A ideia de que o português nasceu de uma língua a que
podemos chamar “fenício” não é nova, apenas tem sido sistematicamente escondida
por latinistas medíocres. Tentam fazer crer que a língua do povo foi esquecida
e que esse mesmo povo (que somos nós) era constituído por uns matarruanos
abrutalhados que não só deixaram de falar a sua língua, como nunca aprenderam a
falar latim devidamente.
Contudo ao longo dos tempos muitos intelectuais constataram
o óbvio: a língua que o povo falava antes da conquista romana era uma língua do
grupo semita ocidental, que essa língua sobreviveu e é parte fundamental do
português que falamos. Veja-se o que diz em 1712 D. Raphael Bluteau:
“(…) Primeiro que
imperassem na Hispânia ao Romanos, é certo, que as duas nações a que chamamos
Castelhana e portuguesa falavam alguma língua, se a língua Fenícia ou
Cartaginesa, se outra composta destas duas, ou misturadas com idiomas de
Gregos, Galos e outros povos adventícios, não o examino nem tenho notícia
suficiente para decidir questão tão intricada como esta.”
D. Raphael Bluteau, “Vocabulário Portuguez e Latino” em 1712
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