No entanto… na verdade este “queijo” do “Castelo do Queijo” deve ter
nascido de “qṣ” ou “qṣh”, que em ugarítico e em hebraico antigo (portanto, de
um modo genérico naquela língua a que costumo chamar de “fenício”), significa
“extremo, borda, limite, margem, etc.”. O nome foi dado ao local pelo facto de
aquele local ser o “limite, a borda, a margem”. Do mesmo radical “qṣ” ou “qṣh”
nasceu o “Cochinho”, no Algarve, que não é mais que “qṣhim” ou “qṣim” (“im” é
mar) que significa “limite ou borda do mar”.
(repare-se que em terra há um forte que se chama "Forte da Rata". "Rata" em fenício é "canal", e o "Forte da Rata" é o "Forte do Canal") |
Moisés Espírito Santo no seu “Cinco Mil Anos de Cultura a
Oeste” apresenta para esta mesma situação o topónimo “Cós”, da região de Alcobaça,
local hoje afastado do mar, mas que segundo este autor, no passado, terá sido
um porto fenício. Existem muitos outros topónimos que incluem o som “QS” e se
referem ao limite de qualquer coisa. Temos o “Cosinhadouro”, a “Questã”, “Cochim”,
“Cachim”, “Caxinas”…
Mas este som “QS” não deu só origem a topónimos. A nossa
palavra “costa” (quando se refere ao território) também é um termo de origem fenícia que deve provir de “qṣt’h”
[qassetôâ], em que “t’h” significa “traçar uma linha, demarcar”, e “qṣh” quer
dizer “extremidade, fim, limite, margem, borda, beira, lado”. Portanto a nossa “costa”
já inclui a ideia de “traçar uma linha”, e assim, quando dizemos “linha de
costa” estamos na prática a usar a ideia de “linha” duas vezes.
Já agora, não continuem a pensar que os “Queijo” da toponímia
tem relação com comida, que o “Cochinho” da barra de Tavira nasceu de um
desgraçado a quem faltava uma perna, ou outros disparates do mesmo tipo. Os
topónimos não nascem assim. Para os compreender é preciso comhecer a língua em
que foram criados. O resto é imaginação popular.
Sempre lebrar que os israelitas estavam na europa oriental (Askenazis) e ocidental(sefarditas) desde as primeiras dispersões do povo hebreu pelo mundo, agravando-se na época do dominio romano sobre Israel até o 1ºs. séculos da era cristã. Após, com o advento da inquisição, se dispersaram pelo norte da África (Marrocos) e América do Sul, principalmente o Brasil. São milhões de descendentes de Abraão que perderam suas tradições mas preservam muitos costumes e nomes relacionados ao passado de suas origens há mais de 20 séculos.
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