domingo, 25 de agosto de 2013

Para o povo, o "poder" são eles

Pois é, para o nosso povo, quem exerce o poder, são "eles". É como de outra gente se tratasse, de estrangeiros ou algo semelhante. E isso, assim de repente, parece estranho. Porquê? Por que motivo há entre nós este distanciamento tão profundo entre o povo e as elites que ocupam o poder?

Antes do mais porque são realmente pessoas diferentes.  A mobilidde social em Portugal é anormalmente baixa, o que significa que quem nasce numa família pobre será sempre pobre ou na melhor das hipóteses, remediado, mas quem nasce nas famílias do poder (que são sempre as mesmas) deve manter-se na esfera da riqueza e poder político para sempre. Essa relação íntima entre riqueza e poder político, complementou-se durante séculos com a ligação à Igreja e à universidade. As elites políticas e as elites religiosas eram filhas do mesmo pai e da mesma mãe.  O Mestre da ordem religiosa era irmão do Duque; o Bispo era parente do Conde... Depois disso, quando a universidade passa a entrar em cena, fá-lo em latim, que é de certa forma a sua "língua natural". Muitas das elites são ainda descendentes da aristocracia romana, o latim é a língua da Igreja... Usar palavras latinas é sinal de prestígio, de superioridade, é distânciamento em relação ao povo, daquele povo que fala outra língua, a língua dos que foram derrotados e escravizados pelos romanos. Poder (civil, religioso, militar), universidade e latim são, aos olhos do povo, farinha do mesmo saco.

Mais importante ainda, povo (mesmo nesta democracia em que vivemos) não se sente representado por quem exerce o poder, porque efectivamente quem exerce o poder não é do povo e não quer resolver os problemas do povo.

O mesmo se irá passar em outros países em que o poder foi colonial. Fala-se de Angola e da relação que as elites têm com o povo. Não será uma réplica do modelo colonial português, que por sua vez já é uma réplica do modelo colonial romano?

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