Todos nos questionamos de quando em quando sobre a origem do nome de certos sítios. Normalmente parecem coisas absolutamente disparatadas, ou nós, armados da nossa melhor boa vontade e imaginação criativa, inventamos uma justificação mais ou menos esfarrapada para o nome. Diremos que "Malavado" é nome dado a um local onde em tempos morou um homem de higiene duvidosa, que "Roncão" se chama assim porque alguém ressonava, ou que "Ruivo" era terra de gente de cabelo ruivo... Claro que pensando bem...
"Malavado" (mas também "Mal Lavada", "Malvado", etc.) resultam da expressão fenícia "mal av ad", que significa "poço de águas que transbordam"; "Roncão" é "rwn kwn", e significa "permanente no alto", e deve ter-se referido a construções permanentes (de pedra ou taipa, e não choças de ramos); já "ruivo" deve referir-se a pastagens em áreas baixas e húmidas, porque "reiu bes" significa "pastagem em local baixo"...
Assim, (re)descobrir o significado da toponímia ganha um valor antes insuspeitado, porque podemos agora redescobrir o local onde passavam as estradas (as "Sevilha", "Savelha" mesmo "Sé Velha", mas também "Cebola" (no fenício b=v, como de resto no Norte de Portugal), mas também os topónimos iniciados por "alc", como "Alcaide", "Alcalá", etc.
Todo um novo mundo se abre ao investigador depois de saber como funcionava a antiga língua popular.
Sem comentários:
Enviar um comentário