segunda-feira, 19 de março de 2012

O nome "Beja" e as tontices que se dizem

Têm-se gasto tempo e tinta sem conta a escrever tontices sobre a origem e significado da palavra "Beja". Está bom de ver que o nome nada tem que ver com a "Pax Julia" dos romanos, muito embora estes lhe tenham chamado assim. Também nós chamámos "Nova Lisboa" a uma cidade de Angola que foi edificada num sítio chamado "Huambo", e assim que deixámos o local o velho nome regressou em pleno. Os nomes são tenazes e os povos conservadores no seu uso... Está bom de ver que a cidade alentejana se chamava "Beja" muito antes de as sandálias dos invasores terem pisado a planície do Baixo Alentejo. Partindo os romanos, o nome, que por certo nunca deixou de ser usado pelo povo autóctone, voltou a ser designação oficial e a constar dos escritos.
Tem a sua graça a origem do nome, porque na Tunísia há também uma "Bèja", e o nome tem evidentemente a mesma origem.
Vamos a isso: "Beja" tem origem na palavra fenícia "bej" ou "bex", que significa genericamente "lama, lodo", e que neste caso foi aplicado aos famosos "barros negros e férteis de Beja". Veja-se agora o que diz a página da Wikipedia sobre a "Bèja" tunisina:
Caractéristiques des sols de Béja, le vertisol, sol très fertile, est riche en argile contenant une couche d'oxyde d'aluminium enserrée par deux couches de tétraèdres de silice. Ces sols se forment dans les régions où les climats présentent de grandes différences saisonnières et sont alternativement saturés en eau en hiver puis desséchés en été. En gonflant et se rétractant en fonction de leur teneur en eau, les feuillets des argiles piègent un peu de matière organique si bien que ces sols argileux très caractéristiques sont noirs[8]. Hérodote attirait déjà l'attention sur ce type de sol[9]. Cette fertilité du sol de Béja est légendaire(...). »

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Trabalho

TRABALHO

É clássica a afirmação de que a palavra “trabalho” viria de “trabalhar”, e este verbo teria origem numa hipotética palavra latina “tripaliãre”, que significa “torturar com tripãliu”, este derivado de “tripãlis”, que é um objecto de tortura formado por três paus”.

A palavra “b’l” significa “fazer” em ugarítico, e a expressão correspondente em hebraico antigo é “pøl” (pãel), que significa “fazer, trabalhar, realizar”, ou “trabalho, obra, recompensa, salário”. É sabido de muitas outras situações que o “b” e o “p” são duas representações gráficas distintas de um mesmo som indistinguível, por isso trata-se apenas de duas representações gráficas diferentes de uma mesma palavra que devia significar trabalho mas no sentido de “atividade remunerada”. O início da palavra deve ser “eţeru”, que em acádio significa “pagar, economizar”, ou “itrh” que significa “economias” em hebraico antigo. Após a queda da vogal inicial teremos a forma “trh b’l”, que significa “trabalho pago”, ou algo de muito semelhante. Por isso ainda hoje há uma certa associação entre a remuneração da atividade e o facto de lhe chamar trabalho. Dizemos por exemplo que as domésticas não trabalham, porque não executam atividade remunerada, e não porque não façam nada…

quinta-feira, 15 de março de 2012

Rasgar novos caminhos no conhecimento da origem da língua portuguesa

O conhecimento passa por fases de rotura, em que se alteram alguns dos seus paradigmas, e por outras de continuidade, em que se desenvolvem de forma sistemática esses novos princípios.

O que vos vou propor é a rotura com o conhecimento geralmente aceite no domínio da origem da língua portuguesa, e essa rotura terá inevitavelmente reflexos em vastos domínios do conhecimento. Mas para sair do conhecimento universalmente aceite e enveredar por caminhos novos é preciso coragem. Às vezes o “rei vai nu” mas custa ser o primeiro a afirmá-lo.

Tem sido aceite de bom grado que é impossível determinar qual a língua falada pelos povos da península Ibérica antes da invasão romana, e desse modo atribuiu-se ao latim a origem de quase todas as palavras do vocabulário português. Quando não se encontravam objetivamente raízes latinas para a palavra, dizia-se que era “latim popular” ou que proviria de uma “forma hipotética”. Exemplifico para que melhor se compreenda a situação a que se chegou. Temos em português o verbo “abalar” usado no sentido de “executar uma deslocação”. Como não havia em latim uma raiz aceitável para essa palavra, inventou-se uma: diz-se que “abalar” deve ter tido origem numa forma hipotética latina “advallãre”. E pronto, dito e redito mil vezes passou a ser verdade inquestionável. Mas… “advallãre” efetivamente nunca existiu, e se tivesse existido significaria “lançar-se num vale, ao fundo”, o que, convenhamos, não tem jeito nenhum. Por outro lado existe em fenício a forma “abalu”, que significa “levar, trazer, carregar”, palavra que é obviamente muito melhor candidata a origem no nosso verbo “abalar”. Casos como este são às centenas...

Da reapreciação da etimologia do português, da análise da toponímia, da compreensão de muitas lendas populares e mesmo da decifração da escrita do sudoeste, pode concluir-se com segurança que a língua do povo que foi invadido pelos romanos era uma língua muito próxima do ugarítico, do acádio, do assírio ou do hebraico antigo. Entender a origem das palavras, o significado dos topónimos ou das lendas e decifrar a escrita do sudoeste é o trabalho de que dou conta, mas que está apenas no início.

Os mais capazes vão perceber esta mudança de princípio em pouco tempo; outros demorarão mais algum tempo, terão dificuldade em aceitar o novo pensamento por uma questão de princípio; mas os muitos que defendem o conhecimento oficial, seja ele qual for, e independentemente de critérios de razão, continuarão agarrados ao que sempre se disse como se de religião se tratasse.

terça-feira, 6 de março de 2012

Documentários a língua portuguesa

Vou iniciar a publicação de um conjunto de documentários simples sobre os assuntos que também abordo neste blog: língua portuguesa e sua origem; toponímia e o seu significado; lendas e sua compreensão; Escrita do SW e sua decifração. O primeiro, coisinha de apresentação sem grande graça, está em:

http://www.youtube.com/user/fernaalmeida?feature=mhee#p/u/0/7AlJKteibhM