errante pelo chão” ou “vaguear pelo chão” (ver “arrojar”). <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “arre!” é de “origem
expressiva”. No entanto “ør” [ârr] significa “jumento”, e “øir” [âirr] é “jumento,
garanhão, zebra”. Quando se diz “arre burro”, está-se a dizer “burro” duas
vezes (ver também “arrear” e “arreata”). <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARREAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Arrear é colocar os arreios, preparar um
animal, cavalo ou burro, para ser montado ou fazer algum trabalho. Diz-se que a
palavra provém de um hipotético termo do “latim popular” “arredare”, que teria
sido formado a partir de um outro termo do gótico “rêd”, que significa “meio,
provisão”. No entanto é claro que “ør” [ârr] significa “jumento”, e “øir”
[âirr] é “jumento, garanhão, zebra”, e que logicamente a palavra “arrear” está
ligada a este radical. Assim, “arrear” pode ser a evolução fonética natural de
“øirøl” [âirâl], o que significa “sobre o cavalo”, “por cima do cavalo”, “por
cima do burro”, etc., mas pode simplesmente ser um verbo construído a partir da
palavra “arreio”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARREATA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “arreata” tem certamente
origem em “øirøţh” [âireâtâ] (“øir” significa “cavalo, burro”, e øţh quer dizer
“agarrar”), o que significa “agarrar o cavalo” ou “agarrar o burro” (ver “arre”
e “arrear”). Dizem geralmente os dicionários que “arreata” é uma derivação
regressiva de “arreatar”, e que este termo é proveniente de “re+atar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARREMESSAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Dizem alguns dicionários que a palavra
“arremessar” provém do termo “remissare”, do “latim vulgar”. J. P. Machado
lembra a existência de uma forma “remesso”, antecedente do nosso atual
“arremesso”. Parece-me muito mais provável que a sua origem seja o “rmh”
[remê], que significa “arremessar, atirar, lançar, jogar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRIMAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “rima”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARROCHO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “arrocho” pode provir de “øṣ” [ôche]
com o significado de “haste, madeira”, e de “hr” [âre], que é “serra, monte,
montanha”. Assim “hrøṣ” [âreôche] será literalmente “haste da serra”, ou
“madeira da serra”, logo irregular e que de algum modo se opõe a outras hastes
mais cuidadas. Daí se dizer por exemplo “torto que nem um arrocho”. Usualmente
classifica-se a nossa palavra “arrocho” como sendo de “etimologia obscura”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARROIO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “arroio” pode provir do termo
fenício “hr rwh” [ârrôê], que significa “regar da serra”. Repare-se que o
radical “hr” [âre], que significa “serra, monte, montanha” está presente na
toponímia (muitas vezes na forma “aire”), mas também em muitas palavras do
português. Já o termo “rwh”, que significa “embeber, regar, irrigar,
encharcar”, é próximo de “rwih” que quer dizer “superabundância,
transbordamento”. Numa tradução mais livre pode dizer-se que “hrrwih” será “o
que escorre ou transborda da serra”. Aceita-se tradicionalmente que esta
palavra “arroio” seja de “origem pré-romana” com uma passagem por um hipotético
termo “arrugiu”, que significaria “galeria de mina”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARROJAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “arrojar”, quando significa “andar
de rojo”, deve provir de “arṣ” [aras], que significa em fenício “chão, terra”,
e assim se compreende que “andar de rojo” ou “arrojar” seja proveniente da
ideia de “andar pelo chão” ou “andar por terra”. Já a mesma palavra, mas quando
significa “coragem, atrevimento”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn31" name="_ftnref31" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[31]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
pode provir de “arwz” [arôz] que significa “firme”, ou mesmo de “ørz” [ârz],
que significa “terrível”. Os dicionários geralmente apontam o termo latino
hipotético “rotulare”, que significaria “rodar, lançar a rodar, fazer rodar”,
como sendo a origem do nosso “arrojar”. Claro está que esta hipótese não é
aceitável.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARROMBAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se geralmente que a palavra “arrombar” vem
de “rombo”, e que esta palavra é de “etimologia duvidosa”. Há várias
possibilidades para a etimologia destas palavras, tanto na língua fenícia, como
mesmo no latim. Os latinistas parecem desconhecer que o “b” e o “p” foram
pronunciados de forma indistinta entre as populações nativas pré-romanas, e que
por isso o “rumpo” latino, que significa “romper, quebrar, rasgar” passou com
facilidade a “rumbo”, daí ao nosso “rombo”, e ao “arrombar”. No entanto em
fenício “arôn ba” [arônba] é “entrar na arca”, “entrar na caixa”, e portanto
haverá facilmente uma convergência entre as palavras das duas línguas. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARROTEAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “arrotear” tem origem certamente em
“ørr” [ârre], que significa em fenício “arrasar, destruir” e em “at” [ate], que
é “instrumento agrícola de ferro cortante (relha de arado, enxada, picareta).
Portanto “ørrat” [ârreate] é “arrasar ou destruir com instrumento agrícola de
ferro cortante como uma enxada ou uma picareta”. Usualmente aceita-se que a
nossa “arroteia” provenha de “roto” e que o nosso “roto” tenha origem no
“ruptu” latino, partícípio passado de “rumpere”, que significa “romper,
separar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ARRUMAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “arrumar” tem ligação ao
francês “arrumer” e ao alemão “rum”, que é “espaço”, mas que eventualmente
tenha também sofrido influência de “arrimar”, que é pôr em “rima” ou “ruma”
(pilha de coisas). É claro que o nosso “arrumar” tem efetivamente ligação a
“ruma” ou “rima”, que são palavras provenientes do fenício relacionadas com a
ideia de “levantar, elevação, alto, altura” (rmh, r’m, rwm), e associadas à
ideia de “fazer montes, empilhar”. No entanto o nosso verbo “arrumar” deve ser
proveniente de “ørm” [ârm], que em fenício significa precisamente “amontoar,
juntar”, <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ÁS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Tanto a nossa palavra “ás”, no sentido de
pessoa com especial capacidade ou que tenha realizado feitos notáveis, como o
sufixo “-az”, que expressa a ideia de robustez, como mesmo a palavra “aço” ou a
nossa palavra “rapaz” devem ter uma origem comum nos termos fonética e semanticamente
próximos existentes no fenício: “øz” [âz] ou “øzz” [ââz] significa “forte,
duro, violento, força, valente”, etc. Mesmo o “ás” do jogo de cartas deve
certamente o nome ao facto de ser “o mais forte”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn32" name="_ftnref32" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[32]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Evidentemente não existe nenhuma relação lógica interessante entre a unidade
para dinheiro, pesos e medidas a que os romanos chamavam “as”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">-ASCO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O sufixo “asco” exprime uma ideia de
“semelhança, atenuação, aproximação”, considerado por vezes como sendo de
origem pré-latina. Em fenício “škk” [sake] é “diminuir, aplacar-se, amainar”, o
que corresponde exatamente à ideia de “atenuação” do prefixo. Quando o sufixo
“asco” se relaciona com algo de mau, a origem deve ser “asakku”, que significa
“abominação” (ver “asco”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASCO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se geralmente que a palavra “asco” teve
origem no termo grego “eskhára”, que na verdade poderá estar na origem de
“escara” (crosta de ferida), mas não de “asco”. Este “asco”, que é “aversão,
nojo, rancor, ódio”, evidentemente nada tem que ver com crostas de feridas, e
tem certamente a sua origem em “asakku” [asake], que significa “abominação”.
Este mesmo radical “asakku” pode ser encontrado como parte de várias palavras
do português, como seja “fiasco”, “panasca”, “ascoroso”, etc.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASCOROSO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “ascoroso” corresponde à ideia de “aquele
que gosta de abominação”. Se “asco” provém de “asakku” com o significado de
“abominação”, “rṣh” completa a ideia, porque significa precisamente “ter
satisfação, agradar-se de, gostar de”. Assim “asakkurṣh” [asakerasê] veio a dar
o nosso “ascoroso” com o significado de “o que gosta de abominação”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASELHA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “aselha” pode provir de “asa”,
quando significa “pega” ou algo que cumpre as mesmas funções. No entanto,
quando aplicado a pessoas, o seu significado é de “incapaz, indolente,
desajeitado”. Evidentemente que este “aselha” nada tem que ver com “asa”,
estando antes relacionado com “øṣl” [âsela], que significa em fenício
“indolente, preguiçoso”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASILO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “asilo” provém do termo
francês correspondente “asile”, e que esta palavra vem do grego “ásilon”.
Contudo a origem primeira da palavra deve ser encontrada no termo fenício “aṣil”
que significa “partes mais remotas da Terra”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn33" name="_ftnref33" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[33]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASNA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A “asna” é a armação que suporta o telhado,
portanto a estrutura que lhe dá solidez, o esqueleto. A palavra evidentemente
não provém do termo latino “asina” que significa “burra”, mas antes de “øṣm”
[âsm], que é uma palavra fenícia que significa “ser forte, ser poderoso,
esqueleto”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASSANHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">(Ver “sanha”) <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASSASSINO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Refere-se que a nossa palavra “assassino”
teria tido origem na palavra árabe “haxãxi”, que significa “haxixe”. Parece que
ninguém se apercebeu da semelhança fonética e semântica entre as palavras
“chacina” e “assassina”, ao mesmo tempo que se achou que “chacina” teria tido
origem numa palavra inventada a propósito (isicium) que significaria “salsicha”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn34" name="_ftnref34" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[34]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Em fenício “šsh” é “saquear, espoliar”, “šss” é “saquear, pilhar” e “šsø” é
“despedaçar”. Por outro lado “inh” significa “ser violento, oprimir”. Assim,
“šshinh” significa “saquear com violência”, “despedaçar com violência”, “pilhar
e oprimir”, etc., e é essa por certo a origem das nossas palavras “chacina” e
“assassino”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASSIM<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso advérbio “assim”, ao contrário daquilo
que já se tornou habitual afirmar, certamente não provém do termo latino “sic”
ou de “ad+sic”. Parece muito mais provável tenha nascido do termo fenício “azi”
[asi], que significa “então, aí”, e que é foneticamente muito próxima da forma
do português antigo “assi”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ASSUSTAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “assustar”, bem como “susto”, e as
restantes da mesma família devem ter origem no termo “ašuštu” [asuste], que
significa “depressão, dor, desordem, balbúrdia”. Evidentemente nada têm que ver
com o termo “sustar”, nem “suster”, que é a origem geralmente aceite.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">-ATA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O sufixo “ata” que indica geralmente uma
“coleção de alguma coisa, uma reunião” provém certamente da mesma raiz de
sufixo “-ada” que com ele divergiu a partir do termo fenício “ødh” [âdâ], que
significa precisamente “reunião, assembleia, repetição, continuidade”. Ver
“-ada”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATABAFAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “atabafar” resulta da junção da
palavra “øţh” [âtâ], que significa “cobrir, envolver”, e de “abafar” cuja
origem deve ser “øbazh” [âbazâ]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn35" name="_ftnref35" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[35]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>,
com o significado de “cobrir para proteger”, ou “cobrir para aquecer” (ver
“abafar”). Habitualmente considera-se que a palavra é de “origem obscura”, ou que
resulta de um “cruzamento” entre “abafar” e “atafegar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATABALHOAR <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “atabalhoar” é dada com sendo de
“origem obscura”. No entanto a sua origem é claramente fenícia, e resulta do
radical “bll” [balale] que é “confundir”, ou de outras formas próximas, como
“blø” [balâ], que é “confusão”, ou ainda de “balalu” [balale], que significa
misturar (é deste radical que vem a nossa palavra “baralhar”), precedido da
palavra “øwt” [ôât], que significa “torcer, transtornar”. Assim, “øwtbll”
[ôâtabalale] será “transtornar confundindo”, “transtornar misturando”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATACADOR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “atacar” (ligar, apertar)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATACAR (lançar um ataque contra)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “ataque” é comum em várias línguas
românicas atuais, pelo que geralmente se pensa nestas situações que terá uma
origem latina. Diz-se que a palavra portuguesa tem origem no termo italiano
equivalente “attaccare”. No entanto parece não existir uma raiz latina que
explique a origem desta palavra, e pelo contrário existe uma raiz fenícia que
se ajusta muito bem ao significado da palavra: “hwt tqø” [âettaqâ] significa
“atacar ao som da trombeta”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATACAR (ligar ou apertar)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “øtk” [ataca] significa em fenício
“atar, ligar”. Quando se fala de cordões de sapatos, os “atacadores”, já se
percebe a origem da palavra. Evidentemente não há relação nenhuma com “ataque”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATAFEGAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “atafegar”, que significa “abafar,
asfixiar, sufocar apertando o pescoço” deve provir de “øţp” [âtaf], que
significa “envolver, desfalecer, desmaiar” e de um outro termo fenício “pḥ”
[fag], que quer dizer “laço”. Portanto “atafegar” pode provir de “øţppḥ”
[âtâffâg], que significa “laço que faz desfalecer”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATAFONA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Uma “atafona” é um moinho movido por pessoas
ou animais. Segundo o Cardeal Saraiva, o termo é proveniente do hebraico, de “țḥn”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn36" name="_ftnref36" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[36]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[tafn], de “țḥnh” [tafnâ] ou de “țḥôn” [tafôn], termos muito próximos que
significam respetivamente “moer”, “moinho” e “mó”. É possível esta relação,
muito embora corresponda à passagem do ḥet fenício ao “f” português, o que
parece que realmente ocorreu em alguns casos<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn37" name="_ftnref37" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[37]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Alguns dicionários apontam o termo árabe “tahunã” como origem da palavra
portuguesa, o que é igualmente aceitável.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATANCHAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “atanchar” é certamente de
origem fenícia. O termo “atnøšh” [atanâchâ] é “colocar firme”, significando
“atn” [atane] “ser firme, constante, perene”, e “øšh” [âchê] é “colocar, pôr”.
Por outro lado, “øs” significa “haste”, portanto o termo “atnøṣ” [atanâse]
significa “haste firme”. Existe no entanto a hipótese de a palavra “atanchar”
provir de “tanchar”, e de esta ser uma metátese de “chantar”. A palavra
“chanta” era na Idade Média a “estaca”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn38" name="_ftnref38" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[38]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a> que
se metia na terra para criar raízes, mas esta palavra deve provir de “šnntø”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn39" name="_ftnref39" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[39]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[channtâ], que significa “mudar planta nova” (ver “chantar”). A possibilidade
de “chantar” ter origem no termo latino “plantare” é geralmente aceite, mas
parece mais lógica a origem fenícia. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “atar” deve provir de “øțh”
[âtâ], que significa “agarrar”. Em latim existe a forma “aptare”, que significa
“adaptar, ligar; preparar, dispor; munir de”, que costuma ser considerada como
a origem do nosso verbo “atar”. Contudo parece claro que o “øțh” [âtâ] é uma
palavra que evoluiu por via popular, proveniente do fenício, e deu origem ao
nosso “atar”, enquanto as palavras “apto” e o “adaptar” tiveram origem no latim
e chegaram a nós por via erudita.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATARRAXAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ver “tarraxa”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATAVIAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “ataviar” significa “enfeitar,
colocar adornos”. Diz-se que a palavra “atavio” e o verbo “ataviar” têm origem
num termo gótico “taujan”, que significava “fazer”, e que por uma hipotética
palavra latina “adtaviare” teria chegado ao nosso “ataviar”. A palavra é por
certo fenícia e resulta do radical “iph” [ivê], que significa “tornar-se belo,
enfeitar, adornar, embelezar-se” e de “øţh” [âtâ] que é “cobrir, envolver,
agarrar, limpar”. Assim, “øţhiph” [âtâivê] é “cobrir de enfeites”, “agarrar
adornos”, etc.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATÉ<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Disse-se que a preposição “até” era
proveniente do árabe “hattã”, mas essa possibilidade foi tida por inaceitável
pela antiguidade desse vocábulo. A nossa palavra “até” tem como principal
significado a ideia de “limite”, e essa ideia deve resultar do termo fenício
“atti” [ati], que significa precisamente “limite”. No entanto há outros termos
fenícios que confluíram certamente para a formação do significado atual da
nossa palavra “até”: “at” [ate] é “sinal”; “øt” [âte] é “tempo, momento,
época”; “øth” [âtê] é “imediatamente, nesse momento”; “itu” [ite] é “limite;
“itti” [iti] é “com”; “ødt” [âdte], “momento”, “sinal”. O nosso “até” deve ter
uma origem próxima destes radicais antigos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATEZANAR (ou atazanar)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “atezanar”, ou “atazanar” deve ter
origem em “tazanar”. O radical “twh” [teâ] significa “entristecer, molestar” e
em “šnh” [sanâ], que é “repetir, fazer de novo”. Portanto “twhšnh” [teâsanâ]
veio a evoluir para o nosso “atazana” mantendo o significado fenício original
“molestar repetidamente”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATCHIM<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “øtišh” [âtichê] significa “espirro”
em fenício, logo a origem do nosso “atchim” é fácil de perceber.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATINAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Atinar é “ter tino”, e “tino” é “juízo”;
“perder o tino” é “perder o juízo”. Em fenício “din” [dine] ou “danu” [dane] é
“juiz, julgamento, julgar, juízo”. Não restam dúvidas que será essa a origem da
nossa palavra “tino”, e por consequência do nosso verbo “atinar”. Habitualmente
tem sido aceite que esta palavra é de “origem obscura”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATIRAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Afirma-se geralmente que o verbo “atirar” tem
origem na palavra “tirar”, e que esta é de “origem obscura”. Contudo em fenício
“ath” [atê] é “vir, trazer” (“atw” é “vir, chegar, ir”), e “irh” [irâ] “lançar,
atirar” (ou “yry”, que é “disparar”)<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn40" name="_ftnref40" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[40]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
Portanto “athirh” é “ir, vir, trazer atirando, ou lançando”, ou “vir disparar”,
etc. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">À TIRA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Apenas por curiosidade refere-se que a
expressão “à tira”, que no século XV significava “à pressa”, deve provir da
adulteração da expressão fenícia “øti”, que significa “com prontidão,
imediatamente” e de “øwr”, que significa “levantar, pôr em movimento”. Num
texto reproduzido por José Pedro Machado, lê-se: “… são aves de grande fome e
voão muito a tira”. Ora como se pode ver o termo fenício “øtiøwr” [âtiâêr] deve
corresponder exatamente a esta ideia “movimentar-se imediatamente”, ou
“levantar com prontidão”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATOAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra portuguesa “atoar”, que significa
“levar à toa”, deriva da nossa palavra “toa” e esta corresponde claramente ao
termo fenício “tøh” [tôâ], que significa “andar errante, vaguear, estar
confuso”, ou à forma próxima “ţøh”[tôâ], que quer dizer “vagar, desviar”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATOLAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Este verbo relaciona-se certamente com o termo
“tola”, que ainda se usa no Minho para designar as aberturas nas margens dos
cursos de água, e deve estar relacionado com a palavra fenícia “tølh”, que
significa precisamente “vala, aqueduto, canal”. O verbo “atolar” resulta
provavelmente da forma “ht tølh” [attôlâ], que significa “cair sobre vala”,
“cair sobre canal”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATRÁS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">É muito provável que a nossa palavra “atrás”
seja proveniente de “aṯr”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn41" name="_ftnref41" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[41]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[atchre], termo que em ugarítico significa “atrás, atrás de, depois”, e não do
termo latino “trans”, que significa “além de”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">ATRASAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Evidentemente que o verbo “atrasar” tem origem
em “atrás”, e este termo fenício “aṯr” [atra], que significa “atrás, atrás de,
depois” (ver “atrás”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AVELÃ<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Aceita-se geralmente que a nossa palavra
“avelã” tenha nascido do termo latino “avellana”, e que este tenha relação com
o topónimo “Abella” (cidade da Campânia). No entanto, tanto a nossa “avelã”,
como mesmo a “avellana” latina, devem ter nascido do termo acádio “abalu”
[avale], que significa “estar seco”, e corresponder à ideia genérica de “fruto
seco”. Veja-se também o verbo “avelar” ou “abelar”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AVELAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “avelar” é pronunciada tanto em
Trás-os-Montes como em parte do Alentejo como “abelar”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn42" name="_ftnref42" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[42]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>, e
significa “secar, murchar, engelhar”. Evidentemente que, ao contrário daquilo
que afirmam alguns dicionários, este “avelar” não tem origem no fruto a que
damos o nome de “avelã” (mas já o contrário pode ser verdade). A palavra
encontra paralelo no léxico acádio que nos ficou de tempos muito anteriores à
nossa era, já que existe o termo acádio “abalu”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn43" name="_ftnref43" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[43]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[avale], que significa precisamente “estar seco”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AVENÇA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “avença” tem origem num
hipotético termo do latim “advenentia”, que por sua vez seria proveniente do
“advenire” latino, que significa “chegar, advir”. Parece mais lógico que a
palavra “avença” tenha tido origem em “abh šwh” [avêchôâ] que significa
“pagamento ou retribuição aceite”, ou “pagamento acordado”, ou seja uma
retribuição previamente combinada (“abh” quer dizer “aceitar, estar disposto a,
concordar em”, e “šwh” significa “pagar, retribuir”). <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AVENTAL<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Usualmente diz-se que a nossa palavra
“avental” é de origem latina, de “ab ante” (diante). No entanto “pnhtlh”
[vanetale] significa em fenício “pendurar à frente”. O radical “pnh” significa
em hebraico antigo “o que está à vista, frente, fronte” tem equivalente acádio
em “panatu” [vanate], com o significado de “diante, em frente”. O “tlh” é um
radical bem conhecido e que passou com muita frequência para o português. Na
toponímia ocorre muitas vezes com o significado original de “colina” (“têlu”,
“tellu”, “tillu”, “tl”, são formas gráficas diversas do ugarítico, do acádio e
do assírio, com o mesmo significado) em topónimos como “telhado”, “telha”, etc.
Com o sentido de “suspender, pendurar” existe em português a forma “talego” –
“tlh+øgh” com o significado de “pendurar pão” ou “pendurar bolos”. De resto, e
é conveniente por vezes pensar nisto, a palavra “avental” dizia-se
“subligaculum”, que evidentemente não tem relação alguma com o nosso “avental”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AVÔ<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A palavra “avô” tanto pode provir do latim
“avus” (avô, os antepassados, um antepassado), como do fenício “ab” [ave], que
significa “pai, antepassado, ancestral”. De resto, se como tudo indica a
palavra “ab” era usada pelo povo do Neolítico que colonizou o Mediterrâneo, é
fácil perceber de onde nasceu tanto o “avus” latino como o “avô” português.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AVOAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Em várias regiões do país se usa a forma
“avoar” por “voar”. Ao contrário do que pode parecer, não se trata certamente
da corrupção da palavra latina “volare”, mas antes a manutenção do termo
original de origem fenícia “øp” [âve], que significa precisamente “voar”. De
resto, este “avoa” ou “aboa” continua a ser regionalismo, querendo dizer
“borboleta” algures no Alentejo, e “joaninha” no Algarve<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn44" name="_ftnref44" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[44]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“-AZ”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O sufixo “-az” [az], que expressa a ideia de
robustez deve ter uma origem nos termos fonética e semanticamente próximos
existentes no fenício: “øz” [âz] ou “øzz” [az] significa “forte, duro,
violento, força, valente”, etc. (ver também “ás”).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AZAR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Usualmente é aceite que a nossa palavra “azar”
provenha do árabe “az-zaHar”, que significa “felicidade, dados”. Se “azar”
começou por ser felicidade, e só depois se transformou em “acaso” ou “falta de
sorte”, então o termo pode ser fenício, porque “ašr” [azare] em hebraico antigo
é precisamente “felicidade”. Por outro lado, “ašar” significa em acádio “no
caso de”, o que parece ser uma referência à contingência da sorte, que lembra o
“hasard” francês.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AZEITE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um exemplo interessante da evolução de uma
palavra de origem “fenícia” para o português, em que a fonética evolui para uma
palavra atual do português, mas o sentido original se mantém, é “azeite”. O
“azeite” é por um lado o produto alimentar que todos conhecemos, mas por outro
lado usamos a palavra “azeite”, sempre associada ao verbo “estar”, num sentido
completamente diferente: “estar com os azeites”, significa “estar zangado”,
“estar furioso”, “estar de mau humor”. A palavra “azeite”, quando se refere ao
produto alimentar, pode provir do árabe “az-zait”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn45" name="_ftnref45" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[45]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>. Já a
ideia, completamente diferente da palavra “azeite” na expressão “estar com os
azeites” provém certamente de “az øit”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftn46" name="_ftnref46" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[46]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>
[azâite], que significa “vociferar com violência”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AZINHEIRA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Diz-se que a palavra “azinheira” tem origem
numa hipotética palavra latina “ilicinu” que seria proveniente do “ilex”
latino. Parece mais provável que a nossa “azinheira” tenha nascido de “øṣ nir”
[âsenir] que significa “árvore dos campos arroteados”. É possível que
inicialmente fosse uma árvore poupada nas arroteias, ou mesmo semeada nos
terrenos arroteados para a produção de bolota que, ao que parece, foi elemento
importante da alimentação humana.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">AZEVÉM<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A nossa palavra “azevém” deve ter tido origem
em “øšb” [âchev], com o significado de “erva”. Ainda hoje, no norte do país,
quando alguém diz que vai semear “erva” vai efetivamente semear “azevém”.
Diz-se geralmente que a palavra “azevém” é de origem obscura.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
Cardeal Saraiva já refere este termo “aba” com sendo de origem hebraica ou
caldaica.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-size: 8.0pt; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 8pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt;"> </span><span style="font-size: 8pt;">-
D. Raphael Bluteau, “Vocabulário Portuguez e Latino”, Coimbra, 1712<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;">- Note-se como o termo acádio “abaru” equivale ao
“ôpèrèt” hebraico antigo. Parecendo palavras foneticamente muito diferentes,
não o são. O “t” final é por certo sinal de género feminino, enquanto o “b” e o
“p” permutam com grande facilidade nestas línguas e entre nós devem mesmo ter
sido indistintos.</span><span style="color: red; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Também Moisés Espírito Santo refere a etimologia fenícia desta palavra no seu
Dicionário de Fenício-Português. O Cardeal Saraiva, em 1835, já se referiu a
este verbo como tendo a origem que aqui defendemos.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Também o Cardeal Saraiva entende ser esta a origem da palavra “acha”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Também o Cardeal Saraiva pensa ser esta a origem da nossa palavra “açoite”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-themecolor: text1;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 8pt;">- Este radical “aku é bastante usado na nossa língua,
podendo no entanto passar despercebido. Veja-se como ocorre por exemplo em
“acanhado”, “acatar”, “acabrunhado”, etc.</span><span style="color: red; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
forma “dâku” é acádia, enquanto a palavra “dk” é ugarítica. Existem também
formas próximas no significado e na fonética no hebraico antigo. Possivelmente
todas se pronunciariam de modo próximo e teriam significados semelhantes.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- “Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se
usaram e hoje regularmente se ignoram”, de Fr. Joaquim de Santa Rosa de
Viterbo, Tomo primeiro, pag. 27.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Versão comum e repetida em variadas obras, mas que dificilmente se
compreende e se poderia alguma vez aceitar. De resto, alguns dicionários
franceses têm semelhante explicação para a palavra “adouber”, e possivelmente
foi esta explicação que “inspirou” a que se usa para o nosso “adubar”. O
“adouber” francês significa “armar cavaleiro”. Imaginou-se que poderia ter
existido uma palavra “dubban”, proveniente do alemão ou do “frâncico”, que
tivesse significado “bater”, e que corresponderia ao bater com a espada no
ombro do cavaleiro. Mas tudo isto é imaginação.<span style="color: red;"> <o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Às
vezes parece que as propostas tradicionalmente aceites para explicar a
etimologia de algumas palavras são brincadeira de criança.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Os
termos “alaku” e “hlk” são grafias diferentes da mesma palavra, sendo o
primeiro proveniente do assírio e acádio, e o segundo do ugarítico e hebraico.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Dicionário de Falares do Alentejo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
palavra “brṣl” provém do hebraico antigo enquanto “przl” é aramaico. Repare-se
como o “b” e o “p”, mesmo nas línguas antigas do leste do Medierrâneo eram
confundidas. O mesmo se passa com os sons sibilantes, cuja representação
gráfica varia de língua para língua e mesmo dentro da mesma língua.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn15">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref15" name="_ftn15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Os
termos “apr” e “øpr” significam o mesmo em hebraico antigo (a forma “øpr” em
ugarítico). Esta situação é uma das muitas em que um mesmo som foi representado
com grafias diferentes, o que permite perceber que os sons representados pelos
símbolos gráficos seriam próximos.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref16" name="_ftn16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Neste caso temos a elisão do “l” inicial. Parece que a elisão do nosso som “l”
ocorreu com alguma frequência.</span><span lang="X-NONE"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref17" name="_ftn17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
som “ĥ” que existe no início de algumas palavras do acádio e do assírio
começadas por “ĥal” (e que por vezes correspondem ao som “ḥ” do ugarítico)
perdeu-se em alguns casos na língua falada no ocidente. Na toponímia temos a
palavra “ĥalsu” do acádio e assírio, ou a palavra “ḥl” do ugarítico, que
significam “fortaleza, castelo” deram origem a nomes como “ Aljubarrota”,
“Aljustrel”, “Aljezur”, etc. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref18" name="_ftn18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Repare-se que a forma latina “mercari” resulta de uma metátese nascida da
forma fenícia mais antiga “mkr”>”mrk”. Por outro lado, a forma “mrklt” já
significava em hebraico antigo “comércio, negócio”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref19" name="_ftn19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Repare-se como a tradução para três instrumentos agrícolas diferentes –
“picareta”, “sachola” e “machado” – não deve ser aceite de forma simplista, mas
antes se deve perceber que o termo se refere a um instrumento agrícola que
reúne as características de todos eles. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref20" name="_ftn20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Também o Cardeal Saraiva pensa ser esta a origem da nossa palavra “ama”.</span><span lang="X-NONE"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref21" name="_ftn21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
Cardeal Saraiva pensa que a palavra “amém” tem relação com “verdadeiro, firme,
fiel, constante”, o que a faria radicar no termo hebraico “amwn”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn22">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref22" name="_ftn22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Há
verdadeiros delírios imaginativos em algumas propostas… A proposta em causa,
transcrita por J. P. Machado no seu “Dicionário Etimológico da Língua
Portuguesa”, nasceu de proposta do Frei Domingos Vieira, que a publicou no
“Grande Dicionário Português ou Tesouros da Língua Portuguesa”<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn23">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref23" name="_ftn23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- A língua portuguesa ainda apresenta algumas características da língua
primordial do Neolítico. Repare-se por exemplo que o radical “nk” ainda está
presente em palavras como “banco”, “anca”, “manco”, “âncora”, etc. sempre
ligado à ideia de “imobilidade”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn24">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref24" name="_ftn24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Como em outros casos o “m” ou “n” de iní</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">c</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">io da
palavra foram nasalados e passaram a “am” ou “an”. Veja-se a título de exemplo
“andar”, “anca”, “andor”, etc.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn25">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref25" name="_ftn25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
palavra “ani” significa em hebraico antigo “navios, frota”, e “anih” quer dizer
“navio</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">”</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> na mesma língua. Já a palavra “ĥarru”
foi recolhida no léxico da língua acádia, e significa “depressão, canal largo,
curso de água”. Assim se vê como é preciosa a possibilidade de usar os léxicos
de</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"> </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">várias línguas próximas de forma
complementar para conseguir reconstituir a antiga língua que é origem do
português. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn26">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref26" name="_ftn26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Em
fenício os prefixos “b” e “m” apresentam semelhanças, e os sons acabam por se
confundir em palavras que não são correntes.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn27">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref27" name="_ftn27" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
palavra “riksu” é acádia, enquanto a palavra “rks” pertence ao ugarítico e ao
hebraico antigo, mas significam praticamente o mesmo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn28">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref28" name="_ftn28" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Como em muitos outros casos, por este exemplo se pode perceber a importância de
encontrar a complementaridade entre os glossários das antigas línguas
médio-orientais, para conseguir encontrar a raiz da antiga língua do ocidente
peninsular. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn29">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref29" name="_ftn29" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Trata-se evidentemente de um exercício de pura imaginação especulativa, sem o
menor fundamento científico.</span><span lang="X-NONE"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn30">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref30" name="_ftn30" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
Cardeal Saraiva refere a mesma origem hebraica para a palavra “aroeira”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn31">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref31" name="_ftn31" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Observe-se que </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">o </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">fenómeno de convergência entre o “arṣ”
(terra) e o “ørz” (firme, terrível), conduziu ao nosso verbo “arrojar” mas que
mantém os dois significados iniciais. Quando uma palavra do português tem
significações </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">m</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">uito diversas é de suspeitar que tenha
ocorrido este fenómeno.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn32">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref32" name="_ftn32" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Já
Moisés Espírito Santo refere esta relação com o termo fenício no seu Dicionário
de Fenício-Português.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn33">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref33" name="_ftn33" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Este é apenas mais um entre os muitíssimos casos de palavras das línguas
europeias atuais e antigas que partilham a raíz com as línguas do Próximo
Oriente. Por existirem tantas centenas de palavras nesta situação vale a pena
repensar a ideia da existência de uma </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">língua antiga não
semita</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">
a que se possa chamar “indo-europeu”. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn34">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref34" name="_ftn34" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Às
vezes torna-se difícil levar a sério as interpretações tradicionais…<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn35">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref35" name="_ftn35" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
nosso som “f” possivelmente não existia no falar pré-latino. A sua existência
no português atual deve-se ao “f” latino, mas também ao “p/b” fenício e, em
casos mais raros ao “ḥet” e ao “zain”.</span><span lang="X-NONE"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn36">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref36" name="_ftn36" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[36]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Em
ugarítico também significa “triturar, moer”.
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn37">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref37" name="_ftn37" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[37]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
Cardeal Saraiva refere a relação entre o ḥet hebraico e o “f” português, op.
Cit. pag. 16. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn38">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref38" name="_ftn38" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[38]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Ver “Elucidário” de Viterbo, op. Cit. p. 184.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn39">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref39" name="_ftn39" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[39]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Refira-se que o radical “ntø” tem exatamente o mesmo significado que
“mtø”, e que é “planta nova, plantar, plantação”. A palavra já consta de uma
laje inscrita com caracteres pré-romanos encontrada no concelho de Odemira, no
“Alcanfurado”, e já tem precisamente o significado de “plantação” (a referida
inscrição tem ainda a curiosidade de conter um símbolo deformado de modo a
poder ser lido “n” ou “m”, e é esse um dos motivos que leva a crer que estas
letras já indicavam uma nasalação). Convém ainda referir que esta “plantação” é
apenas a plantação daquilo que “pega de estaca”, e não qualquer outra
plantação. Devia portanto referir-se sobretudo a vinhas e olivais.<span style="color: red;"> </span></span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn40">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref40" name="_ftn40" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[40]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
radical “Irh” é hebraic</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">o</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> e a</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"> forma</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> yry
é ugarítica. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn41">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref41" name="_ftn41" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[41]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Frequentemente o “ṯ” ugarítico corresponde ao som “tch” (e à letra “shin”
hebraica). Assim, o termo “ašr” hebraico, que nessa língua significa “caminhar,
seguir, pegada, rasto” seria equivalente ao “aṯr” ugarítico. Contudo parece que
em alguns casos o “ṯ” ugarítico corresponde a um “t” nos dialetos do ocidente.
Veja-se a este propósito também a palavra “rede”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn42">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref42" name="_ftn42" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[42]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Efetivamente em largas áreas do país o “b” e o “v” continuam a ser difíceis de
distinguir, sobretudo quando usadas em palavras dos falares regionais, que de
algum modo não foram sujeitas à “normalização” da escrita.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn43">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref43" name="_ftn43" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[43]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Existe igualmente a forma “abl” do hebraico antigo, que significa “secar”, e em
acádio “ablu” é “sêco”.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn44">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref44" name="_ftn44" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[44]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Note-se o jogo das palavras: “</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">j</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">oaninha” é no </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">A</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">lgarve
“aboa” ou “avoa”; a cantilena infantil </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">ainda </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">diz
“joaninha avoa avoa…” <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn45">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref45" name="_ftn45" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[45]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Muito embora em fenício “oliveira” e “azeitona” seja “zit” ou “zt”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn46">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Palavras%20portuguesas%20de%20origem%20fen%C3%ADcia.docx#_ftnref46" name="_ftn46" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[46]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Moisés Espírito Santo, no seu “Dicionário de Fenício-Português relaciona este
“azeite” de estar zangado com o </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">t</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">ermo acádio
“ezzetu” que significa “furor”.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8.0pt;">
</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif";"><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-58217015736233336602015-03-10T12:53:00.000-07:002015-03-30T16:06:46.429-07:00Sobre a origem da língua portuguesa<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O texto que se segue corresponde a uma fração do primeiro capítulo do
meu trabalho “A Origem da Língua Portuguesa”, publicado em livro pela “Chiado
Editora” em Outubro de 2013. Tanto este fragmento, como o restante trabalho
(que na prática é um dicionário etimológico das palavras do português que têm
origem nas línguas antigas do Próximo Oriente) ajudam a compreender a
verdadeira origem da nossa língua. A leitura deste texto ajudará assim a
perceber quem somos e como nasceu a língua que falamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">"Comecemos pelo princípio<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Costuma-se classificar o português como língua latina. Mas o latim era
a língua dos conquistadores da Ibéria, não do seu povo. E o que é feito da
língua que o povo falava? Será que desapareceu sem deixar rasto? Ou pelo
contrário ela ainda vive entre nós, e convivemos com ela sem dar por isso,
usando-a cada vez que falamos ou escrevemos? E, se essa língua ainda existe,
qual será a sua origem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Em 1837 foi publicado um artigo extraído das atas da sessão de 15 de
Setembro de 1835 da “<i>Academia Real das
Sciências</i>”. Nesse artigo, da autoria de D. Francisco de S. Luiz Saraiva<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>, conhecido
popularmente como “Cardeal Saraiva”, intitulado “<i>Glossário de Vocabulos Portuguezes Derivados das Linguas Orientaes e
Africanas Excepto a Arabe</i>”, são referidos muitos termos da língua
portuguesa cuja origem se pode encontrar na “<i>língua hebraica e na língua caldaica</i>”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Curiosamente, parece que este esforço de encontrar uma origem oriental
do português foi interrompido durante mais de um século, até que nos finais do
século XX, Moisés Espírito Santo retomou o tema, alargando o estudo da nossa
relação com o Médio Oriente à cultura, à religião popular, à toponímia, às
expressões idiomáticas da língua portuguesa, etc. Para além dos conhecimentos e
conclusões do seu notável trabalho de investigador, Moisés Espírito Santo
ofereceu um instrumento de trabalho valiosíssimo a quem queira conhecer a
origem primeira da nossa língua, mas também a quem pretenda compreender a
toponímia, a cultura portuguesa e a nossa História. Trata-se do “Dicionário de
Fenício-Português”, em que é posto à disposição do leitor, e em carateres
latinos, o fundamental do léxico de algumas das línguas antigas do Próximo
Oriente, o que torna acessível a sua consulta a qualquer pessoa. O estudo que
agora apresento usa fundamentalmente esse instrumento como base de trabalho, e
sendo assim, todas as afirmações e conclusões que aqui são produzidas poderão
ser facilmente verificadas pelo leitor. Mas, ainda antes de iniciar a
apresentação das “palavras portuguesas de origem fenícia”, justifica-se pensar
um pouco sobre a linguagem no geral, de forma a melhor compreender a relação da
nossa língua com as línguas antigas do Médio Oriente a que chamarei de
“fenício”. Por isso, comecemos pelo princípio…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">É sabido que no final do Paleolítico a população humana era muito
pouco numerosa e, consequentemente muito pouco densa. Não suscita dúvida que o
Neolítico implicou uma verdadeira “revolução demográfica” que veio fazer
crescer exponencialmente a população humana. Também não oferece surpresa que
esse crescimento demográfico tenha conduzido à progressiva expansão dos povos
neolitizados, com ocupação de terras férteis e agricultáveis sempre mais além,
com percursos preferenciais discutíveis mas, no que se refere ao mundo do
Mediterrâneo, genericamente de leste para oeste. Não parece haver acordo entre
os estudiosos que permita a criação de um mapa de isócronas absolutamente
consensual sobre a difusão das sociedades neolíticas na Europa e Mediterrâneo,
contudo parece ser seguro que, por exemplo, a cidade de Jericó, situada nas
margens do rio Jordão, já existia há 11 000 anos, o que permite admitir a
existência de uma sociedade agrícola estabilizada, o que antecede em milhares
de anos a chegada da agricultura à Europa<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid6BBXOPcdZkRYqMwsQKu3WKnZuiWxmVjYMisziEkHXXFY7mdYNgXHK5h4wJWPAjuRfq0YQw8rDE6SXO2umv0_mNtHaZVT1lJbTxIt82hEqV-BhI2BSdAOPTBFihHCLDmfnEkZOsHYvyg/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid6BBXOPcdZkRYqMwsQKu3WKnZuiWxmVjYMisziEkHXXFY7mdYNgXHK5h4wJWPAjuRfq0YQw8rDE6SXO2umv0_mNtHaZVT1lJbTxIt82hEqV-BhI2BSdAOPTBFihHCLDmfnEkZOsHYvyg/s1600/2.jpg" height="155" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Figura 1 – Proposta de início do Neolítico na Europa e Mediterrâneo
(datas BP). Segundo “<i>The genetic history
of Europeans</i>” (adaptado)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Não será portanto difícil de aceitar que essa gente que se expande a
partir desse foco inicial tenha transportado consigo as suas sementes e
animais, técnicas e crenças, e, inevitavelmente, a sua língua. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O episódio bíblico da “Torre de Babel”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>
é, neste aspeto, particularmente interessante. Ele permite perceber que na
época em que o mito foi criado ainda havia uma memória distante de que em
tempos idos, todos os homens falavam a mesma língua<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
E essa foi por certo a língua do povo do Neolítico que, com a dispersão
geográfica e com a passagem dos séculos e dos milénios, se foi desdobrando em
dialetos cada vez mais divergentes entre si, até se chegar ao ponto em que os
seus falantes deixaram de ser capazes de se compreender uns aos outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">As línguas antigas do Médio Oriente hoje conhecidas, como o acádio, o
assírio, o ugarítico ou o hebraico antigo<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[5]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>,
que são praticamente dialetos diferentes dessa antiga língua descendente do
falar Neolítico, constituem a base lexical que permite conhecer o essencial da
antiga língua, e a partir dela, encontrar a origem não latina do português<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[6]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A filiação da língua portuguesa nessa língua antiga, a que por
comodidade passarei a chamar “fenício”, pode demonstrar-se pela análise da
toponímia, pela decifração da escrita do sudoeste, pela compreensão das lendas
que por vezes parecem absurdas, e, evidentemente, pela própria etimologia do
português, assunto a que dedicarei o essencial deste trabalho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ainda antes de entrar no tema central destas páginas, ilustrarei com
alguns exemplos a importância que o conhecimento desta língua tem para as
várias áreas do saber. Vejamos o caso da toponímia. Há centenas ou milhares de
topónimos que só fazem sentido se entendidos a partir dessa antiga língua. Por
exemplo, um local chamado “Mal Lavado”, “Malavada”, ou “Malvado”, ao contrário
do que pode parecer, nada tem que ver com “sujidade” ou “malvadez”, mas tão
simplesmente com a abundância de água e a existência de poços artesianos.
Repare-se que “malavad” significa literalmente em fenício “poço de águas
subterrâneas que transborda”. Ainda hoje se pode constatar que os locais com
estes nomes têm em comum a extraordinária abundância de água. Veja-se a
propósito que “avad” (ou “abad”, dado que na língua antiga não existia a
diferenciação entre o “b” e o “v”) veio a dar topónimo como “Aivado” (sobretudo
no sul do país) e ”Abade” (mais comum no norte e centro), topónimos esses que
foram criados para referenciar a existência de poços. A grande maioria da
toponímia rural portuguesa tem origem nesta antiga língua, e o seu conhecimento
tem um potencial imenso para disciplinas como a História ou a Arqueologia.
Veja-se por exemplo que “Cabra Figa” significa “necrópole de incineração” e que
“Cabra Assada” quer dizer “encosta das sepulturas”, mas também que “Miséria”
corresponde a “fronteira”, “Charneca” é “terreno livre” (sem dono), etc., etc..
Todo um mundo de referências do passado passa a estar agora disponível e pronto
a ser traduzido e interpretado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Também os documentos escritos no passado por vezes contêm termos ou
expressões incompreensíveis, que só fazem sentido à luz deste novo saber. Um
exemplo disso é a definição dos limites do concelho de Odemira referidos no
“Foral Velho” de 1256, que por sua vez faz apelo aos limites anteriormente
estabelecidos entre as terras do rei e as da Ordem de Santiago em 1235<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[7]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. Entre
outros aspetos que requerem atenção, faz-se referência a um “azougues de
benazeual”, de localização indeterminada. Essa indeterminação resultou
precisamente de não ter sabido traduzir a expressão medieval com base no
“fenício”. “Azswg bmhzbl” significa simplesmente “santuário rodeado por uma
cerca no cimo da serra”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[8]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>, o que
corresponde seguramente ao ainda hoje existente santuário de Nossa Senhora das
Neves. De posse desta tradução imediatamente se desfaz qualquer dúvida sobre a
localização da fronteira medieval. Muitos outros documentos, sobretudo
medievais, poderão ser melhor compreendidos à luz do conhecimento da língua
antiga.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Também as lendas, que por vezes parecem tolices sem sentido, devem ser
lidas de novo, pensando que na sua origem está uma lenda contada na antiga
língua, e que a lenda atual conserva vestígios da versão original. Vejamos o
exemplo da lenda que conta a origem do nome da cidade de Estremoz. Diz
resumidamente a lenda que um grupo de pessoas fugia pelo Alentejo em busca de
segurança, até que encontrou, no local onde hoje se localiza Estremoz um
“enorme tremoceiro” que lhes proporcionou abrigo e proteção. Evidentemente que
a lenda parece ser um disparate completo, já que o tremoceiro é uma planta
leguminosa de poucos centímetros, e consequentemente não poderia ter dado
“abrigo e proteção” a um grupo de fugitivos. No entanto se pensarmos que
“strmooz” significa em fenício “fortaleza de proteção” ou “fortaleza de ficar
abrigado”, então o assunto muda completamente de figura… Quando a lenda foi
criada continha a palavra “strmooz” e consequentemente a ideia de fortaleza de
abrigo ou de proteção. Com o passar dos séculos e com as mudanças operadas na
língua falada, manteve-se a ideia de encontrar “abrigo ou proteção numa
fortaleza” (que é essência da lenda), mas acrescentou-se uma palavra
foneticamente próxima, o tremoceiro, como forma de a contar na nova língua. O
mesmo fenómeno ocorre em outras lendas, como a da origem do nome da praia de
“S. Torpes” em que se fala de uma “jangada de canas” que transportava um “galo
e um cão”, animais cuja presença na lenda resulta apenas de “gal con”
significar em fenício precisamente “jangada de canas”. Quem queira redescobrir
as nossas lendas terá um trabalho vasto e aliciante pela frente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">No que respeita à decifração da escrita do sudoeste<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[9]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>, o assunto
é, como se compreenderá, muito mais complexo, mas pode-se garantir também que
ela reproduz esta mesma língua a que chamo de fenício. Assim ficamos a saber
que no período do Bronze Final e da Idade do Ferro, já se falava por aqui esta
língua, mas é muito provável que ela seja bem mais antiga entre nós.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A origem e evolução das línguas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Alguns estudos sobre primatas têm vindo a mostrar como estes relacionam
ideias com sons, e essa relação deve estar na origem daquilo a que costumamos
chamar de linguagem<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn10" name="_ftnref10" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[10]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. Um
processo semelhante deve ter ocorrido com os humanos e é, como seria de prever,
relativamente simples. Imagine-se que um clã dos primeiros humanos atribuiu o
som “Ô” ao que está em baixo (mais tarde será também o que é escuro, sujo) e o
som “Á” ao que está em cima (por analogia será igualmente o que é luminoso,
claro, puro). Se o som “G” for usado como alerta de perigo, “GÔ” ou “ÔG” será
“perigo em baixo” (por exemplo “cobra”), e “GÁ” ou “ÁG” será “perigo em cima”
(por exemplo “águia”). Na mesma lógica, se o som “M” for usado para designar
água ou outro líquido, “MÔ” ou “ÔM” será por exemplo “água turva, suja”,
enquanto “MÁ” ou “ÁM” será “água limpa, clara, leite”, e daí, no futuro, também
“ama” e “mãe”, etc. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Como é de calcular, o número de sons emitidos pelo ser humano deve ter
aumentado progressivamente, ao mesmo tempo que as combinações entre eles se
tornaram cada vez mais complexas e diversificadas, por forma a dar resposta a
realidades materiais e culturais cada vez mais ricas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Deve ter havido entre os povos do paleolítico várias línguas
primordiais nascidas deste modo, que estarão na origem dos grandes grupos de
línguas da atualidade, mas esse é um processo difícil de reconstituir. O que
parece evidente é que, quando no Médio Oriente o Homem domestica plantas e
animais e se torna agricultor e pastor, a sua população “enxameou” o velho
mundo, levando consigo a sua língua, e promovendo a sua difusão entre outros
povos. As línguas do primeiro e segundo milénios antes de Cristo, como o
ugarítico, o hebraico antigo, o acádio ou o assírio, que nos servem para
conhecer essa língua antiga apresentam ainda grandes afinidades entre si, e
como se verá, muitas semelhanças com algumas línguas antigas e atuais da
Europa, o que permite perceber que todas elas tiveram uma origem comum. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Contudo, com o processo de divergência antes referido, criaram-se
palavras no ocidente que têm sentido nessas línguas antigas, mas que se saiba,
não foram usadas pelos povos antigos que as falaram. É um pouco como o nosso
“fato” do português, que é o “terno” brasileiro. Nós não usamos a palavra
“terno” para nos referirmos ao conjunto de “calças, casaco e colete”, mas
“terno” provém da ideia de serem três peças, e faz sentido em português. A
“geladeira” do Brasil é o nosso “frigorífico”, o “grampeador” é o nosso
“agrafador”, a “aeromoça” é “hospedeira de bordo”, etc</span> <span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Não usamos essas palavras no português que se
fala em Portugal, mas elas fazem sentido em português. Note-se que no caso do
português falado dos dois lados do Atlântico a separação é ainda muito recente
e tem havido esforços dos próprios estados para evitar a divergência. Como se
compreenderá facilmente, num tempo em que não existia televisão, rádio,
imprensa (nem tampouco acordos ortográficos), com a passagem dos séculos e dos
milénios essa divergência acentuou-se dando origem a dialetos distintos ou, ao
que poderemos considerar já, línguas distintas. Mas são línguas ou dialetos que
partilham indiscutivelmente a sua raiz antiga. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Assim, também nós usamos por vezes palavras diferentes das usadas por
esses povos antigos do oriente, mas que fazem sentido nas suas línguas. Vejamos
um exemplo. Para se referirem ao que nós chamamos de “barriga” esses povos
tinham o termo “krs”, que em ugarítico se traduz por “tripa” e em hebraico
antigo se escrevia “krx”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn11" name="_ftnref11" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[11]</span></sup><!--[endif]--></sup></a> e se
traduz geralmente por “barriga”. Já acádios e assírios diriam qualquer coisa
como “karaxu” que costumamos traduzir por “ventre, estômago”. Em português esta
palavra não foi usada (ou se foi, não chegou até nós), mas em contrapartida
temos a palavra “tripa” que deve provir de “ţrp” que significa em fenício “ser
esquartejado”, e a própria palavra “barriga” que por certo tem origem em “</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">bøh rk” (algo como </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">“bâêreke”), que significa “formar barriga
mole”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn12" name="_ftnref12" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[12]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Uma outra característica que provém certamente das origens mais
distantes da língua, mas que ainda se pode detetar nestas línguas antigas, é
que a sons próximos correspondem geralmente ideias próximas. Assim, entre
muitíssimos exemplos possíveis, tomemos o caso de “lan”, que é “dormir” em
ugarítico, e “nal” é igualmente “dormir” em acádio e assírio. E esse tipo de
fenómeno não é uma simples metátese, mas antes uma característica de uma língua
em que a “palavra” conforme nós hoje a entendemos, ainda não existia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Para a maioria das pessoas a língua é basicamente um conjunto de
palavras ligadas por uma qualquer lógica a que chamamos gramática. É por isso
difícil de aceitar que se possa falar de uma língua sem “palavras”. Contudo,
por muito que custe a aceitar, houve um tempo em que a ideia residia ainda em
sons simples, que combinados e sequenciados davam origem a ideias mais
complexas<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn13" name="_ftnref13" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[13]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. A prova
mais decisiva e indiscutível dessa realidade resulta da tradução das inscrições
da chamada escrita do sudoeste, em que não existem palavras individualizadas e
em que as diversas leituras resultantes de diferentes combinações de fonemas
conduzem a ideias semelhantes<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn14" name="_ftnref14" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[14]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. Moisés
Espírito Santo explica no seu Dicionário de Fenício-Português que a relação
primordial som/ideia de que falamos a propósito da origem da linguagem, ainda
existia nessas línguas, dizendo; “<i>Nas
línguas europeias, os vocábulos são códigos aos quais se atribui uma
significação; os vocábulos homófonos têm significações autónomas. A língua é um
código de significações. Se permutarmos os fonemas dos vocábulos “pai”, “campo”
e os associarmos de outra forma, as novas formas deixam de ter relação com os
vocábulos anteriores. No Fenício antigo é diferente. A ideia reside no fonema.
Cada fonema encerra um conceito, um “embrião de ideia” relativamente
abrangente; dois ou três fonemas (a que alguns chamam raiz) circunscrevem a
ideia: o alef (a) traduz a ideia genérica de “origem”; o beth (b), a de
“entrar, introduzir”; o reš (r), “relação” (…). É como se os fonemas
associando-se em vocábulos produzissem as coisas. Porque um vocábulo é a
associação de dois ou três “embriões” e estes são por natureza vagos, os
vocábulos hebraicos são pluri-semânticos; um vocábulo parece significar coisas
muito diferentes; digo parece, mas só enquanto está isolado; em determinado
contexto os vários significados podem ser complementares.</i>”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn15" name="_ftnref15" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[15]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Tomemos a título de exemplo ainda o radical fenício “rk”, que contribuiu
para a formação da nossa palavra “barriga”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn16" name="_ftnref16" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[16]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.
Este “rk” (que em muitas situações evoluiu para “rg” do português atual) não
deve ser entendido como uma palavra no sentido que damos atualmente à palavra
“palavra”, mas antes como um radical genérico que pode ser usado em diversas
situações. Atente-se que o “rk” fenício significa algo tão vago como “<i>afrouxar, ser tenro, macio, fraco, débil,
mimoso, branco, suave, tímido, receoso, ser delicado, ser mole, ser vacilante</i>…”
Essa ideia geral, que não é exatamente nenhuma das palavras usadas para a
definir, mas antes a ideia expressa por todas elas, quando por exemplo é
associada ao fonema “maru” [mare]<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn17" name="_ftnref17" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[17]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>, que
significa “filho, gordo”, deu origem a “marreke” e daí ao nosso “maricas”
(filho gordo débil, mimoso, tímido, receoso, delicado…); associado a “bøir”
[bôir], que em fenício significa “gado, animal”, criou o nosso “borrego”
(animal branco, suave, delicado...); quando associado a “rph”, que significa
genericamente “filho”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn18" name="_ftnref18" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[18]</span></sup><!--[endif]--></sup></a> deu
origem a “rphrk” (rapâreke) o que em português originou a nossa “rapariga”
(filha delicada)<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn19" name="_ftnref19" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[19]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">As línguas e os povos que as falam<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">No processo de difusão do Neolítico pelo mundo, devem ter ocorrido
diversos tipos de relação entre as antigas populações que aí viviam como
caçadoras e os novos colonos agricultores e pastores. É possível que em alguns
casos as populações nativas de caçadores tenham sido quase levadas à extinção,
ou que se tenham diluído entre os novos colonos deixando fracas marcas de si
mesmas para o futuro; noutros casos terá havido por parte dos caçadores
autóctones uma aprendizagem do modo de vida das gentes neolitizadas, e assim se
tenham transformado em agricultores e pastores, mantendo no essencial a sua
língua e identidade genética. Por esse processo é natural que se tenham somado
populações geneticamente distintas que poderão ter tido diversos graus de
apropriação da língua e cultura dos primeiros agricultores. É possível que essa
tenha sido a situação ocorrida entre nós. Os estudos genéticos realizados sobre
restos ósseos de populações Mesolíticas e Neolíticas parecem mostrar que
existiu algum tipo de colonização no período Neolítico, mas que a sua
proveniência não terá relação com populações do Próximo Oriente. Helen
Chandler, Bryan Sykes e João Zilhão, em “<i>Using
ancient DNA to examine genetic continuity at the Mesolithic-Neolithic
transition in Portugal</i>”</span><a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn20" name="_ftnref20" title=""><sup><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Calibri;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[20]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">, referem: “<i>A ausência do haplogrupo J na amostra neolítica portuguesa indica que
ela não representa derivação directa a partir de agricultores do Próximo Oriente;
mas a existência de descontinuidade genética entre os grupos mesolíticos e
neolíticos implica que a transição para o Neolítico em Portugal terá envolvido
algum tipo de colonização.”</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Terá havido ao longo dos milénios seguintes outros movimentos migratórios
através da grande via de comunicação que foi o Mediterrâneo, repetindo
percursos antigos, renovando gentes e ligando culturas. Muitos pontos da costa
continuaram a ser escala nas rotas comerciais da era dos metais<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn21" name="_ftnref21" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[21]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. Será
seguramente o caso dos portos do mar interior ligados ao comércio fenício, com
evidentes prolongamentos na Península Ibérica, e que parece ter tido
continuidade pelo menos até às ilhas britânicas.<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn22" name="_ftnref22" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[22]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Usando um novo método analítico para a deteção de alterações genéticas
subtis, o “Genographic Project” revelou a herança genética dos fenícios. Desde
as terras do Próximo Oriente, colonos e comerciantes dispersaram-se pelas
margens do mar interior, e as suas marcas são ainda hoje visíveis nas
populações da Península Ibérica, Norte de África e ilhas do Mediterrâneo. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1ElYfasheJdNMcMOinByUI5lT4QS78pAVG04Obk_YOsufXZ1bROsVrYbaHNCcf2LRatFvJ7Kj2Gfsk3ipE_1qelttOCJgZ3NG4dLLx9_Tzvtwte5CenPrxQ-Q_VKFao90zdnwk1nnIj8/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1ElYfasheJdNMcMOinByUI5lT4QS78pAVG04Obk_YOsufXZ1bROsVrYbaHNCcf2LRatFvJ7Kj2Gfsk3ipE_1qelttOCJgZ3NG4dLLx9_Tzvtwte5CenPrxQ-Q_VKFao90zdnwk1nnIj8/s1600/1.jpg" height="180" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Calibri;">Figura 2 – “The
Phoenicians’ genetic footprint”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn23" name="_ftnref23" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span lang="EN-US" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[23]</span></sup><!--[endif]--></sup></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: Calibri;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A aceitar sem reservas ambos os estudos genéticos referidos, teremos
que admitir que após o Mesolítico terá havido uma entrada de povos agrícolas
que não eram fenícios, mas que em momento posterior chegaram à Península
Ibérica povos com ligações genéticas às gentes do Próximo Oriente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Haverá contudo que admitir que boa parte dos colonos que ao longo dos
milénios se dispersaram pelas margens do mar interior, correspondesse a populações
que partiam do Próximo Oriente, mas não seriam necessariamente naturais da
costa da “fenícia”, pelo que a população migrante que chegou até nós seria já
ela própria geneticamente diversificada. Existem textos antigos que confirmam
esta ideia. Por exemplo, no Antigo Testamento (Ezequiel, 27. 10), pode ler-se a
respeito de Tiro: “<i>Os persas, os lídios,
e os de Put eram no teu exército os teus soldados …</i>”. A fazer fé nesta
afirmação, teremos que aceitar que nos barcos de Tiro viajavam gentes de
milhares de quilómetros em redor. Também no “Cântico de Débora” (Juízes, 5), se
percebe que as tribos de Dan e de Aser abandonaram o Próximo Oriente e se
dispersaram pelo Mediterrâneo, dado que se afirma que “<i>…e Dan porque se deteve em navios? Aser se assentou nos portos do mar e
ficou nas suas ruínas</i>”. Ainda em relação à diversidade de povos que terão
chegado a este extremo do mundo, Plínio-o-Velho diz que “<i>Marco Agripa considerou que, na generalidade, esta costa é
originariamente dos púnicos<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn24" name="_ftnref24" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[24]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>.
(…) Refere Marco Varrão que à Hispânia em geral chegaram Iberos<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn25" name="_ftnref25" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[25]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a>,
Persas, Fenícios, Celtas e Púnicos</i>;”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn26" name="_ftnref26" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[26]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A recente utilização de contributos provenientes da genética para o
conhecimento do passado é não só de grande atualidade como de inegável
interesse. Contudo, no caso que aqui tratamos, que é o da origem da língua
portuguesa, convém não ceder ao fascínio inebriante de sobrevalorizar esse novo
conhecimento da genética, e em consequência tirar conclusões precipitadas.
Note-se que a evolução genética e linguística nem sempre se fazem em paralelo.
Um povo pode manter a sua identidade genética intocada e adotar uma nova
língua. Tomem-se como exemplo os povos andinos que em muitos casos mantêm
intocada a sua genética pré-colombiana, mas que falam castelhano, ou mesmo
povos africanos que passaram a ter como língua oficial um falar levado pelos
colonos europeus, e que geneticamente têm muito pouca ligação à Europa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Por outro lado, recomenda o bom senso que prevaleça alguma humildade e
consciência de que no capítulo da genética histórica estamos a dar os primeiros
passos, e que é muito mais aquilo que ignoramos que aquilo que podemos
garantir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A explicação tradicional para a origem das
palavras portuguesas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Com base no pressuposto que a língua dos povos conquistados pelos
romanos sucumbiu completamente ao latim, e que dela quase nada ficou<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn27" name="_ftnref27" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[27]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>, criou-se
uma estrutura de raciocínio enviesada, o que só poderia conduzir ao acumular de
incorreções. Assim, em grande parte dos casos, as palavras do português passaram
a ser consideradas de origem latina. Mas, como efetivamente muitas delas não
eram de modo algum latim, criaram-se formas de, ainda assim, as classificar de
“latinas”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">É assim que nascem as “formas latinas hipotéticas”, que é como quem
diz: se existe uma determinada palavra em português, é porque deve ter existido
uma palavra equivalente em latim. Concretizemos. Diz o pensamento
tradicionalmente aceite que, por exemplo, se existe em português a palavra
“abalar”, é porque em latim deve ter existido o verbo “advallare”. O problema é
que efetivamente o verbo “advallare” nunca existiu em latim (e se tivesse
existido significaria “atirar-se de um vale ao fundo”, o que também seria algo
estranho), mas em contrapartida existem em fenício as formas “abalu”, “ibl” e
“wabalu” que significam “trazer, levar, carregar”, que evidentemente estão em
muito melhor posição para constituir a origem do nosso verbo “abalar”. Há
centenas de palavras às quais tem sido atribuída esta origem em “formas
hipotéticas latinas”, que efetivamente nunca foram latim, e cuja origem se pode
encontrar com facilidade nas línguas a que vou chamando de “fenício”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Para além das “palavras hipotéticas” foi criado todo um outro conjunto
de explicações erróneas, embora bem adaptadas ao objetivo supremo de satisfazer
a premissa inicial, de que o português é “filho do latim”. Inventou-se o “latim
popular”, o “latim tardio”, o “latim eclesiástico”, o “latim medieval”, o
“latim ibérico”… Diz-se por exemplo que a nossa palavra “arame” provém do
“latim tardio”, de “aramen”, que significa “bronze, objeto de bronze”. De facto
a palavra “arame” deve provir da ideia de “corda de cobre” ou “corda de
bronze”, ideia que em fenício corresponde a “erumen”, mas simplesmente nunca
foi latim, nem precoce, nem tardio, nem popular, nem erudito. A algumas outras
palavras atribui-se por exemplo uma origem gótica, mas que ainda assim teriam
sido apropriadas pelo latim. É o caso da nossa palavra “agasalho” que teria
tido origem numa forma “latina hipotética” “ad-gasaliare”, proveniente do
gótico “gasalja”, que significa… “companheiro” (!?). O facto é que, em fenício,
“h ksl” [âkasal] significa “o vestido”, e “hkshøl” [âksââl] quer dizer “o que
cobre por cima”, e este facto destrói completamente as construções teóricas
tradicionalmente aceites, por mais elaboradas que pareçam ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Há outros casos em que a etimologia latina aceite habitualmente é mais
que duvidosa. Por exemplo, origem proposta para a nossa já referida palavra
“borrego” é simplesmente inaceitável. Diz-se que “borrego” provém do latim, de
“burru”… que significa “encarnado”. No entanto em fenício “bøir” significa
“gado, animal”, e “buru”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn28" name="_ftnref28" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[28]</span></sup><!--[endif]--></sup></a> é “animal
pequeno”; por outro lado, como vimos anteriormente, “rk” é “delicado, débil,
suave, branco, tímido, etc.”. Portanto, “burreke” será “animal pequeno
delicado”, ou algo equivalente, e “bøirreke” será por exemplo “gado delicado”.
Parece evidente que a relação entre o nosso “borrego” e o “burro” (encarnado)
latino, não faz o menor sentido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Pela forte influência que o pensamento com origem em França teve sobre
os académicos portugueses, há frequentes analogias entre a origem proposta para
palavras francesas e as suas equivalentes portuguesas. Contudo, se é aceitável
a contaminação de palavras neerlandesas ou alemãs para o francês, por se tratar
de línguas de povos vizinhos, outro tanto já não fará grande sentido em relação
ao português. É dessa situação exemplo a palavra “dique”, que se diz provir do
“dijk” dos holandeses. No entanto em acádio “diq” significa precisamente
“trincheira”, e é natural que essa palavra esteja entre nós há muitos milhares
de anos<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn29" name="_ftnref29" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[29]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A um número significativo de palavras atribui-se origem castelhana. É
bom de perceber que na maioria esmagadora dos casos a origem das palavras do
português é semelhante à do castelhano, e de nada adianta remeter a origem de
uma língua para a outra. De facto, o que se tornará necessário é descortinar a
origem das palavras semelhantes de ambas as línguas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O que se pode concluir facilmente ao estudar as teses tradicionalmente
aceites para a origem das palavras portuguesas, é que foram cometidos atropelos
à lógica e a qualquer método que pretendesse ter rigor científico. Abusos na
evolução fonética, abusos na interpretação semântica, abusos absolutamente
inaceitáveis através da verdadeira invenção de palavras que de facto nunca
existiram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Como se verá ao longo do presente trabalho, os exemplos de palavras
portuguesas com origem “fenícia” são às centenas, e este é apenas um “estudo
sumário”, o que significa que haverá muitas outras palavras de origem
semelhante, mas que ainda não estão aqui tratadas. Em qualquer dos casos a
demonstração da origem “fenícia” da língua popular portuguesa ficará certamente
feita. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A relação fonética entre o “fenício” e o
português<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Como se viu anteriormente, o Cardeal Saraiva, na primeira metade do
século XIX já tinha defendido a origem hebraica de muitas palavras portuguesas.
Na época não foi mais longe em primeiro lugar por não terem sido ainda
decifradas outras línguas antigas do leste do Mediterrâneo, como o ugarítico, o
acádio ou o assírio, e portanto não estar de posse dos léxicos dessas línguas.
Por outro lado, não percebeu que em rigor o português não tem palavras
hebraicas ou de outras línguas antigas do Médio Oriente. O que se passa é que
há muitas palavras do português comuns a palavras de línguas como o hebraico
antigo, provavelmente não por terem sido importadas dessas línguas, mas antes
por partilharem com elas uma língua ancestral comum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Muito embora se esteja no início do trabalho de reconhecimento das
palavras do português com origem “fenícia”, pode desde já enumerar-se um
conjunto de situações em que se percebem diferenças entre as línguas antigas
que servem de referência (sobretudo o ugarítico, o hebraico antigo, o acádio e
o assírio) e o português atual. Serão provavelmente diferenças entre todo o
grupo de línguas do leste e do oeste do Mediterrâneo resultantes da dispersão
dos povos do Neolítico. Vejamos as principais diferenças já percebidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso som “a” provém muitas vezes do alef fenício (representado
neste trabalho pelo símbolo “a”) que corresponde nessa língua a uma leve
aspiração<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn30" name="_ftnref30" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[30]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. Entre
muitos outros, é o caso do nosso “<b>a</b>brolho”,
que deve provir de “<b>a</b>baru ølh”, com
o significado de “folhagem espinhosa”, ou de “<b>a</b>rchote” palavra que deriva de “<b>a</b>rṣwt” (algo como “<b>a</b>rsôt”),
e que significa “acender luz” (“ar” é “luz, brilhar, iluminar”, e “ṣwt” é
“acender”).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O ayn fenício, representado pelo símbolo “ø”, nas línguas antigas do
oriente deve ter sido um som aspirado nasal próximo de “õe”, “ãe”, ou “êu”. É
provável que entre nós tenha sido menos nasalado (ou evoluiu nesse sentido) e
por isso as palavras fenícias que o contêm correspondem com frequência no
início das palavras do português ao nosso “a” mais ou menos aberto. Por exemplo
“<b>ø</b>qb” (ãeqaba), que significa
“chegar ao fim; parte final; até ao fim”, deu origem ao nosso verbo regular “<b>a</b>cabar”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn31" name="_ftnref31" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[31]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>;
de “<b>ø</b>b” (ãeb), que significa “palio,
alpendre”, ou seja “cobertura”, resultou a nossa palavra “<b>a</b>ba”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn32" name="_ftnref32" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[32]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>. Em
outros casos (menos frequentes) o “ayn” evoluiu para o nosso “o” aberto no
início das palavras, como é o caso de “<b>o</b>rvalho”
que tem certamente origem em “<b>ø</b>rbbll”
(ôrvvale), o que significa precisamente “humidade do anoitecer”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Pode o nosso “a” provir ainda do “he” fenício, letra que correspondia
a sons levemente aspirados como “âa” ou “êe”, e é representada neste trabalho
pelo nosso símbolo “h”. É o caso dos nossos próprios artigos definidos “o, <b>a</b>, os, as” que devem ter origem neste “<b>h</b>” (âa) fenício que é usado nessa
língua precisamente como artigo definido, mas para os nossos dois géneros e
números (o nosso artigo não vem evidentemente do “illa” latino que poderá ter
originado o “la” castelhano e francês, mas não os artigos definidos do
português); é igualmente o caso (entre outros) de palavras como “l<b>a</b>bareda” tem origem em “l<b>h</b>b rød” (lâebarãeda), e significa
traduzido à letra “chama trémula”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Por fim, o “a” do início de muitas das palavras portuguesas resulta de
fenómenos como a prótese como é o caso da evolução de “briḥ” [brig] (o símbolo
“ḥ” corresponde ao “ḥet” e falaremos dele adiante, mas geralmente esse som, que
nas línguas do próximo oriente é gutural e fortemente aspirada, evoluiu para o
nosso “g” ou “c”, portanto teremos “brig”) que significa em fenício “ferrolho,
tranca, muralha”, para a nossa palavra “abrigo” no sentido de proteção segura.
Algumas palavras portuguesas que se iniciam com um “a” nasalado provêm de
palavras fenícias iniciadas por “m” ou por “n”. Esse é o caso da palavra “<b>an</b>dar” que deve ter origem em “<b>n</b>d” corresponde a “mover, afastar,
vaguear”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O desaparecimento total de sons aspirados do português é uma das
características mais significativas da diferença entre o falar antigo do
oriente e o português dos nossos dias, ou, dito de outro modo e de forma mais
exata, é uma das maiores diferenças ocorridas na evolução da língua do
Neolítico entre o extremo Leste e o Oeste do Mediterrâneo. Para além dos sons
aspirados antes referidos (o alef, o hê e o ayn) existia em fenício um outro
som fortemente aspirado, o “ḥet”. As várias representações gráficas usadas ao
longo do tempo e pelos diversos povos que escreveram as línguas deste grupo a
que genericamente estamos a chamar “fenício”, são aqui substituídas pelos
símbolos “ḥ” e “ĥ”. Este som, originalmente gutural e fortemente aspirado,
desapareceu totalmente do português correspondendo muitas vezes aos nossos sons
“g” ou “c”. Isso verifica-se em muitíssimos casos: “pḥ” (fḥ), que significa em
fenício “lâmina fina ou delgada” passou a “fc” (ou para se ler hoje, com mais
facilidade, a “faca”); “ḥlf”, que significa “fazer brotar, deixar surgir”, está
certamente relacionada com o nosso termo “golfar”; “qrḥ” que significa em
fenício “rapar o cabelo em sinal de penitência, rapado, feito calvo”, veio a
dar o nosso “careca”, etc.. Em outros casos, o som ancestral da língua do
Neolítico, que no Médio Oriente evoluiu para ḥet, entre nós acabou por originar
sons como o “f”, o “j”, ou o “s”, e possivelmente em outros casos ainda pura e
simplesmente desapareceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um dos factos que pode parecer mais estranho ao leitor é a total
indistinção entre os sons “b”, “p”, “v”, e “f”. Hoje até nos parece difícil de
conceber que em tempos todos estes sons tenham sido confundidos. Para o
compreender mais facilmente é bom pensar na total indistinção ente o “b” e o
“v” que se verifica em boa parte do Norte do país. O mesmo terá acontecido
certamente entre o “b” e o “p”. Note-se que mesmo nas línguas antigas
registadas no Médio Oriente essa confusão era evidente, quer pela ausência de
símbolos distintos para o “b” e “v” e para o “p” e “f”, quer pela semelhança
entre os significados de palavras escritas com “b” e com “p”, ou pela troca
destas letras nas palavras equivalentes de diferentes dialetos (por exemplo,
“brṣl” é “ferro” em hebraico antigo; “przl” em aramaico é igualmente “ferro”).
De resto essa indistinção foi suficiente para que os romanos tenham importado
palavras do fenício como “cabana” escrevendo “capane”. Assim, por estranho que
possa parecer, podemos encontrar a origem de uma palavra que hoje se escreve com
“b” numa palavra fenícia que se escrevia com “p”, como é (entre muitos outros)
o caso da nossa palavra “bando”, que certamente provém do termo ugarítico
“pamt”, que significava “grupo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Os dialetos “fenícios” que nos servem de base para reconstituir a língua
que está na origem do português apresentam outras diferenças em relação à nossa
língua. O exemplo anterior, da palavra “bando”, que provém certamente da
fenícia “pamt”, mostra como o “d” e o “t”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn33" name="_ftnref33" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[33]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>
permutaram neste processo de divergência ocorrida no espaço e no tempo. Há
muitos outros exemplos desta situação, como por exemplo “dd” [deda] que
significa “seio, seios, peito feminino”, veio a corresponder à nossa “teta”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A sequência “ll” existente em fenício passou a “rl” ou “lr”. Está
nesta situação, entre outras, a palavra “<b>b</b>a<b>r</b>a<b>l</b>har”
que certamente provém de “<b>bll</b>”, que
significa em fenício “misturar, confundir”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">O nosso som “f” provém geralmente do “p/b” fenício, mas pode vir
igualmente de uma sibilante fenícia como o “z”. É o caso das palavras “pifar”, “bifar”
e “abafar”, todas elas certamente provenientes de “bz”, que significa “pilhar,
despojo, presa”. Pode também o “f” provir do ḥet, como ocorre em palavras como
“fita”, “ficar” ou “fechar”. O mais interessante é que parece que o som que
originou o ḥet em outras línguas, entre nós se “desguturalizou” e evoluiu para
sons como o “g” ou o “c”, o que parece facilmente aceitável, mas também para o
“s” ou “j” e o “f”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn34" name="_ftnref34" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[34]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>, o que é
mais surpreendente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">A confusão já reinava entre os sons sibilantes usados entre as
diferentes línguas antigas do oriente, e ela ainda existe hoje na própria
variação regional da pronúncia do português. Note-se por exemplo que um “sacho”
em Lisboa é o mesmo que um “xaxo” na Guarda, ou mesmo que um “txatxo” em
Mangualde. O Antigo Testamento dá-nos um exemplo dessa variação já existente em
tempos bíblicos, ao referir a seguinte passagem: <i>“A fim de impedir que os de Efraim escapassem, os guileaditas
bloquearam as passagens do Jordão. Quando algum dos de Efraim procurava fugir e
pedia autorização para passar, os homens de Guilead perguntavam: “És dos de
Efraim?” Se ele respondesse “Não”, obrigavam-no a dizer “chibolet”. Mas se ele
dizia “sibolet”, porque não era capaz de pronunciar correctamente a palavra,
então prendiam-no e matavam-no ali mesmo.”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn35" name="_ftnref35" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><b><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[35]</span></sup></b><!--[endif]--></sup></a></i>
Não se deve por isso estranhar que na relação entre as palavras antigas do
fenício e as atuais do português exista essa variação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Há outras relações, mais raras e aparentemente improváveis, mas que
parece terem existido. Poderá eventualmente ser o caso da sequência fenícia
“gn”, que passa ao nosso som “nh”. Isso parece ter ocorrido pelo menos na
palavra “ranheta”, que provém por certo de “rgn”, que significa “resmungar,
murmurar” e do muito usado em português “øwt”, que quer dizer “transtornar”. No
entanto não se deve estranhar em demasia esta situação porque o “nh” português
corresponde por vezes ao “gn” francês, e este tem também, via provençal, forte
influência desta mesma língua antiga.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Muitas situações em que a atual palavra portuguesa começa por “es”
correspondem a palavras fenícias iniciadas por um “s”. É, entre muitas outros,
o caso de “esmerar” que provém de “smr”, ou de “escalabardo”, que teve origem
em “sklbrd”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftn36" name="_ftnref36" title=""><sup><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[36]</span></sup><!--[endif]--></sup></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Calibri;">Com o tempo e a continuidade dos estudos que de momento estão pouco
mais que iniciados, se chegará a uma compreensão mais perfeita da relação entre
a língua portuguesa atual e antiga, e as demais línguas da mesma origem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Que apresenta os títulos de “Bispo Reservatário de Coimbra”</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">,</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">
“Conde de Arganil”, etc. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">- “Jericho is one of the earliest continuous
settlements in the world, dating perhaps from about 9000 bce. Archaeological
excavations have demonstrated Jericho’s lengthy history. The city’s site is of
great archaeological importance; it provides evidence of the first development
of permanent settlements and thus of the first steps toward civilization.” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">http://www.britannica.com/EBchecked/topic/302707/Jericho Abril de 2013<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Segundo a narrativa bíblica, foi construída uma torre que pretendia ser tão
alta que chegasse ao céu. Isto foi considerado uma afronta por Deus, que
castigou os homens fazendo-os falar v</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">á</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">rias
línguas de modo a que não voltassem a ser capazes de se entender e a conseguir
grandes feitos comparáveis às obras de Deus. A tradução de “babel” a partir das
línguas antigas do Próximo Oriente é </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">precisamente </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">“porta
para Deus”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Naturalmente que todos os homens daquela região do mundo, que era o mundo
conhecido pelos autores do mito.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Facilmente se pode conhecer o léxico fundamental dessas línguas através do
“Dicionário de Fenício-Português” de Moisés Espírito Santo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Não se julgue contudo que as antigas línguas europeias, como o latim ou o
grego, ou mesmo as línguas europeias modernas, não beberam nessa mesma fonte
linguística ancestral. Pelo contrário é fácil ver que há radicais comuns a
muitas línguas modernas que já se encontravam nestas línguas antigas, e que só
podem ter resultado da sua própria difusão. A seu tempo se verá que a </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">própria </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">ideia
do “indo-europeu”, que tem condicionado o pensamento nestas matérias, </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">contém uma componente ideológica eurocêntrica e anti-meridional não
desprezível. </span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"> </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">- Quaresma, A. M., Odemira Histórica –
Estudos e Documentos, C. M. Odemira, 2006.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Ver a este respeito: Almeida, F. R., <i>O
Outro Lado da História</i>, C. M. Odemira, 2009, p. 65 e seguintes.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif";"> - </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">Apresento em “O
Outro Lado da História” uma explicação sobre o funcionamento da escrita do
sudoeste, bem como a tradução de um conjunto </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">de </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">inscrições.
É contudo um assunto complexo ao qual tentarei voltar num outro trabalho
realizado apenas com esse propósito.</span><span lang="X-NONE"> </span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif";"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn10">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref10" name="_ftn10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Veja-se a esse respeito, por exemplo, os trabalhos realizados sobre a
comunicação entre os “macacos de Campbell”</span> <span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">(<i>cercopithecus
campbelli</i>) no Parque Nacional de Tai, na Costa do Marfim, nomeadamente os
do grupo liderado por Klaus Zuberbühler, da Universidade de St. Andrews, ou os
estudos realizados em Sulawesi sobre os primatas do género “<i>Macaca</i>”, por exemplo em “The Social
Repertoire of Sulawesi Macaques”. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn11">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref11" name="_ftn11" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
escrita hebraica e ugarítica é consonântica, pelo que as vogais estão ausentes
da sua grafia e têm que ser introduzidas pelo leitor. A escrita acádia e
assíria foi transliterada dos textos originais em cuneiforme com vogais. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn12">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref12" name="_ftn12" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
explicação que consta geralmente dos dicionários para a origem da palavra
“barriga”, é tortuosa e imaginativa, certamente encontrada, como em muitos
outros casos, à falta de outra mais lógica. Diz-se que provém de “barrica”, e
esta palavra, por sua vez, do termo gascão “barri”, que evoluiu pelo francês
“barrique” com o significado de “pipa pequena”. Na verdade a palavra “barriga”
deve antes provir de “bøh rk” (bââreke), em que “bøh” é “formar barriga”, e
“rk” é “tenro, delicado, macio; fraco, débil; mimoso; branco, suave”. Com o
tempo “bââreke” (ou um som próximo) passou a “barriga”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn13">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref13" name="_ftn13" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Veja-se por exemplo a este respeito a “História da Lunguagem” de Julia
Kristeva, p. 25 e seguintes.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn14">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref14" name="_ftn14" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[14]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Veja-se a este respeito Almeida, F. R., “O Outro Lado da História”, p. 81 e
seguinte. Aí se demonstra que uma sequência de texto incluída em várias
inscrições da “escrita do sudoeste” tem várias leituras em fenício, mas que são
sempre coincidentes ou muito próximas.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn15">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref15" name="_ftn15" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[15]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Espírito Santo, Moisés, Dicionário de Fenício-Português, p. 87<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn16">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref16" name="_ftn16" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[16]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - No
Baixo Alentejo usa-se a palavra “borrega” para as bolhas que se fazem nas mãos
quando de um trabalho a que se não está habituado. Repare-se que também aqui
temos uma origem em “bøh rk”, que significa “formar barriga macia” ou “formar
saliência macia”.</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif";">
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn17">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref17" name="_ftn17" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[17]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
“u” no final das palavras do acádio e do assírio deve ter correspondido a um
som semelhante ao “u” pronunciado em francês, ou seja, quase um som próximo do
“i”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn18">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref18" name="_ftn18" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[18]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Em
rigor a palavra “rbh” significa em hebraico antigo “criar (filho)”, mas os sons
“b” e “p” foram certamente indistintos entre nós e nas origens destas línguas. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn19">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref19" name="_ftn19" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[19]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Por oposição a “rapaz”, que provém de “rph øz” (rapâaz), e que significa “filho
forte”. Estará certamente já o leitor mais atento a reparar que esse som “az”
está presente no nome da mais forte carta do baralho, é designação de alguém
especialmente dotado (o “az” do volante, por exemplo), e pode encontrar-se
também no nome do metal mais forte da antiguidade – o aço, etc.</span><span lang="X-NONE"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn20">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref20" name="_ftn20" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[20]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- <i>Using ancient DNA to examine
genetic continuity at the Mesolithic-Neolithic transition in Portugal</i>,
Actas del III Congresso del Neolitico em la Peninsula Ibérica, Santander,
Monografias del Instituto Internacional de Investigaciones Prehistóricas de
Cantabria 1, 2005, p. 781-786.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn21">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref21" name="_ftn21" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[21]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">- Veja-se por exemplo “<i>Identifying Genetic Traces of Historical Expansions: Phoenician
Footprints in the Mediterranean</i>” em que se afirma: “<i>Human genetic history, however, can be viewed as a palimpsest, in which
multiple events from different times but with similar geographical patterns are
superimposed. Expansions from the Eastern Mediterranean could include the
initial peopling by modern humans during the Paleolithic era, the subsequent
Neolithic-era transition originating in the Fertile Crescent ~8000 BCE, and
later events, such as the Greek expansion or the Jewish Diaspora</i>.” <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn22">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref22" name="_ftn22" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[22]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"> - Segundo Heródoto uma expedição
fenícia mandada realizar pelo faraó Necao II circunavegou África no séc. VII a.
C., o que mostra bem a capacidade dos marinheiros da época. Já Estrabão afirma:
“As Cassitérides são dez em número e situam-se próximas umas das outras,
distantes para norte no Oceano ao largo do porto do Ártabro. (…) Muito antes da
nossa época, os fenícios eram os únicos que negociavam com eles, mantendo
secretas as rotas que conduzem àquelas ilhas.” In: Estrabão, Geografia, Livro
III, Capítulo 5, 11 (</span><span lang="X-NONE"><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Cassit%C3%A9rides#cite_note-strabo.geo.3.5.11-6"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">http://pt.wikipedia.org/wiki/Cassit%C3%A9rides#cite_note-strabo.geo.3.5.11-6</span></a></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;"> Abril de 2013)<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn23">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref23" name="_ftn23" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[23]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Mapa apresentado em:
http://www-03.ibm.com/ibm/history/ibm100/us/en/icons/mappinghumanity/transform/
(Abril de 2013)</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn24">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref24" name="_ftn24" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[24]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- No entender de Amílcar Guerra, o autor do texto estaria a referir-se a
“fenícios” e não a “púnicos”. Veja-se, PLÍNIO-O-VELHO E A LUSITÂNIA, p. 51.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn25">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref25" name="_ftn25" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[25]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Em relação à muito discutida origem dos Iberos, note-se que “eibri”, em
hebaico antigo, significa precisamente “hebreu”, e pode admitir-se mesmo que os
“judeus sefarditas” tenham origem nos iberos, com reforço de efetivos durante o
domínio romano, talvez como consequência da repressão romana que se seguiu à
grande revolta judaica do ano 70 d. C., ou à revolta judaica de Bar Kokhba de
132 d.C.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn26">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref26" name="_ftn26" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[26]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Amílcar Guerra, PLÍNIO-O-VELHO E A LUSITÂNIA, Edições Colibri, 1995, p.
29.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn27">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref27" name="_ftn27" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[27]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - P.
Avelino de Jesus da Costa em “OS MAIS ANTIGOS DOCUMENTOS ESCRITOS EM PORTUGUÊS
- Revisão de um problema histórico-linguístico”, cita o Prof. J. M. Piel quando
diz que no século IX «<i>o idioma do futuro
Condado Portugalense apresentava fonética e lexicalmente maiores afinidades com
o português de hoje do que com o latim falado no tempo da colonização romana</i>».
A necessidade desmedida de valorizar o latim e os romanos tem relação com a
sobrevivência da elite romana ao abrigo da Igreja, após a queda do Império
Romano do Ocidente. A elite religiosa do império conserva a sua língua na
escrita e nela se revê a ponto de a tornar língua escrita oficial de muitos
reinos onde os povos falavam as línguas pré-romanas e as elites militares as
línguas dos invasores “bárbaros”. Neste processo, a elite religiosa, aos poucos</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">,</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">
passa a ser igualmente a elite intelectual e política e, evidentemente, defende
a língua latina como fator diferenciador e de prestígio. É assim que</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">,</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">
progressivamente</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">,</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> a língua latina vai sendo difundida
muito depois do desaparecimento do próprio império. De algum modo o império
romano sobreviveu ao abrigo da Igreja, e com ele as elites romanas e a sua
língua e cultura. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn28">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref28" name="_ftn28" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[28]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
palavra “bøir” é hebraica, e a forma “buru” é acádia. No fundo são termos muito
próximos, que possivelmente parecem mais distantes pela diferente grafia e
transliteração para carateres latinos, mas que por certo eram pronunciadas de
forma muito semelhante: possivelmente como nós ainda hoje pronunciamos a nossa
palavra “burro”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn29">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref29" name="_ftn29" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[29]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - Ao
longo deste trabalho será possível verificar que muito do francês nasceu do
provençal, e que esta língua tem radicais muito próximos dos das línguas
ibéricas, e partilha com elas a origem fenícia.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn30">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref30" name="_ftn30" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[30]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Em relação ao valor fonético dos símbolos aqui referidos seguiu-se o
“Dicionário de Fenício-Português”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn31">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref31" name="_ftn31" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[31]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
etimologia geralmente aceite assenta numa hipotética palavra latina “accapare”,
palavra essa que nunca existiu.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn32">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref32" name="_ftn32" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[32]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Evidentemente que a nossa “aba” não nasceu do termo “alapa” latino, que era o
nome dado à bofetada leve dada a um escravo para o libertar (fazia parte do
ritual da cerimónia da libertação dos escravos dar o senhor uma pequena
bofetada, sinal de liberdade). É mais uma das inúmeras situações em que houve
um claro abuso na busca de étimos latinos para as palavras do português.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn33">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref33" name="_ftn33" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[33]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> -
Resta saber se no início do Neolítico já existiria uma clara distinção entre
“d” e “t”, ou seja, se estamos perante uma evolução entre “d” e “t”, ou se, o
que começa a parecer mais provável, de um som indistinto “d/t” primordial, se
fixou em alguns dialetos o “d” e em outros o “t”. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn34">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref34" name="_ftn34" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[34]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - O
Cardeal Saraiva refere com a maior naturalidade a relação entre o ḥet hebraico
e o “f” português. Para nós essa relação foi mais surpreendente porque a
relação que primeiro se detetou foi entre o “ḥet” e os sons “g” e “c”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn35">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref35" name="_ftn35" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[35]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">- Juízes, 12. 5, 6.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn36">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Documents/Curiosidades/Sobre%20a%20origem%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa%20blog.docx#_ftnref36" name="_ftn36" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="X-NONE" style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">[36]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;"> - A
palavra “smr” significa “prot</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT;">e</span><span lang="X-NONE" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 8.0pt;">ger, cuidar,
conservar, manter”, em hebraico antigo, e o “sklbrd”, significa “insensato
animal malhado”.</span><span lang="X-NONE" style="font-size: 8.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-66327760323110048822015-03-05T07:07:00.002-08:002015-03-05T07:08:06.823-08:00Sobre o topónimo "Avelã"<div style="text-align: justify;">
O significado dos nomes dos sítios que geralmente se faz deve ser repensado, compreendendo que na maior parte dos casos esses nomes são de grande antiguidade e as palavras que lhes deram origem já se não usam nos nossos dias. Por isso a semelhança entre os nomes dos sítios e palavras atuais da nossa língua é quase sempre enganadora. O exemplo que vou dar, ainda que simples, ou por isso mesmo, ajuda a perceber a situação. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É bom de ver que o topónimo "Avelã" não tem qualquer relação com
árvores ou arbustos fruteiros. De facto o topónimo “Avelã” ou as suas variantes
– “Avelão”, “Avelãs”, “Abelã” – deve ter nascido da existência de um poço, que
em fenício se diz “Ab” ou “Av” junto do qual se parava em viajem para descansar
ou pernoitar – em fenício “ln”. Assim, de “Av lan” ou “Ab lan” se formou o
topónimo “Avelã” e suas variantes com o significado genérico de “paragem do
poço” ou “dormida do poço”. Deve portanto tratar-se de locais por onde passavam
antigos caminhos com alguma importância. Não é por acaso que existe o topónimo “Avelãs
de Caminho”, nem como o “Castro de Avelãs” e o “Castelo de Avelãs”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEg3TGH315aPpYxUbILGPY900ebr8gOuFLYSi6SYTT3sLzwsCmprCcwj7TRvJnf85OzBD_68gt-s3aTmja4jyMlM6zjfx0NAI0rjLfTrk1gLfjSjIoQVQ-nXDFc30D4E2beldHRfSF_sI/s1600/avel%C3%A3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEg3TGH315aPpYxUbILGPY900ebr8gOuFLYSi6SYTT3sLzwsCmprCcwj7TRvJnf85OzBD_68gt-s3aTmja4jyMlM6zjfx0NAI0rjLfTrk1gLfjSjIoQVQ-nXDFc30D4E2beldHRfSF_sI/s1600/avel%C3%A3.jpg" height="133" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Fl. 197 da Carta Militar de Portugal na escala 1:25000, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Esta situação, em que um topónimo parece significar algo em português atual, mas a sua origem e significado são completamente diferentes, repete-se constantemente: "Malavado" não significa "sujo", mas antes "poço de água que transborda" (ml av ad); "Asneira" não é sinónimo de "disparate" nem de "terra de asnos", mas antes de "rio do Norte" (de <span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;">“hṣn” significa “do norte”, e “nhr” que significa "rio"); </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Fome
Aguda”, “Famaguda” ou mesmo “Formaguda” são variantes de um original “fØm aḥd”
[fâm agd] que significa apenas “caminho único”, e nada têm que ver com "fome", "fama", ou "forma"; "Cabrassada" não quer dizer que alguém tenha comido uma cabra assada... significa simplesmente "encosta das sepulturas"...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">As interpretações tradicionais da toponímia, bem vistas as coisas, parecem jogos de palavras infantis, que em pleno século XXI são positivamente incompreensíveis e inadmissíveis. Impõe-se por isso um trabalho sistemático e profundo da toponímia portuguesa, trabalho esse que nos poderá vir a proporcionar um novo e melhorado olhar sobre o espaço e sobre o seu passado.</span></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-18016288721861323782015-02-11T10:41:00.000-08:002015-02-11T10:42:47.034-08:00"MIRA" E A TERRA FÉRTIL<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É provável que o radical “mira”, tão comum na nossa
toponímia, tenha pelo menos duas origens diferentes. Por um lado há topónimos
em que este “mira” está relacionado com o verbo latino “mirare”, e portanto uma
relação com o “mirar” do português atual. São exemplos de topónimos com esta
origem os “Miradouro”, os “Mirante”, etc. Há contudo outros topónimos que por
certo têm uma raiz diferente. É o caso de “Miranda”, “Ramiro”, “Almiranta”, “Odemira”
e mesmo de “Mira” quando ocorre isoladamente. Neste caso o radical “mira” deve
provir do termo fenício “mr’” (em acádio “mari”), e significar simplesmente
“terra fértil”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enquanto os topónimos do primeiro grupo são muito abundantes
nas nossas ilhas atlânticas, os do segundo grupo são aí inexistentes. Este
facto sugere que o radical fenício “mr’” já não devia ser usado com o
significado de “terra fértil” quando as ilhas foram colonizadas, e que por seu
lado já era usado nessa época o verbo “mirar” de origem latina. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O significado dos topónimos de origem fenícia pode ter
explicações interessantes. Por exemplo, “Miranda”, deve provir de “mr’” (que
significa “terra fértil”) e de “<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>md”, que significa “lugar”. Assim as nossas
“Mirandas” devem ter significado apenas e simplesmente “lugar de terra fértil”.
Pode contudo este “anda” de “Miranda” provir de “<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>mdh”, com o significado de
“refúgio, posto”. Nesse caso o nome resultaria da existência de algum tipo de
proteção defensiva (um castelo, uma torre de vigia uma cerca simples de
troncos?), e o nome teria o significado de “refúgio da terra fértil”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU2XrJoR8bB-ncelYBRh1yu8M1dwOKR9q8tdIMYD1sM-rdVWr8MFSfUM23xa5-SYjW0Lb5C0TW0hVHp-3qzQSEwMAx54mq7Dy-rm0wYR0RfnIBckJ-h6SNO6yRrO4exXekxg10cqrT9dE/s1600/Miranda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU2XrJoR8bB-ncelYBRh1yu8M1dwOKR9q8tdIMYD1sM-rdVWr8MFSfUM23xa5-SYjW0Lb5C0TW0hVHp-3qzQSEwMAx54mq7Dy-rm0wYR0RfnIBckJ-h6SNO6yRrO4exXekxg10cqrT9dE/s1600/Miranda.jpg" height="320" width="226" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;">Localização dos topónimos “Miranda”
segundo mapa produzido em http://www.igeoe.pt/igeoesig/<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já os topónimos do grupo “Ramiro” (Ramiro, Ramirão, Ramira,
Ramires), devem ter relação com pastagens em terra fértil, e o nome deve ter
nascido de “r<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>h mr’”, termos fenícios que significa respetivamente “pastar” e
“terra fértil”. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É claro que o topónimo “Odemira” corresponde à junção do
radical de origem árabe “ode” ao nosso mais antigo “mira”. Ora este “ode”,
comum a “Odelouca”, “Odesseixe”, “Odivelas”, “Odemira”, etc., provém do “uad”
árabe, que significa “rio” e deve ter sido acrescentado ao radical “mira” que
já existia. Terá tido então o significado de “rio da terra fértil”. O mais curioso
é que nome do rio acabou por perder a partícula que inicialmente significava “rio”.
De resto faz algum sentido, porque chamar ao rio “rio de Odemira” corresponde
na prática a dizer “rio de rio mira”.<o:p></o:p></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-89494081261356266182014-12-30T12:53:00.000-08:002014-12-30T12:53:35.097-08:00A Batalha de Campo de Ourique<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Comic Sans MS'; text-indent: 35.4pt;">A chamada “batalha de Campo de Ourique”, em
que se incrementou o mito do “herói fundador”, tão ao gosto da cultura grega e
dos nossos historiadores dos últimos séculos, tem servido para louvar os feitos
heroicos do nosso primeiro rei. Contudo, das lendas que ficaram na voz do povo desses
tempos distantes, pouco há de fiável.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Sei no entanto que o povo nessa época falava
uma língua pouco latinizada (muito menos latinizada que o português que falamos
hoje), mas que paradoxalmente se escrevia em latim. Há portanto informação que
nos chega pelos escritos latinos que reproduzem o falar popular ainda muito “fenício”.
Esta lenda da “Batalha do Campo de Ourique” chega até nós como um caso
interessante desta dicotomia linguística. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlb5CfRUfIhNSbbSO6ziGZSCmbii7yG4KcvP6PKez7Y9jAa8QzoJarWsqDlDrDp-twxeXjB1-khK0AsBitv59wIbBNW1dl3Qip8KLxbgoLrfiaqDI6CFvwSMkvoUcBGIzp1MgNhBy-oOk/s1600/Campo+de+Ourique.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlb5CfRUfIhNSbbSO6ziGZSCmbii7yG4KcvP6PKez7Y9jAa8QzoJarWsqDlDrDp-twxeXjB1-khK0AsBitv59wIbBNW1dl3Qip8KLxbgoLrfiaqDI6CFvwSMkvoUcBGIzp1MgNhBy-oOk/s1600/Campo+de+Ourique.jpg" height="107" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: #f9f9f9; color: #252525; font-family: sans-serif; font-size: 12.7272720336914px; line-height: 17.3185596466064px; text-align: left; text-indent: 0px;">Batalha de Ourique por </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Cola%C3%A7o" style="background: none rgb(249, 249, 249); color: #0b0080; font-family: sans-serif; font-size: 12.7272720336914px; line-height: 17.3185596466064px; text-align: left; text-decoration: none; text-indent: 0px;" title="Jorge Colaço">Jorge Colaço</a><span style="background-color: #f9f9f9; color: #252525; font-family: sans-serif; font-size: 12.7272720336914px; line-height: 17.3185596466064px; text-align: left; text-indent: 0px;"> no</span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_Cultural_Rodrigues_de_Faria" style="background: none rgb(249, 249, 249); color: #0b0080; font-family: sans-serif; font-size: 12.7272720336914px; line-height: 17.3185596466064px; text-align: left; text-indent: 0px;" title="Centro Cultural Rodrigues de Faria">Centro Cultural Rodrigues de Faria</a><span style="background-color: #f9f9f9; color: #252525; font-family: sans-serif; font-size: 12.7272720336914px; line-height: 17.3185596466064px; text-align: left; text-indent: 0px;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: #f9f9f9; color: #252525; font-family: sans-serif; font-size: 12.7272720336914px; line-height: 17.3185596466064px; text-align: left; text-indent: 0px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">O pouco que se sabe de objetivo sobre a
batalha de Campo de Ourique é que “…durante o Verão de 1139, Afonso Henriques
dirigiu um fossado constituído por forças bastante mais numerosas que o
habitual e que, apesar de ter sido atacado ou de atacar ele próprio um exército
considerável, regressou cheio de glória ao território cristão.”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Campo%20de%20Ourique.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Fala-se igualmente de um <i>“rei” <b>Esmar</b></i>
e de seu sobrinho <b><i>Homar Atagor</i></b>
(nunca identificados), e refere-se uma aparição que terá acontecido a D. Afonso
Henriques.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Gastaram-se rios de tinta a escrever sobre
a localização do referido confronto, já que há vários “Ourique” em Portugal, e
nada de seguro se determinou. Nem se determinou, nem se poderá certamente
determinar, porque a expressão “Campo de Ourique” provavelmente não se referia
a um lugar. Vejamos o que significava no falar fenício do povo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Qm</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>adversário,
inimigo</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Pdh</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>comprar
a liberdade, resgatar, libertar</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Ør </span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>cidade</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 81.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Yqy</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>render
preito, temer, obedecer</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Genericamente, a sequência <b>QMPDØRYQY</b> significa “<b><i>o
inimigo resgatou a cidade do poder</i></b>”. A dita batalha de “Campo de
Ourique” terá sido basicamente um confronto em que os adversários de D. Afonso
Henriques, derrotados em batalha ou antecipando a derrota, resgataram a
liberdade da sua cidade de origem. Por isso ninguém consegue perceber onde se
realizou a batalha, porque “Campo de Ourique” não se refere certamente ao local
onde decorreu a batalha, mas antes ao desfecho da mesma. De resto, existem em
Portugal 14 topónimos que incluem a palavra “Ourique”, em locais que vão desde
as margens do Douro até ao Baixo Alentejo, pelo que pode haver localizações da
batalha para todos os gostos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Como se sabe as lendas ampliam-se e sofrem
metamorfoses como qualquer história popular (quem conta um conto…), e o mesmo
aconteceu por certo com a lenda desta batalha. Como em muitos outros casos “inventou-se”
uma história a partir da fonética da palavra. Se a mesma sequência fonética for
agrupada em unidades diferentes, e sofrer pequenas alterações proporciona
leituras que estão na base de outro aspeto da lenda:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Kh</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>aqui,
assim, de sorte que</i>…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Môpt</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>símbolo,
sinal; maravilha, agouro</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Dêrêke</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>caminho,
viajem, empreendimento</i>… <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">O som “<b>KHMÔPT
DÊRÊKE</b>” (foneticamente próximo de <b>QMPD
ØRYQY</b>) deve ter dado origem ao “milagre/aparição” que a lenda refere, já
que pode significar algo como “de sorte que agouro maravilhoso”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Quanto ao “rei” <b><i>Esmar</i></b>, é
fácil de perceber porque nunca foi identificado. Veja-se o que significa “esmar”
em fenício:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">ØZ </span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">– ser forte <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">MHR</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – guerreiro <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Portanto
“<b>Esmar</b>” (<b>ØZ MHR)</b> não é o nome de um rei árabe, mas apenas o nome que o povo
dava a um líder muçulmano da época: “<b>GUERREIRO
FORTE</b>”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Quanto ao seu sobrinho, <b><i>Homar Atagor,
</i></b>que<b><i>
</i></b>seria certamente um nobre aliado do rei, também não parece
difícil compreender a origem do nome:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">ØM </span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">– <i>familiar,
parente, companheiro de clã ou de tribo</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">MHR</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> - <i>guerreiro</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">AT</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>junto
com, com auxílio; ao lado de</i>…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">GWR</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";"> – <i>atacar,
hostilizar… <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">Homar
Atagor </span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS";">poderá ser apenas “<b><i>parente
do guerreiro que vem com auxílio atacar</i></b>”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Comic Sans MS";">Por
último e para rematar estas linhas, parece-me claro o povo falou uma língua
diferente da língua escrita (e se bem calhar falada) pelas elites políticas e
religiosas, e que essa língua era muito próxima das antigas línguas do Próximo
Oriente. Também me parece que os nossos investigadores da História deverão
aceitar este facto, porque só assim poderão evoluir na análise e interpretação
dos escritos do passado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Campo%20de%20Ourique.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 9.0pt;"> Mattoso, J. – História de Portugal, Círculo de
Leitores, 1993, p. 70<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-31161187420951265672014-12-27T12:32:00.000-08:002014-12-27T12:32:11.271-08:00UM MONTE ALEGRE OU UM MARCO NA COLINA?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já repararam que na toponímia a
palavra “alegre” vem quase sempre acompanhada da sílaba “ta” ou “te”, ou seja,
inclui sempre ou quase sempre a forma “talegre” ou a forma “alegrete”? Reparem:
“Vista Alegre” (vis talegre), “Montalegre” ou “Monte Alegre” (mon talegre), “Quinta
Alegre” (quin talegre) e o próprio topónimo “Talegre”, … Coincidência
interessante, não é? Pois, mas vamos analisar o assunto com mais detalhe. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVcRolaG33XF8RFWeTvJ1pfoMrLvnO8x-xzAXyLTS1J_Pdq8C8BotPcQIefWYUVo4swjEoOjGAH9CYnDhTAZY_6pdUsm0lyU0JTI-CU8HoyP2Ml134NqPVb6Q8RpLOaAcCFlCpUqGWbQ0/s1600/monte.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIfukrB2XbMeMEIm2I5aErJIp3eDoRX5gpLyB4UCEuBcHcu4uiZGa8vsMHsjM7Qxd6nxVA0nHonTl1mOt6CWAd_ejVg6Yi-kiJ86n757u2yVHUiJ_gbEEWM-5IODX5SZ_vKae9pI2BRPM/s1600/talege.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIfukrB2XbMeMEIm2I5aErJIp3eDoRX5gpLyB4UCEuBcHcu4uiZGa8vsMHsjM7Qxd6nxVA0nHonTl1mOt6CWAd_ejVg6Yi-kiJ86n757u2yVHUiJ_gbEEWM-5IODX5SZ_vKae9pI2BRPM/s1600/talege.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<v:shapetype coordsize="21600,21600" filled="f" id="_x0000_t75" o:preferrelative="t" o:spt="75" path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" stroked="f">
<v:stroke joinstyle="miter">
<v:formulas>
<v:f eqn="if lineDrawn pixelLineWidth 0">
<v:f eqn="sum @0 1 0">
<v:f eqn="sum 0 0 @1">
<v:f eqn="prod @2 1 2">
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelWidth">
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelHeight">
<v:f eqn="sum @0 0 1">
<v:f eqn="prod @6 1 2">
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelWidth">
<v:f eqn="sum @8 21600 0">
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelHeight">
<v:f eqn="sum @10 21600 0">
</v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:formulas>
<v:path gradientshapeok="t" o:connecttype="rect" o:extrusionok="f">
<o:lock aspectratio="t" v:ext="edit">
</o:lock></v:path></v:stroke></v:shapetype><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_i1026" style="height: 214.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 285.75pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:\Users\FERNAN~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image001.png">
</v:imagedata></v:shape><o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;">Folha n.º 223 da Carta Militar de
Portugal<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Comecemos pela palavra “talegre”.
“Talegre” é a designação popular de “marco geodésico”<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/J%C3%A1%20repararam%20que%20na%20topon%C3%ADmia%20a%20palavra.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
ou seja, é a designação de marco situado no alto de uma elevação. Agora
repare-se que “Tl” é em ugarítico “outeiro, colina” (e “têlu”, “tellu” ou
“tillu” são palavras que também significam “colina” em acádio e assírio). Por
outro lado “igr” significa “marco de pedra”. Portanto em fenício “tligr”
significa exatamente o mesmo que “talegre” em português: “marco de pedra na
colina”. Interessante, não?<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVcRolaG33XF8RFWeTvJ1pfoMrLvnO8x-xzAXyLTS1J_Pdq8C8BotPcQIefWYUVo4swjEoOjGAH9CYnDhTAZY_6pdUsm0lyU0JTI-CU8HoyP2Ml134NqPVb6Q8RpLOaAcCFlCpUqGWbQ0/s1600/monte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVcRolaG33XF8RFWeTvJ1pfoMrLvnO8x-xzAXyLTS1J_Pdq8C8BotPcQIefWYUVo4swjEoOjGAH9CYnDhTAZY_6pdUsm0lyU0JTI-CU8HoyP2Ml134NqPVb6Q8RpLOaAcCFlCpUqGWbQ0/s1600/monte.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<v:shape id="Imagem_x0020_2" o:spid="_x0000_i1025" style="height: 150pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 234pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="monte" src="file:///C:\Users\FERNAN~1\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image002.jpg">
</v:imagedata></v:shape><o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;">Fl. 546 da Carta Militar de Portugal<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mais interessante ainda é
perceber que o nosso “monte” (no sentido de “monte alentejano”) é o termo de
origem fenícia que significa precisamente o mesmo que a “herdade” de origem
latina, ou seja, “herança”, “a parte que se herdou”. Assim o nosso “Montalegre”
deve corresponder a um marco que assinalava o limite de uma propriedade herdada
(de uma herdade, se preferirem). Por isso há dezenas de locais chamados de
“Montalegre” o u “Monte Alegre”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quanto ao “Portalegre” e “Quinta
Alegre” são topónimos que ocorrem raras vezes, não sendo por isso relacioná-los
com características geográficas do território. Contudo, em fenício, a palavra
“kinu” significa “quinta” (mais exatamente “jardim, horta, parque”), portanto a
nossa “Quinta Alegre” pode provir de “kinu tligr”, com o significado de “quinta
do marco de pedra”. Quanto a “Portalegre”, a palavra associa dois topónimos
muito comuns: “portela” e “talegre”. Em comum têm o radical fenício “tel”, que
como se viu corresponde à ideia de “colina”. “Portela” significa em fenício “romper
as colinas” e “talegre” é, como se viu “Marco de pedra da colina”. Assim
“Portalegre” deve ter significado originalmente “marco de pedra de romper a
colina”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Então, e os “Vista Alegre”? Não
será absolutamente seguro, mas este “Vista Alegre” que existe na toponímia em
grande número (em Portugal, mas também em Espanha) deve ter nascido de um antigo
“vit tligr”. Este “vit” dos nossos avós pode ter tido um significado genérico
de “construção”, já que o mesmo aplicava-se nas antigas línguas do Médio
Oriente tanto a “templo”, como a “palácio” e “casa”. Há uma característica
muito interessante e comum à maior parte dos locais que se chamam “Vista Alegre”,
e que é serem locais urbanos. Ao contrário de muitos outros topónimos que
ocorrem sempre ou quase sempre em espaços rurais (e são à centenas ou milhares),
estes “Vista Alegre”, tanto em Portugal como em Espanha (com exceções) ocorre
em áreas urbanas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outra característica
significativa é que este topónimo “Vista Alegre” só muito raramente ser nome
dado a uma região. De facto das dezenas de topónimos “Vista Alegre” que existem
em Portugal continental e Açores, em Espanha e mesmo no Brasil e em Angola, só
conheço um que corresponde à designação genérica de uma região. Este facto
normalmente relaciona-se com topónimos relativamente recentes. Repare-se que
por exemplo, pelo contrário, no que se refere ao topónimo “Talegre”, quatro dos
oito existentes em Portugal, são nomes dados a regiões, o que atesta a sua
antiguidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sendo assim parece de aceitar que
inicialmente o topónimo “Vista Alegre” tenha designado um edifício notável, mas
que com o correr dos anos tenha servido para nomear outros locais (em especial
nas antigas colónias).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Parece claro que este grupo de
topónimos que incluem a palavra “alegre”, pelo menos em grande parte dos casos
deve ter nascido de “talege” com o significado de “marco de pedra da colina” e
não de qualquer fenómeno relacionado com alegria. <o:p></o:p></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/J%C3%A1%20repararam%20que%20na%20topon%C3%ADmia%20a%20palavra.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> Um vértice geodésico é um sinal que indica uma posição
cartográfica exata e que forma parte de uma rede de triângulos com outros
vértices geodésicos. São escolhidos sítios altos e isolados, com linha de visão
para outros vértices<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-65835864565759139802014-12-19T14:05:00.000-08:002014-12-19T04:20:58.075-08:00A antiga língua do povo e a arqueologia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWKlyodnEhs7lJ7v4PNo0KfT1bRCraaAx18WdEu775Z37UfcOVSJubB8QU20WWsD60pB-XZna8bZ8V19SCE92ImoWiJlZX6imC2d4Oqgll9acE_88C1knXxs-6FezSKn6cAPC1yD4PDk4/s1600/cadoso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWKlyodnEhs7lJ7v4PNo0KfT1bRCraaAx18WdEu775Z37UfcOVSJubB8QU20WWsD60pB-XZna8bZ8V19SCE92ImoWiJlZX6imC2d4Oqgll9acE_88C1knXxs-6FezSKn6cAPC1yD4PDk4/s1600/cadoso.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Folha número 279 da Carta Militar de Portugal<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>O conhecimento da antiga língua que, conjuntamente com o
latim, deu origem ao português atual, vai permitir ajudar os arqueólogos na
procura de vestígios do passado. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>No caso do fragmento de mapa que se junta, quem quiser
encontrar uma fortaleza antiga pode pesquisar o cabeço chamado “Raposa”. Se
repararem verão que a casa junto se chama “Cardoso” e está numa região chamada “Tapada
dos Guerreiros”. O interessante é que o nosso “cardoso” deve ter nascido de “qaradu
oz”, que significa em fenício “fortaleza do guerreiro”. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Neste caso o “Raposa” deve ter vindo de “rabo oz”, que quer
dizer “fortaleza grande”. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Há muitos dezenas de “Cardos”, “Cardosa”, “Cardoso”, e outras
palavras da mesma família. Não se pense contudo que todas elas terão sido
semelhantes aos castelos medievais que preenchem o imaginário de alguns... Em muitos casos
terão sido apenas casas de chefes locais, mais ou menos fortificadas, mas que
podem ter deixado pouca marca perene no terreno.</b><br />
<b><o:p></o:p></b></div>
<b><br /></b>
<div class="MsoNormal">
<b>Em qualquer dos casos, não usar o que já se sabe sobre a
língua dos nossos antepassados é no mínimo um desperdício.</b><o:p></o:p></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-73305841876501709262014-07-14T16:02:00.000-07:002014-12-19T04:00:06.951-08:00Fronteiras antigas e modernas<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px;">
<span style="text-align: justify;">Mesmo em muitas populações animais o “território” é algo de fundamental para a vida dos grupos. Para o Homem deve ter sucedido o mesmo desde o tempo em que dependia da caça e recoleção, mas a importância do "território posse" de uma comunidade ampliou-se certamente após a sedentarização e desenvolvimento da agricultura, dado o enorme esforço que é necessário para transformar um espaço natural numa paisagem humanizada (com os seus campos arroteados, plantações de árvores de fruto, silos, casas, estruturas defensivas para humanos e animais, poços, etc.). Por isso os limites dos territórios foram referência espacial de primeira importância, e criaram um conjunto de topónimos que ainda hoje se podem encontrar no país.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
Em Portugal existem pelo menos dois conjuntos de topónimos que corresponderam a nomes dados a antigas fronteias: Os da família de "Miséria" (mas com variantes como "Macieira", "Maceira", "Meixeira", "Ameixeira", etc.), e os da família de "Cavalo" (com variantes como "Cavaleiro", "Carvalheiro", etc.). Vejamos um exemplo.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
Os topónimos “Miséria” e “Misérias” ocorrem apenas onze vezes na Carta Militar de Portugal. Em acádio, “MISRU” significa o mesmo que “MESRU” em assírio: “fronteira, território”. Repare-se na imagem em baixo que dos dez topónimos registados nas cartas dos S. C. E. ainda hoje oito são pontos de fronteira de concelhos, e os restantes poderão ser limites de outras realidades administrativas ainda existentes (freguesias), ou ter sido de concelhos extintos, feudos desaparecidos, etc.</div>
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px;" />
<div class="separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNTrOLiKw1JBiSNz69-k0Cn1GDtOY0BI-aF7e3AUtBzNMCDFAcaD-O-TFl6yJ-eKrAVHtk6-S_-w-ljh858c1efqz_RmTwbbv3HdXFOWGFltKnyFEYsi5bS50JeoAlqkNHTRobajDw2pU/s1600/mis%C3%A9ria1aaa.jpg" imageanchor="1" style="color: #6699cc; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-decoration: none;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNTrOLiKw1JBiSNz69-k0Cn1GDtOY0BI-aF7e3AUtBzNMCDFAcaD-O-TFl6yJ-eKrAVHtk6-S_-w-ljh858c1efqz_RmTwbbv3HdXFOWGFltKnyFEYsi5bS50JeoAlqkNHTRobajDw2pU/s640/mis%C3%A9ria1aaa.jpg" height="640" style="border: none; position: relative;" width="451" /></a></div>
<div class="separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="background-color: white; clear: both; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
Outro radical que em "fenício" está relacionado com “limite de território” é “GBL”. Vejamos o significado nas línguas antigas do Próximo Oriente desta palavra e de palavras foneticamente próximas: a palavra “GB’” em ugarítico significa “colina, altura”; “GBØH” em hebraico antigo é “colina, outeiro, elevação”, o que é basicamente o mesmo. “GBL”, em ugarítico, significa “limite, fronteira; cimo, monte”, e em hebraico antigo é “montanha, fronteira, limite, fazer a divisão, marcar o limite ao redor de”, o que confirma a ideia anterior (dada por “GB’”) e a especifica. Por outro lado “QABAL”, em acádio, significa “ao meio de”, mas há também várias formas foneticamente próximas cujo sentido se relaciona com conflitos: “QABÂLU” em assírio é “afrontar-se com o inimigo, lutar”; “QABLU” em acádio significa “encontrar-se hostilmente, combate”, etc.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
É possível que entre nós tenha sido usado principalmente para designar limites em áreas pouco ocupadas de serra ou campos pobres, mas que eventualmente tenham sido alvo de litígio na sua definição por parte das comunidades vizinhas. Mas isto para já é apenas uma possibilidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
Este radical deu origem a topónimos com “Cavala” e “Cavalo” , “Cavaleiro” e “Cavaleira” e ainda “Carvalho”, “Carvalheiro” e Carvalheira”, e outras palavras próximas<span class="MsoFootnoteReference"> <a href="file:///D:/Etimologia%20revista/topon%C3%ADmia%202012/Fronteiras/Fronteiras%20e%20limites%20de%20territ%C3%B3rio.doc#_ftn1" name="_ftnref1" style="color: #6699cc; text-decoration: none;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">[1]</span></span></a></span>. Verificou-se neste caso uma evolução do “G” original do "fenício", para um “C” do português atual, e num fenómeno comum de aproximação a palavras do português padrão, e a habitual “colagem” a palavras existentes no léxico das populações locais.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px; text-align: justify;">
Embora muitas vezes os topónimos deste grupo correspondam a limites de unidades administrativas atuais, como freguesias, concelhos ou mesmo distritos, eles devem também ter sido usados para designar limites de propriedades comunitárias das aldeias, de pastagens de determinadas comunidades, etc.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20.790000915527344px;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O desenvolvimento destes estudos baseados na interpretação da toponímia com base na língua pré-latina (a que de facto era falada pelo povo que criou os nomes dos sítios) permitirá conhecer muito mais do nosso passado: caminhos, povoações, necrópoles... Está tudo lá, é só preciso saber ler...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<hr size="1" width="33%" />
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/Etimologia%20revista/topon%C3%ADmia%202012/Fronteiras/Fronteiras%20e%20limites%20de%20territ%C3%B3rio.doc#_ftnref1" name="_ftn1" style="color: #6699cc; text-decoration: none;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">[1]</span></span></span></a> - A “Carta Militar de Portugal” na escala de 1: 25 000 regista mais de 200 locais cujo nome é da família de “cavalo”, e da família de “carvalho” tem perto de mil.</div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-10371536609755025122014-06-12T15:14:00.000-07:002014-06-12T15:15:21.953-07:00Como os latinistas escondem a origem fenícia da língua portuguesa<div class="MsoNormal">
A ideia de que o português nasceu de uma língua a que
podemos chamar “fenício” não é nova, apenas tem sido sistematicamente escondida
por latinistas medíocres. Tentam fazer crer que a língua do povo foi esquecida
e que esse mesmo povo (que somos nós) era constituído por uns matarruanos
abrutalhados que não só deixaram de falar a sua língua, como nunca aprenderam a
falar latim devidamente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Contudo ao longo dos tempos muitos intelectuais constataram
o óbvio: a língua que o povo falava antes da conquista romana era uma língua do
grupo semita ocidental, que essa língua sobreviveu e é parte fundamental do
português que falamos. Veja-se o que diz em 1712 D. Raphael Bluteau:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>“(…) Primeiro que
imperassem na Hispânia ao Romanos, é certo, que as duas nações a que chamamos
Castelhana e portuguesa falavam alguma língua, se a língua Fenícia ou
Cartaginesa, se outra composta destas duas, ou misturadas com idiomas de
Gregos, Galos e outros povos adventícios, não o examino nem tenho notícia
suficiente para decidir questão tão intricada como esta.”</b><o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
D. Raphael Bluteau, “Vocabulário Portuguez e Latino” em 1712<o:p></o:p></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-90145785462940900132014-05-22T04:00:00.003-07:002014-12-19T04:02:27.877-08:00O "Farilhão", o "Palheirão" e a sua origem comum<div class="MsoNormal">
Muitas palavras que hoje nos parecem muito diferentes tiveram uma origem comum, mas com a passagem dos séculos e dos milénios sofreram uma evolução divergente de modo que hoje já não é fácil perceber que são o mesmo dito apenas de maneiras diferentes. Para conseguir perceber este fenómeno convém conhecer os fundamentos de evolução fonética entre as línguas antigas do Próximo Oriente e as línguas atuais do sudoeste da Europa (assunto que desenvolvi no meu "A Origem da Língua Portuguesa"), pois sem esse conhecimento será muitas vezes difícil compreender em profundidade a língua portuguesa. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na antiguidade a nossa língua não distinguia os sons "p" e "f", e por isso topónimos como "Palheirão" e "Farilhão" são exatamente o mesmo, embora possa não parecer à primeira vista. Repare-se que...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As rochas junto à costa que estão separadas desta às vezes
poucos metros, e que se mantêm como pequenas ilhas mesmo na maré cheia,
chamam-se no litoral alentejano “palheirão”. A cartografia militar à escala 1:25000
apresenta algumas destas rochas com o nome próprio, mas muitas outras existem,
conhecidas apenas por “palheirão” ou acompanhado do topónimo mais próximo, por
exemplo, “Palheirão da Samouqueira” em Porto Covo. É claro que essas rochas
nunca tiveram palha nem serviram de palheiro, tanto porque não produzem
qualquer tipo de palha, como porque seriam um local totalmente desapropriado
para a guardar. Assim, o “palheirão” da toponímia litoral terá certamente uma
outra origem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4q_hV83Idsy37cu_axIxWJk8Wz6HB1JEQMNeONTiteDIyFn89FQ7eo3Ij4x8Elt9exss6Vgmqr3g8Sd2lmRFHUrtWWATpRgWuRDb4lnQ_u2S7hzQB-vCulnwZIX-fYjBmnrXvIT8xB9U/s1600/Palheir%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4q_hV83Idsy37cu_axIxWJk8Wz6HB1JEQMNeONTiteDIyFn89FQ7eo3Ij4x8Elt9exss6Vgmqr3g8Sd2lmRFHUrtWWATpRgWuRDb4lnQ_u2S7hzQB-vCulnwZIX-fYjBmnrXvIT8xB9U/s1600/Palheir%C3%A3o.jpg" height="253" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas por outro lado um “farelhão” (ou “farilhão”) é
exatamente o mesmo que um “palheirão”: uma pequena ilha, por vezes escarpada,
um rochedo alto no mar. Note-se que se, por exemplo, se
substituir o “p” de “palheirão” por um “f”, tem-se a palavra “falheirão” que é
quase igual a “farelhão”. <o:p></o:p>Convirá dizer que os dicionários geralmente apontam a origem da palavra “farelhão” para o termo grego “phalarós” com o significado de “que está branco de espuma”, o que é despropositado dado que os "palheirões" ou "farilhões" são precisamente locais onde não há espuma.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDOAG_-TcTr33b-dVeyIT0X6zLKRtjRqkzkzzwPmRv-dZCoebuA9SxnJBHbKEyEQ8odYa9hd8QbJ3ciTYLxUw0NQmhVGGZZzPQ5zAgYC66_5Db37co0zRKCZzSCKxcA-KxMXuhdhwiAro/s1600/Farilh%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDOAG_-TcTr33b-dVeyIT0X6zLKRtjRqkzkzzwPmRv-dZCoebuA9SxnJBHbKEyEQ8odYa9hd8QbJ3ciTYLxUw0NQmhVGGZZzPQ5zAgYC66_5Db37co0zRKCZzSCKxcA-KxMXuhdhwiAro/s1600/Farilh%C3%A3o.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A origem do nome de ambas deve provir da raiz “pl” que em
ugarítico significa “fender, rachar” e que se encontra na forma hebraica antiga
“plḥ” com o significado de “abrir-se, atravessar, trespassar, cortar (em
pedaços), rodela, pedaço, fatia, pedra de moinho” (portanto, pedaço de pedra),
e de “rm”, “rôm” ou “rwn” (“plḥ +rm”,
“plḥ +rôm”, ou “plḥ +rwm”), em que , o "rm" significa “altura, ser
alto, elevar-se”. Significaria à letra neste caso “pedaço elevado” ou “pedaço de rocha alto”. </div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Veja-se então, e é esse o objetivo destas linhas, como palavras hoje diferentes como "farilhão" e palheirão" têm exatamente a mesma origem. O mesmo acontece na toponímia em muitas centenas de casos, alguns bem mais difíceis de compreender (ou de explicar), como por exemplo "Grangaço" e "Grão de Aço", "Perna" e "Farinha", etc. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E isto é só o princípio, porque o que há para descobrir é seguramente muito mais que aquilo que já se descobriu. </div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-77007849180565534972014-04-21T10:55:00.000-07:002014-12-19T04:04:00.794-08:00Da "balça" à "silva"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhObcDdJrKpsmARx7yiPalxz3WCeIhiOMeiBvFXtcPpRW0kr2CPuHqlEubRFDgFB8ZHfaV7nkBMpk8t0iEVB5A5VAtNKViBlTJOpZXmqHnhqK71gSWjkwzD-c7pi8d3J900ydSr3GAAHpc/s1600/silva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhObcDdJrKpsmARx7yiPalxz3WCeIhiOMeiBvFXtcPpRW0kr2CPuHqlEubRFDgFB8ZHfaV7nkBMpk8t0iEVB5A5VAtNKViBlTJOpZXmqHnhqK71gSWjkwzD-c7pi8d3J900ydSr3GAAHpc/s1600/silva.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 18.399999618530273px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18.399999618530273px;">Hoje vou explicar uma evolução um pouco mais complicada. Não sei, apeteceu-me sair das coisitas mais banais e evidentes e mostrar aos mais interessados e inteligentes que as coisa quando se investigam a fundo são um pedacinho mais complexas. Mas opto ainda assim por facilitar... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 18.399999618530273px;">Parece-nos que as palavras "balça" e "silva" são bem diferentes. No entanto significam exatamente o mesmo. Uma "silva" é uma "balça", e um "silvado" é um "balseiro". Contudo os latinistas até lhes atribuem origens distintas, dizendo que "balça" teve </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">origem em “balteu”, que significa “cinto,
cintura” (o que parece ser de todo despropositado), e que "silva" nasceu da também latina palavra "silva".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Observem-se
os seguintes elementos: </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>em hebraico antigo “bls” significa “arranhar”; </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>em
acádio “baltu” quer dizer “planta espinhosa”; </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>em latim a nossa ideia de “silva”
é dada pelo termo “rubus”; </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>o termo latino “silva” significa naquela língua
“floresta, mata, bosque”, e está na origem da nossa palavra “selva”. </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Repare-se
ainda que:</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>a palavra “balsa” tem a sequência consonântica “bls”; </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>e que o termo
“silva” tem a sequência consonântica “slb” (b=v),</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>que não é senão uma metátese
da primeira.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em relação ao termo acádio “baltu”, que significa
“planta espinhosa”, será um dos muitos casos de evolução divergente do som “ts”
para os sons independentes “t” e “s”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Portanto, é provável que tenha existido
um antigo termo “blts” que divergiu para as palavras “blt” e bls”. A última
sofreu uma metátese e passou a “slb”: a nossa “silva”. <span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É assim que se pode recuar no conhecimento das línguas para conhecer a sua origem. Mas isto é realmente um pouco mais complexo...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-86978509024677315642014-04-13T13:39:00.000-07:002014-04-13T14:05:24.705-07:00A PIADA QUE TEM A ORIGEM DA "PIADA"<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjRiu4Nu3DCKLlQmjqmktDuw__ONN8evbfRTXNW-MeOqwV79jFTbh1QpqG1Mg4s7RLdF_nshxrQMi2cl1tZQO6vritx0OogTqE1pm7sHPeCMLaTRnkNONAUBk6eboxbgG4lj4rorKv5MA/s1600/PIADA+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjRiu4Nu3DCKLlQmjqmktDuw__ONN8evbfRTXNW-MeOqwV79jFTbh1QpqG1Mg4s7RLdF_nshxrQMi2cl1tZQO6vritx0OogTqE1pm7sHPeCMLaTRnkNONAUBk6eboxbgG4lj4rorKv5MA/s1600/PIADA+1.jpg" height="215" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>A nossa
palavra “piada” tem uma origem pouco comum. Evidentemente que o “pi” inicial
provém do “p’” (ou formas próximas, como “pu”), que significa em fenício “falar,
dizer”; já a parte final da nossa “piada”, o “ada” vem por certo de “ĥadu”, que
em acádio e assírio significa “alegrar-se, alegria, alegre” (ou da forma
equivalente do hebraico antigo – “ḥdh”). Assim a “piada é à letra “falar alegre”. </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>O que aqui tem piada acaba por ser a explicação que usualmente se dá para a origem da palavra "piada": diz-se que se relaciona com o verbo "piar". Mais parece pensamento de passarinho...</b></span></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-14343395262422469552014-04-05T06:55:00.000-07:002014-12-19T04:07:54.802-08:00“Zebral”, “Arca”, “Orca”, “Selada”, “Soldo” e "Anta"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIYbRTmuKhngbEeJzydu23RLKrjcP7sm4uX_nk7Q3CzPji77F-LOBSVOa5mirw6nsg5Lnp18xqdFeGq85lncCR_6vA0oBtKjYYPvapKbisy8B5LwQSOgTPx1f31e32TEsrRjXn8klAt6I/s1600/anta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIYbRTmuKhngbEeJzydu23RLKrjcP7sm4uX_nk7Q3CzPji77F-LOBSVOa5mirw6nsg5Lnp18xqdFeGq85lncCR_6vA0oBtKjYYPvapKbisy8B5LwQSOgTPx1f31e32TEsrRjXn8klAt6I/s1600/anta.jpg" height="198" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Com o desenvolver da investigação que vou realizando sobre a
toponímia de origem fenícia, cada vez mais me vou apercebendo da grande
antiguidade de alguma dela. Já tinha reparado (e escrito) que entre os topónimos de muito
grande antiguidade se podiam referir os da família de “zebro” e de “sobro” (por
exemplo “zebral” e “sobral”) que têm origem no radical fenício "sbr",
que significa "amontoar, fazer um monte". O nome deve ter sido usado
em várias situações em que se criava um monte artificial, e não será necessário
dizer que existe um número anormalmente grande de mamoas<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Zebro1.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
e antas em Portugal que estão em locais conhecidos como "Zebro",
"Zebra", "Sobro", “Sobral”, “Zebral”, etc. Concluo daí que estes
nomes foram criados na época em que as mamoas foram feitas, ou seja
durante o Neolítico e Calcolítico. Por isso o nome se refere ao processo construtivo
- "amontoar, fazer montes", e não à forma existente cuja origem se
desconhece.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Outros topónimos que o povo português ainda hoje usa quando
se refere a antas ou dolmens, bem com às mamoas que por vezes ainda os cobrem, são “orca”
ou “arca”. Têm ambos a mesma origem e foram igualmente criados aquando da
construção desses montes artificiais a que hoje chamamos “mamoas”. Tal como no
caso dos do grupo “zebro” também estes se referem ao processo construtivo, já
que em fenício “Ørk” (pronunciado “ãerk” ou “õerk”) significa também “montar em
camadas, empilhar”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por último existem os topónimos que nasceram dos radicais
fenícios “sll Øth” [sellãete], como “Selada” ou “Soldo”. Este “sellãete”
significa igualmente “cobrir a construção”, “envolver a construção”, “cobrir
amontoando”, etc. Uma investigação simples permite ver que existem antas e
mamoas com nomes dessa família<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Zebro1.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É interessante perceber que em todos os casos os nomes que
criaram os topónimos atuais nasceram do processo de construção, ou pelo menos
foram criados por pessoas que conheciam o processo construtivo: sabiam que
aquelas elevações correspondiam a montes artificiais feitos pelo Homem, o que
só pode ter sucedido a gentes contemporâneas da sua construção ou que ainda usassem o espaço de algum modo. Ora esta
conclusão permite deduzir que se trata de topónimos muito provavelmente criados durante o Neolítico
ou Calcolítico, e portanto que nestas recuadas épocas já por cá se falava esta
língua a que venho a chamar de “fenício”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por último, um dos nomes que ainda hoje se usa para designar
aquelas construções, a “anta”, pode provir de “mat” que significa “morto, cadáver”.
Do ponto de vista fonético é absolutamente normal que o “m” ou o “n” que
existia no início das palavras nas línguas do Próximo Oriente tenham sido entre
nós nasaladas passando a “am” ou “an” (que foneticamente é o mesmo)<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Zebro1.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Portanto do termo fenício “mat”, passou-se a “amt”, e daí à atual pronúncia “anta”.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Compreender a nossa antiga língua permite abrir uma janela
que antes estava fechada…<o:p></o:p></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Zebro1.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - Anoto aqui, como observação marginal, que a palavra
que hoje usamos, "mamoa", existe pela semelhança à "mama",
ou seja, foi criada tendo em conta apenas a sua forma e não o seu conteúdo
interior ou o processo construtivo. É por isso um termo muito mais recente dado
por um observador que só aprecia a forma.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Zebro1.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - Basta por exemplo consultar a “Base de Dados Endovélico”
(em: <a href="http://arqueologia.igespar.pt/?sid=sitios">http://arqueologia.igespar.pt/?sid=sitios</a>)
para verificar a quantidade anormalmente grande de sítios arqueológicos do Neo-Calcolítico
que existem registados com estes nomes.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Fernando%20Almeida/Desktop/Zebro1.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 8.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 8.0pt;"> - É o caso da nosso verbo “andar”, que nasceu do termo
fenício, “ndd” [nade]>[ande], é “marchar, vaguear, mover”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-45953973133791101882014-03-17T14:40:00.000-07:002014-03-17T14:40:15.694-07:00Os “Zebro” e os “Sobro” e as mamoas Neolíticas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoyRxE_-48hKljoB06a_UFSUeLBuKdO3LOI8hm6eW54JkaCGCY5dHM34wShD6NMsN2gRHLB6vxoK4LCdrgyoESRqE8DVLdM7WUw01o6n0hYy0at7FC477PJ_pTagic_tWvo9e-XrTRd4o/s1600/mamoa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoyRxE_-48hKljoB06a_UFSUeLBuKdO3LOI8hm6eW54JkaCGCY5dHM34wShD6NMsN2gRHLB6vxoK4LCdrgyoESRqE8DVLdM7WUw01o6n0hYy0at7FC477PJ_pTagic_tWvo9e-XrTRd4o/s1600/mamoa.jpg" height="214" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
Uma boa parte dos topónimos antigos corresponde a elementos naturais do território, importantes para a localização e orientação dos habitantes da região onde nasceram. Há também nomes de sítios que surgiram de instituições humanas. Estes últimos são de comprovação geralmente difícil, porque muitas vezes não deixaram no território marca física que permita hoje demonstrar a sua origem.<br />
Entre os topónimos de muito grande antiguidade que correspondem a obras do Homem ainda hoje reconhecíveis, vale a pena referir os que têm origem no radical fenício "sbr", que significa "amontoar, fazer um monte". Chegaram a nós após evolução de milhares de anos sobretudo nas formas "sobro" e "zebro", e estão claramente associados a mamoas e antas ou dólmens. É claro que os nomes "sobro" ou "zebro" foram criados no momento em que as construções foram realizadas, ou seja durante o neolítico e calcolítico, e por isso correspondiam ao processo construtivo - "amontoar, fazer montes". Já a palavra que hoje usamos, "mamoa", existe pela semelhança à "mama", ou seja, foi criada tendo em conta apenas a sua forma e não o seu conteúdo interior ou o processo construtivo. É por isso um termo muito mais recente.<br />
Não será necessário dizer que existe um número anormalmente grande de mamoas e antas em Portugal que estão em locais conhecidos como "Zebro", "Zebra", "Sobro", etc.<br />
<div class="MsoNormal">
Este novo conhecimento poderá ajudar os arqueólogos a encontrar
monumentos megalíticos até agora desconhecidos, mas também a detetar as
situações em que antigos monumentos foram completamente arrasados, e deles nada
sobrou a não ser o nome.</div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-90215578975528091502014-03-06T06:07:00.000-08:002014-03-06T06:07:44.771-08:00O "GODEL", O "GODELO" E O "GORDO"<div class="MsoNormal">
Uma grande parte dos topónimos, com o passar do tempo e com
a evolução da língua falada pelo povo, deixaram de ser usados como referências
concretas aos eventos que justificaram o seu nascimento. Desse modo seguiram um
de dois caminhos: alguns evoluíram foneticamente para palavras existentes na
língua em uso; outros mantiveram a fonética próxima da original e passaram
apenas a significar o evento que nomeiam. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Existem abundantíssimos exemplos de cada uma das situações.
Como exemplo da primeira possibilidade podemos tomar o caso de “GRØMDHAZ”, que
inicialmente significou “hospedaria segura” e que evoluiu quer para “Grão de
Aço” quer para “Grandaços”; também o termo “ŠWH” fenício, que significa “ser
plano, estar nivelado, etc.” (e que veio a evoluir para a nossa palavra “chão”),
deu origem a topónimos como “Chã” e “Chão”, mas também a “João”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em outros casos os nomes dos sítios valem por si só, e nem o
povo tenta uma explicação para a sua origem. Chama-se assim, porque assim
sempre se chamou, e isso basta. Esse é o caso do grupo de topónimos “Godel” e “Godelo”
que primeiro vou tratar. Depois falaremos de nomes que evoluem para parecerem
palavras atuais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
J. P. Machado, no seu “Dicionário Onomástico e Etimológico
da Língua Portuguesa” sugere uma origem germânica pata “Godel”, mas não explica
porquê, nem tão pouco qual seria nesse caso o significado da palavra. Evidentemente
que a origem germânica de topónimos portugueses como estes é pura ficção
nascida de uma ideologia europeísta e anti meridional, mas sem o menor
fundamento. Os nossos topónimos de raiz “GDL” provêm de formas fenícias como “gadôl”
ou “godel”, que significam “ser grande em tamanho, em altura, em importância, em
extensão, em riqueza, em poder, etc.”.
Os topónimos desta raiz, como “Godel” e “Godelo” foram frequentemente atribuídos
a formas de relevo que correspondem a serras isoladas na paisagem, conforme se
pode observar nos mapas que se seguem.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Uma possibilidade, por certo mais difícil de compreender,
mas também mais interessante, é a de a sequência “GDL” ter evoluído para “GDR”
por troca entre as líquidas “L” por “R”, e em seguida ter sofrido uma metátese “GDR”
para “GRD”. Dessa evolução terá em muitos casos nascido o topónimo “Gordo”. Há
largas dezenas de “Cabeça Gorda” e de “Cabeço Gordo”, que devem ter nascido por
essa via. De resto, a própria palavra “gordo” pode ter esta origem, e ao
contrário daquilo que geralmente se afirma não ter nascido do “gurdus” latino,
que “estúpido, labrego, grosseiro”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyip9INAUVG0GQeutscJmIkGKvtGNf3gJW2Lvor5P560LLRHyAKRnWxTM97MZmGaqweIE27qtqsblPCwtWenLCfh_CmEEtp4ngWk-aZVuWx5wMZUA67gv0WEFfrZpLrlW82dN_ew2hs4g/s1600/Godel2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyip9INAUVG0GQeutscJmIkGKvtGNf3gJW2Lvor5P560LLRHyAKRnWxTM97MZmGaqweIE27qtqsblPCwtWenLCfh_CmEEtp4ngWk-aZVuWx5wMZUA67gv0WEFfrZpLrlW82dN_ew2hs4g/s1600/Godel2.jpg" height="202" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr5716VASVg-DwxBGKOZBbyzmaNS4eGKQjp2rM7xIGKKQ5D4npYhWFqC-UEVNy3X8Vb1QwFIOd8HFQSGGrWqraZ8FDOEPYNYU66jHgmtECmPxVM-uNA_G-Dl8UhotWmyN9A1P4Qi8BMlA/s1600/godel4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr5716VASVg-DwxBGKOZBbyzmaNS4eGKQjp2rM7xIGKKQ5D4npYhWFqC-UEVNy3X8Vb1QwFIOd8HFQSGGrWqraZ8FDOEPYNYU66jHgmtECmPxVM-uNA_G-Dl8UhotWmyN9A1P4Qi8BMlA/s1600/godel4.jpg" height="150" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFWs2e9NYM-fjVaNn9v6yjs7WNEI9aNIDrB4HWF8BoDkP8EY0RZxXWlq41eaNlrw3bP0A52m_aa1OTJvNiroNwKfnWpa9m2rOewTsJjDMwVHJpbV7sofQzPeInwbW5Mjor1C8mcOaQA5s/s1600/Godel+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFWs2e9NYM-fjVaNn9v6yjs7WNEI9aNIDrB4HWF8BoDkP8EY0RZxXWlq41eaNlrw3bP0A52m_aa1OTJvNiroNwKfnWpa9m2rOewTsJjDMwVHJpbV7sofQzPeInwbW5Mjor1C8mcOaQA5s/s1600/Godel+3.jpg" height="179" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZDtWfjYsoALQmRA2rQXnnExl74cXbgUcwxFEyHsQmjiu8eJh8EdGuM05v-c5IBP_2Qp0iGmrZPbygcA3Aj_hyaDGywNcBsQWe_Ih-x-iP-NIf_mQi_-dWtCOIhnoG9h7GGdRYDBkm1n4/s1600/Godel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZDtWfjYsoALQmRA2rQXnnExl74cXbgUcwxFEyHsQmjiu8eJh8EdGuM05v-c5IBP_2Qp0iGmrZPbygcA3Aj_hyaDGywNcBsQWe_Ih-x-iP-NIf_mQi_-dWtCOIhnoG9h7GGdRYDBkm1n4/s1600/Godel.jpg" height="202" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihHwxuiVZFp28j5nE5C4MnZNJ_xJa7r2sq65yoDRgSY6Y16G-UJP4XYWzS74Eq_t54i433AI9iPHiFk2Tyw2X0W2guZsabB40nSBcxY2aZJcAZf-jxzLTi6G5qcPDm73G-n7m5yALZmNY/s1600/Godelo2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihHwxuiVZFp28j5nE5C4MnZNJ_xJa7r2sq65yoDRgSY6Y16G-UJP4XYWzS74Eq_t54i433AI9iPHiFk2Tyw2X0W2guZsabB40nSBcxY2aZJcAZf-jxzLTi6G5qcPDm73G-n7m5yALZmNY/s1600/Godelo2.jpg" height="189" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFstRY5AeNO-UwtR4Gmz3fXzacE-FuVixc3LjDKo7nRAQ9RNubAj6b_O5zLjGuFJvRHs9hGD0CIlq_83cUhu2_4AdS0QYmqZc2-5NsfIBh46zTb7-lO6U9o4gxXuo-QcxyTp8uQAGFy_M/s1600/Godelo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFstRY5AeNO-UwtR4Gmz3fXzacE-FuVixc3LjDKo7nRAQ9RNubAj6b_O5zLjGuFJvRHs9hGD0CIlq_83cUhu2_4AdS0QYmqZc2-5NsfIBh46zTb7-lO6U9o4gxXuo-QcxyTp8uQAGFy_M/s1600/Godelo.jpg" height="173" style="cursor: move;" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNpquK_NwizrbYqLUZOLUCcPMDKpjpKYX6KcWu1vIsBAB8sZXLytu1txGoc3ZyZ_4vrCrAwzsOLZXrB-lGr0KV3Qd-2l6dTj6RzI742w66JankzNL0FcEqeChPXCNuPUVsU_mQFGuACgs/s1600/Godelo3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNpquK_NwizrbYqLUZOLUCcPMDKpjpKYX6KcWu1vIsBAB8sZXLytu1txGoc3ZyZ_4vrCrAwzsOLZXrB-lGr0KV3Qd-2l6dTj6RzI742w66JankzNL0FcEqeChPXCNuPUVsU_mQFGuACgs/s1600/Godelo3.jpg" height="202" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhojUl1LtuefXrJs0rGk60yK4LK77Rb0BjiGnHxqiq9nqINzFMjV34e8veKPBia2jLJfuuTruzFzHgBNQ-33KT_x-M2aDl_uv8DG9ZnmT7wschNZKDCY4pDlDO1ib3J3RXdF0Qe_WUS6Pc/s1600/gorda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhojUl1LtuefXrJs0rGk60yK4LK77Rb0BjiGnHxqiq9nqINzFMjV34e8veKPBia2jLJfuuTruzFzHgBNQ-33KT_x-M2aDl_uv8DG9ZnmT7wschNZKDCY4pDlDO1ib3J3RXdF0Qe_WUS6Pc/s1600/gorda.jpg" height="222" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-63253223701160972312014-02-09T09:04:00.003-08:002014-02-09T09:12:49.168-08:00OS QUEIJOS, OS COXOS E OS LIMITES DA TERRA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW3bxNK3KuhP-6AZZPbuPv8l4iftDPA0GWu1Eef__aCrLsH9vQdL_lNZjaCdYtuu_c1uc588mVz9vyGvr1UkqiArwmX8P9qZo1Kxdro5vImllMvhp_n-29_WtTL5oG_t5D4MBsmvNvMXA/s1600/castelo+do+queijo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW3bxNK3KuhP-6AZZPbuPv8l4iftDPA0GWu1Eef__aCrLsH9vQdL_lNZjaCdYtuu_c1uc588mVz9vyGvr1UkqiArwmX8P9qZo1Kxdro5vImllMvhp_n-29_WtTL5oG_t5D4MBsmvNvMXA/s1600/castelo+do+queijo.jpg" height="250" width="320" /></a></div>
Alguém se lembrou de dizer que o “Castelo do Queijo” teria
sido construído sobre uma rocha que parecia um queijo, e a coisa pegou. Hoje a “explicação
oficial” para a origem do nome “Castelo do Queijo”, partilhada pelo povo e por
alguma intelectualidade, é essa: “existiu no lugar onde está a fortaleza um
rochedo que parecia mesmo um belo queijo”.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No entanto… na verdade este “queijo” do “Castelo do Queijo” deve ter
nascido de “qṣ” ou “qṣh”, que em ugarítico e em hebraico antigo (portanto, de
um modo genérico naquela língua a que costumo chamar de “fenício”), significa
“extremo, borda, limite, margem, etc.”. O nome foi dado ao local pelo facto de
aquele local ser o “limite, a borda, a margem”. Do mesmo radical “qṣ” ou “qṣh”
nasceu o “Cochinho”, no Algarve, que não é mais que “qṣhim” ou “qṣim” (“im” é
mar) que significa “limite ou borda do mar”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUagDIo1o9r5THLI4PUNTnHBAQrshM6h4Ar23LB4OJciMXB02l3KDOpmenNQ2Hm3lalnTtithdlxlqJkD5ptClfJX0fXr95UHXMDHZLNYZVp8VfscaIChzzcl-yxca8PaOBG_UMWK0Kqk/s1600/cochinho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUagDIo1o9r5THLI4PUNTnHBAQrshM6h4Ar23LB4OJciMXB02l3KDOpmenNQ2Hm3lalnTtithdlxlqJkD5ptClfJX0fXr95UHXMDHZLNYZVp8VfscaIChzzcl-yxca8PaOBG_UMWK0Kqk/s1600/cochinho.jpg" height="171" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">(repare-se que em terra há um forte que se chama "Forte da Rata". "Rata" em fenício é "canal", e o "Forte da Rata" é o "Forte do Canal")</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
Moisés Espírito Santo no seu “Cinco Mil Anos de Cultura a
Oeste” apresenta para esta mesma situação o topónimo “Cós”, da região de Alcobaça,
local hoje afastado do mar, mas que segundo este autor, no passado, terá sido
um porto fenício. Existem muitos outros topónimos que incluem o som “QS” e se
referem ao limite de qualquer coisa. Temos o “Cosinhadouro”, a “Questã”, “Cochim”,
“Cachim”, “Caxinas”…</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1wROVFigwk2RvxFdD8jK1vL9i_qDk4gWo19lWgOMXz_YWcKYinoEmjUIUWI8AKerPwvUczex9Vz9pQDUyj0kG0PMSOq2dDiRWymg7D0NoXtPij3h-nWOfZkPVsHJQ051S49BDvDMQTT0/s1600/caxinas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1wROVFigwk2RvxFdD8jK1vL9i_qDk4gWo19lWgOMXz_YWcKYinoEmjUIUWI8AKerPwvUczex9Vz9pQDUyj0kG0PMSOq2dDiRWymg7D0NoXtPij3h-nWOfZkPVsHJQ051S49BDvDMQTT0/s1600/caxinas.jpg" height="202" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Mas este som “QS” não deu só origem a topónimos. A nossa
palavra “costa” (quando se refere ao território) também é um termo de origem fenícia que deve provir de “qṣt’h”
[qassetôâ], em que “t’h” significa “traçar uma linha, demarcar”, e “qṣh” quer
dizer “extremidade, fim, limite, margem, borda, beira, lado”. Portanto a nossa “costa”
já inclui a ideia de “traçar uma linha”, e assim, quando dizemos “linha de
costa” estamos na prática a usar a ideia de “linha” duas vezes.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbtZYSaFH5ki58F4ZAslgkoeS602GCmirCjNqV7DzVSn5x-sy6rXSQQyDMKZAehaFOPhr2djgaf18ipveG51inXz4SFsMAa20l4bEqlVZwVTsUGB1CO42gd2rsDcWXnZD3FPMnC1VCaEY/s1600/Quest%C3%A3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbtZYSaFH5ki58F4ZAslgkoeS602GCmirCjNqV7DzVSn5x-sy6rXSQQyDMKZAehaFOPhr2djgaf18ipveG51inXz4SFsMAa20l4bEqlVZwVTsUGB1CO42gd2rsDcWXnZD3FPMnC1VCaEY/s1600/Quest%C3%A3.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Já agora, não continuem a pensar que os “Queijo” da toponímia
tem relação com comida, que o “Cochinho” da barra de Tavira nasceu de um
desgraçado a quem faltava uma perna, ou outros disparates do mesmo tipo. Os
topónimos não nascem assim. Para os compreender é preciso comhecer a língua em
que foram criados. O resto é imaginação popular.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3621629221073336101.post-33972840694080843412014-02-06T11:24:00.003-08:002014-02-06T11:29:05.827-08:00Sobre a origem de alguns nomes de divindades gregas.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDWKpP4NXEmkZo0xYBWLD2rwI7pwfKEowbSMqnhysQhB1cJJO4ATUfkDQDKNSZeetZBSHTPpjK1UCdp89qCcKpHTh9lpx3k3MnuRYLs8Oe6lED360TsFunbUKDKZli8vZtiHNcIVnCTlA/s1600/afrodite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDWKpP4NXEmkZo0xYBWLD2rwI7pwfKEowbSMqnhysQhB1cJJO4ATUfkDQDKNSZeetZBSHTPpjK1UCdp89qCcKpHTh9lpx3k3MnuRYLs8Oe6lED360TsFunbUKDKZli8vZtiHNcIVnCTlA/s1600/afrodite.jpg" height="320" width="242" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="text-align: justify;">A obcecação europeísta e antissemita,
que criou a construção teórica do “indo-europeu”, tem impedido a compreensão de
que a bacia do Mediterrâneo foi uma unidade cultural e linguística contínua, e
não um espaço de confronto de civilizações com origens distintas. Essa grande
comunidade cultural primitiva nasceu da grande difusão civilizacional que foi a
diáspora neolítica dos povos do Médio Oriente que, pouco a pouco, foram
ocupando terras de bom potencial agrícola até essa época sem ocupação humana
permanente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Imbuídos dessa ideologia fomos ignorando
que há muito de comum entre as sociedades, línguas e culturas do Médio Oriente
e as de vastas áreas do Mediterrâneo, procurando pelo contrário no interior do continente
europeu a origem das culturas Mediterrâneas do sul da Europa. É evidente para
quem se detenha a pensar, mesmo que brevemente, sobre a evolução aquilo a que
chamamos de “civilização”, que a Europa esteve durante muitos milénios a uma enorme
distância cultural e tecnológica do Médio Oriente. Já existiam povoados de grandes
dimensões a que alguns chamam de cidades naquela região, e na maior parte da
Europa ainda se vivia da caça e da recoleção. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Esta realidade vai ainda hoje sendo
o mais possível ocultada pelos países do norte (os mesmos que “inventaram” a
ideologia do “indo-europeu”) procurando criar um “berço” da civilização na
Grécia antiga, como se ela mesma não fosse apenas uma extensão natural da
civilização Médio-Oriental. Daí que mesmo ao nível do nome dos seus deuses… há
coisas muito curiosas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Hera</span></b>, na
mitologia grega é irmã e esposa de Zeus e rege a fidelidade conjugal, e pode
ostentar na mão uma romã, símbolo da fertilidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Hera (fertilidade) – o nome da
deusa deve ter nascido da sua característica de propiciar a fecundidade.
Repare-se que “hr” [êr] ou “hry” [êri] em ugarítico, “hrh” [êrê] em hebraico
antigo, bem como “eru” em acádio, significa “conceber, engravidar”. Não tem
certamente relação com a ideia de “ar” (em grego “aer”). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Héstia</span></b> é a
deusa grega do lar e dos laços familiares, simbolizada pelo fogo doméstico. É
em torno da fogueira que se junta a família, e por isso o fogo do lar é símbolo
da união da família.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Héstia (o fogo doméstico) – por
certo o nome tem relação próxima com o “išt” ugarítico, que significa
precisamente “fogo”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Deméter</span></b> é a
deusa grega da destruição, mas também da agricultura, da terra cultivada, das
colheitas, das estações do ano, e em particular do trigo. Hoje pode parecer
algo contraditório a mesma deusa propiciar a destruição e as colheitas, mas
para a compreender convém relacioná-la com os ciclos da natureza e das
sementeiras: estações do ano, a sementeira (“morte” da semente no interior da
terra e o seu renascimento) e as colheitas. Parece ter relação com a “Inanna”
suméria, que originou a “Ishtar” acádia, assíria e babilónica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Deméter ou Demetra (mãe da destruição e da
agricultura) – do acádio “damtu”, destruição. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Hedone</span></b> é um
“daemon” feminino (uma divindade grega do tipo “génio”), filha de Eros e Psique,
que se relaciona com o desejo sexual e com o prazer. O nome latino equivalente é
“dæmon”, que veio a dar origem ao “demónio” português. A evolução do
significado do nome – de “deusa do desejo e prazer” para “demónio”, fonte de
todos os males – corresponde à diabolização da própria sexualidade que acabou
por ocorrer na Igreja Católica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Hedone (desejo, prazer) – o termo
“<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>dnh”
[edêne] em hebraico antigo significa precisamente “prazer, desejo”. A palavra
próxima “<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>dn”, em hebraico antigo significa “viver em delícias, regalias”,
veio a dar o nosso “eden” (o paraíso).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Selene</span></b> é a
lua, mas também a deusa do amanhecer. É a deusa da luz que combate a escuridão
da noite. Tem como equivalente romana a deusa “Luna”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Selene (lua) – de “ṣhl” que em hebraico antigo
e ugarítico significa “resplandecer, fazer brilhar” (tal como o “sélas” grego).
Talvez que também de “lin” (hebraico antigo) ou “ln” (ugarítico) que significa “passar
a noite, pernoitar”. Portanto “ṣhllin” – “resplandecer da noite”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Apolo</span></b> era filho
de Zeus e Leto, e irmão gémeo de Ártemis. Parece que era conhecido na Grécia
como Apollon, e para os romanos era Apollo. Entre os etruscos era conhecido por
Apulu ou Aplu. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Apolo (o mais influente dos
filhos de Zeus) – Certamente com relação próxima ao acádio “aplu”, com o
significado de “filho herdeiro”, ou do assírio “aplu” com o significado de
“filho”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Afrodite</span></b> é a
deusa do amor, beleza e sexualidade. É a equivalente grega à deusa Venus
romana. Por vezes associa-se indevidamente a origem do nome a “aphros”, que significa
"espuma", traduzindo-o como "erguida da espuma".<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
– Afrodite (deusa do amor, da
beleza e sexualidade) – provável relação com “iôpi”, “i<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>p” ou “i<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>ph”,
“iph” (em todos os casos o “p” pode ser lido “f”), termos que significam
“beleza, resplendor, mostrar-se radiante, tornar-se belo”. Também existe a
possibilidade de o final da palavra, o “dite” provir de “dd”, que em ugarítico
significa “amor, amado, amante”, mas também “seios” (na forma assíria é “did” e
na hebraica “dd”). Por outro lado “<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>rih” é “nudez, estar nua”. Assim pode
admitir-se a forma composta “iph<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ø</span>rihdid” com o significado de “amante bela
nua”. Parece-me apenas possível. Mas ainda assim será uma hipótese de trabalho
mais interessante que a usualmente referida “aphros” (espuma).<o:p></o:p></div>
Fernandohttp://www.blogger.com/profile/08910224352045944690noreply@blogger.com1