Muitas palavras que hoje nos parecem muito diferentes tiveram uma origem comum, mas com a passagem dos séculos e dos milénios sofreram uma evolução divergente de modo que hoje já não é fácil perceber que são o mesmo dito apenas de maneiras diferentes. Para conseguir perceber este fenómeno convém conhecer os fundamentos de evolução fonética entre as línguas antigas do Próximo Oriente e as línguas atuais do sudoeste da Europa (assunto que desenvolvi no meu "A Origem da Língua Portuguesa"), pois sem esse conhecimento será muitas vezes difícil compreender em profundidade a língua portuguesa.
Na antiguidade a nossa língua não distinguia os sons "p" e "f", e por isso topónimos como "Palheirão" e "Farilhão" são exatamente o mesmo, embora possa não parecer à primeira vista. Repare-se que...
As rochas junto à costa que estão separadas desta às vezes
poucos metros, e que se mantêm como pequenas ilhas mesmo na maré cheia,
chamam-se no litoral alentejano “palheirão”. A cartografia militar à escala 1:25000
apresenta algumas destas rochas com o nome próprio, mas muitas outras existem,
conhecidas apenas por “palheirão” ou acompanhado do topónimo mais próximo, por
exemplo, “Palheirão da Samouqueira” em Porto Covo. É claro que essas rochas
nunca tiveram palha nem serviram de palheiro, tanto porque não produzem
qualquer tipo de palha, como porque seriam um local totalmente desapropriado
para a guardar. Assim, o “palheirão” da toponímia litoral terá certamente uma
outra origem.
Mas por outro lado um “farelhão” (ou “farilhão”) é
exatamente o mesmo que um “palheirão”: uma pequena ilha, por vezes escarpada,
um rochedo alto no mar. Note-se que se, por exemplo, se
substituir o “p” de “palheirão” por um “f”, tem-se a palavra “falheirão” que é
quase igual a “farelhão”. Convirá dizer que os dicionários geralmente apontam a origem da palavra “farelhão” para o termo grego “phalarós” com o significado de “que está branco de espuma”, o que é despropositado dado que os "palheirões" ou "farilhões" são precisamente locais onde não há espuma.
A origem do nome de ambas deve provir da raiz “pl” que em
ugarítico significa “fender, rachar” e que se encontra na forma hebraica antiga
“plḥ” com o significado de “abrir-se, atravessar, trespassar, cortar (em
pedaços), rodela, pedaço, fatia, pedra de moinho” (portanto, pedaço de pedra),
e de “rm”, “rôm” ou “rwn” (“plḥ +rm”,
“plḥ +rôm”, ou “plḥ +rwm”), em que , o "rm" significa “altura, ser
alto, elevar-se”. Significaria à letra neste caso “pedaço elevado” ou “pedaço de rocha alto”.
Veja-se então, e é esse o objetivo destas linhas, como palavras hoje diferentes como "farilhão" e palheirão" têm exatamente a mesma origem. O mesmo acontece na toponímia em muitas centenas de casos, alguns bem mais difíceis de compreender (ou de explicar), como por exemplo "Grangaço" e "Grão de Aço", "Perna" e "Farinha", etc.
E isto é só o princípio, porque o que há para descobrir é seguramente muito mais que aquilo que já se descobriu.
Caro Fernando Almeida , aqui está a provável longínqua(mas , pelos vistos , presente...) origem do antagonismo contra a História real dos nossos Antepassados , pelos "dônos" e Manipuladôrs da História ...
ResponderEliminarhttp://www.phoenicia.org/exterminatecanaanites.html
Parabéns pelo seu livro .Já comprei duas edições .A primeira foi-me roubada junto com outros pertences preciosos , mas felizmente havia ainda livros na Biblioteca de Odemira .
Cumprimentos LusiTânos !