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segunda-feira, 17 de março de 2014

Os “Zebro” e os “Sobro” e as mamoas Neolíticas


Uma boa parte dos topónimos antigos corresponde a elementos naturais do território, importantes para a localização e orientação dos habitantes da região onde nasceram. Há também nomes de sítios que surgiram de instituições humanas. Estes últimos são de comprovação geralmente difícil, porque muitas vezes não deixaram no território marca física que permita hoje demonstrar a sua origem.
Entre os topónimos de muito grande antiguidade que correspondem a obras do Homem ainda hoje reconhecíveis, vale a pena referir os que têm origem no radical fenício "sbr", que significa "amontoar, fazer um monte". Chegaram a nós após evolução de milhares de anos sobretudo nas formas "sobro" e "zebro", e estão claramente associados a mamoas e antas ou dólmens. É claro que os nomes "sobro" ou "zebro" foram criados no momento em que as construções foram realizadas, ou seja durante o neolítico e calcolítico, e por isso correspondiam ao processo construtivo - "amontoar, fazer montes". Já a palavra que hoje usamos, "mamoa", existe pela semelhança à "mama", ou seja, foi criada tendo em conta  apenas a sua forma  e não o seu conteúdo interior ou o processo construtivo. É por isso um termo muito mais recente.
Não será necessário dizer que existe um número anormalmente grande de mamoas e antas em Portugal que estão em locais conhecidos como "Zebro", "Zebra", "Sobro", etc.
Este novo conhecimento poderá ajudar os arqueólogos a encontrar monumentos megalíticos até agora desconhecidos, mas também a detetar as situações em que antigos monumentos foram completamente arrasados, e deles nada sobrou a não ser o nome.

sábado, 28 de dezembro de 2013

As charnecas em Portugal e no Brasil


Os nossos dicionários geralmente incluem a palavra “charneca” num grupo de palavras que classificam como sendo “de origem obscura”.  Estas palavras ditas “de origem obscura” são quase sempre de origem fenícia, e não é necessário muito esforço para encontrar essa mesma origem. No caso da “charneca” existe uma característica que aparentemente complica a compreensão da sua etimologia: em Portugal as “charneca” são quase sempre terrenos arenosos, pobres e secos, enquanto no Brasil correspondem a terras pantanosas e alagadiças. Alguns vêm nesta diferença uma contradição estranha e inexplicável,  porque julgam que a origem do nome está diretamente relacionada com as características físicas da terra.
De facto o nome não nasceu da maior ou menor secura do terreno, mas antes da característica de se tratar de “terra sem dono”. Etimologicamente a nossa “charneca” teve origem em “ṣeru”, que em acádio e assírio significa “planície, campo, estepe”. A este radical, que originou o início da palavra, juntou-se um outro, o “nqh”, que significa “ser livre, estar isento”. Assim, a nossa palavra “charneca” nasceu da forma “sernqh” e desta ideia de “terreno sem dono”, “terra livre”, “estepe ou campo livre”, o que pelo menos em certo período tanto se aplicava aos terrenos arenosos e pobres de Portugal, como a terrenos pantanosos do Brasil.

Carta n.º 603 dos S.C.E. na esc. 1:25000

Curiosamente existem na toponímia portuguesa marcas da apropriação dessas terras que em tempos foram “livres”. Em várias situações os topónimos “sesmaria” (ou “sismaria”) e “charneca” ainda hoje são muito próximos. Observem-se os exemplos que junto.


Carta n.º 555 dos S.C.E. na esc. 1:25000