segunda-feira, 21 de abril de 2014

Da "balça" à "silva"


Hoje vou explicar uma evolução um pouco mais complicada. Não sei, apeteceu-me sair das coisitas mais banais e evidentes e mostrar aos mais interessados e inteligentes que as coisa quando se investigam a fundo são um pedacinho mais complexas. Mas opto ainda assim por facilitar...  
Parece-nos que as palavras "balça" e "silva" são bem diferentes. No entanto significam exatamente o mesmo. Uma "silva" é uma "balça", e um "silvado" é um "balseiro". Contudo os latinistas até lhes atribuem origens distintas, dizendo que "balça" teve origem em “balteu”, que significa “cinto, cintura” (o que parece ser de todo despropositado), e que "silva" nasceu da também latina palavra "silva".

Observem-se os seguintes elementos: 

em hebraico antigo “bls” significa “arranhar”; 
em acádio “baltu” quer dizer “planta espinhosa”; 

em latim a nossa ideia de “silva” é dada pelo termo “rubus”; 
o termo latino “silva” significa naquela língua “floresta, mata, bosque”, e está na origem da nossa palavra “selva”. 

Repare-se ainda que:

a palavra “balsa” tem a sequência consonântica “bls”; 
e que o termo “silva” tem a sequência consonântica “slb” (b=v),
que não é senão uma metátese da primeira.

Em relação ao termo acádio “baltu”, que significa “planta espinhosa”, será um dos muitos casos de evolução divergente do som “ts” para os sons independentes “t” e “s”. 
Portanto, é provável que tenha existido um antigo termo “blts” que divergiu para as palavras “blt” e bls”. A última sofreu uma metátese e passou a “slb”: a nossa “silva”. 

É assim que se pode recuar no conhecimento das línguas para conhecer a sua origem. Mas isto é realmente um pouco mais complexo...

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