domingo, 26 de janeiro de 2014

O Indo-Europeu e o Homem de Piltdown


O "homem de Piltsdown”, foi um fóssil “descoberto” em 1912 no Reino Unido e anunciado ao mundo como o fóssil do hominídeo que fazia a transição entre o macaco e o Homem. De algum modo provava ou pelo menos sugeria que o Ser Humano, a vida inteligente, tinha começado em terras de “Sua Majestade”. Este achado teve grande impacto na época e abafou mesmo descobertas sérias como a do Australopithecus africanus. Como poderia ser possível que a vida inteligente não tivesse começado em Inglaterra? Como se poderia aceitar que sua majestade descendesse dos africanos?
Contudo a descoberta foi desmascarada em 1953, quando os cientistas do museu e da Universidade de Oxford revelaram que o “homem de Piltdown” era falso. Suspeita-se que a mandíbula e o canino eram de um orangotango e foram colocadas junto ao crânio de um humano moderno. A verdade é como o azeite: acaba sempre por vir à tona!


O Indo-Europeu teve um nascimento com motivações semelhantes. Como se poderia aceitar que as línguas da Europa, as línguas das nações mais poderosas do mundo, tivessem nascido no Médio-Oriente? Jamais! Os nossos pais linguísticos e culturais não poderiam vir do sul, semitas, sabe-se lá se mesmo judeus!!! Por outro lado era bom associar o inglês às línguas das antigas elites indianas: se o sânscrito e i inglês eram parentes, estava justificado o direito ancestral dos ingleses ao domínio da Índia.
Os factos contudo mostram que as línguas do leste do Mediterrâneo antecedem e certamente deram origem às restantes do mundo ocidental. É verdade que em sânscrito  sarpaḥ significa “serpente”, e `que a raiz “serpe” é comum a muitas línguas europeias modernas com o significado de “serpente”, mas … em fenício “srp” também significa “serpente”. O mesmo acontece com muitas outras palavra com as quais se tenta demonstrar a existência de um ramo humano linguístico e cultural “indo-europeu”.
De facto não existe qualquer evidência histórica, arqueológica, ou mesmo genética desta construção teórica e ideológica a que se chamou “indo-europeu”, e por isso é melhor começar a repensar a questão com seriedade e espírito científico.

A verdade é como o azeite, mas às vezes demora algum tempo a vir à tona. 

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